Duelos de gigantes

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A sociedade mundial vem passando por grandes abalos econômicos, sociais e políticos nestes últimos meses, que estão impactando toda a comunidade internacional. O crescimento das políticas protecionistas adotada pelos governos, onde destacamos o tarifaço adotado pelo governo estadunidense, impactando sobre países de todas as regiões do mundo, gerando fortes constrangimentos econômicos e produtivos nas nações parceiras e aliadas e países mais distantes, com visões ideológicas diferentes e sem alinhamento político com os Estados Unidos.

Neste momento, o que nos chama a atenção é o confronto entre as duas maiores economias do mundo, China e Estados Unidos. Este confronto econômico e político deve nortear as discussões estratégicas nos próximos anos, quem sabe décadas, que devem estimular medidas protecionistas variadas para angariar espaço e vantagens na economia internacional.

De um lado, encontramos uma nação que vem perdendo espaço no cenário global, caracterizada como a mais relevante do ambiente internacional no século passado. Nesta época, os Estados Unidas da América se caracterizaram como a maior economia do mundo, detentora do maior setor indústria e bélico, responsável pela emissão da moeda referência dos setores comercial e financeiro, responsável pelos maiores investimentos científicos e tecnológicos do mundo e dona da classe média vista como referência global.

Do outro lado encontramos uma nação milenar, detentora de uma das maiores populações do globo, responsável por um feito histórico da sociedade mundial, a única nação do mundo que conseguiu retirar da pobreza extrema mais de 800 milhões de pessoas num período de quarenta anos. Uma nação que se transformou rapidamente, com fortes investimentos em ciência, pesquisa e tecnologia, se transformando na indústria do mundo e transformando toda sua estrutura produtiva, com forte planejamento estatal e empresas referências na economia mundial.

Neste confronto, os estadunidenses tentaram impedir a comercialização de semicondutores, os chamados chips, para seu maior competidor, impedindo que as grandes empresas norte-americanas vendessem este produto para os produtores chineses, desta forma, sem este produto, os asiáticos não conseguiriam construir o seu setor produtivo global, fragilizando seu setor industrial e obrigando-os a aceitar as exigências do governo dos Estados Unidos. Para infelicidade dos estadunidenses, o governo chinês canalizou grandes investimentos para as áreas científica e tecnológica, fortalecendo a produção local, garantindo sua soberania política e fomentando sua autonomia econômica.

Em contrapartida, recentemente, os chineses passaram a limitar as exportações das chamadas terras raras para os Estados Unidos, já que a China detém mais de 80% da produção global, gerando grandes preocupações para os setores de tecnologia e de defesa, afinal, estas terras raras são minerais estratégicos que entram na cadeia global dos setores de alta tecnologia.

Neste duelo de gigantes, cada um dos lados busca arregimentar nações parceiras, ganhando musculatura para enfrentar o confronto do século e angariar novas alianças e novos espaços de comércio e integração produtiva. Neste cenário, marcado por um conflito desta envergadura, não podemos esquecer a possibilidade, ainda real, de um conflito militar entre estas potências que, com certeza, podem inviabilizar a vida humana no planeta Terra, uma guerra fratricida desta proporção, pode destruir a humanidade, o que seria um risco gigantesco e   uma possibilidade real, ainda mais sabendo que, nos últimos anos, a incivilidade e a crueldade vem dominando a sociedade global.

Ary Ramos da Silva Júnior, bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.

 

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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