As transformações econômicas e geopolíticas em curso na sociedade internacional estão alterando todas as estruturas sociais e políticas, gerando novos movimentos protecionistas, aumentando a concorrência entre os atores econômicos, incrementando os conflitos militares e ameaças de guerras constantes, levando nações desenvolvidas a aumentarem as pressões econômicas e políticas, com ameaças de uso de forças e movimentos geopolíticos que podem gerar novos constrangimentos no cenário global.
Neste momento, percebemos que a América Latina vem ganhando espaço nas discussões geopolíticas internacionais, onde os grandes atores políticos globais estão aumentando as pressões econômicas, buscando uma aproximação geopolítica como forma de dominar as variadas riquezas minerais da região, com isso, objetivando garantir acesso aos recursos naturais que caracterizam a América Latina, cuja história mostra, claramente, uma região que se caracterizou pela extração de recursos que sempre serviram de espaço de acumulação para os países ricos, riquezas estas que contribuíram imensamente para financiar os setores industriais europeus e deixando, para os povos nativos, rastros de exploração, degradação e corrupção.
Desde a colonização latino-americana, os países da região foram fortemente dominados pelas potências hegemônicas, interessadas em suas variadas riquezas naturais, inicialmente seus colonizadores originais, Portugal e Espanha, depois a Inglaterra, pioneira da Revolução Industrial, cujas riquezas extraídas da região impulsionaram o desenvolvimento do setor Industrial, fazendo com que os ingleses dominassem a sociedade global até o começo do século XX.
Posteriormente, depois da segunda guerra mundial, os Estados Unidos da América assumiram a hegemonia global e passaram a fortalecer seu poder na América Latina, cuja dominação começou com a chamada Doutrina Monroe, onde os norte-americanos passaram a dominar as mentes e os corações das elites locais, expandindo seu poderio econômico, trazendo empresas multinacionais, gerando empregos, difundindo os filmes de Hollywood e a visão de mundo estadunidense, exportando o modelo fordista e taylorista e garantindo ganhos substanciais para suas corporações.
No começo do século XXI, depois dos atentados terroristas, os norte-americanos se afastaram da América Latina e fincaram os pés nos países do Oriente Médio, levando guerras, violências e destruições constantes. Neste momento, os espaços passaram a ser ocupados por outras nações, aumentando o comércio e a integração entre a China e os países da região, levando os chineses a se tornarem o maior parceiro comercial da América Latina, comprando empresas, aumentando os investimentos externos e gerando novos focos de ciúme e preocupação geopolíticas, levando o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, a dizer: “Vamos recuperar nosso quintal.
Neste ambiente, conseguimos compreender a relevância da América latina no mundo contemporâneo, as nações desenvolvidas buscam na região novos espaços de acumulação, explorar as riquezas naturais e enriquecer uma pequena parte da população e deixando rastros de desigualdade e devastação. Essa situação de pilhagem constante sempre existiu na região, a exploração externa faz parte da trajetória dos países da América Latina e, ao mesmo tempo, precisamos destacar o papel das elites econômicas internas destes países, que sempre se associaram com os exploradores externos, se transformando em sócios secundários desta exploração, restringindo os espaços de desenvolvimento nacional, cultuando valores dos exploradores, defendendo hipocritamente interesses externos, levantando bandeiras externas e acreditando verdadeiramente serem nacionalistas e democratas.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.

