Vivemos momentos de grandes conflagrações na sociedade internacional, com repercussões em todas as nações, gerando confrontos, violências generalizadas, crescimento dos movimentos migratórios, conflitos políticos, impasses econômicos, guerras comerciais e tarifárias, aumento substancial dos gastos militares, violências verbais e muitas inverdades travestidas em narrativas que aumentam as incertezas, os medos e a desesperança.
Neste cenário, percebemos que as instituições internacionais, criadas no pós segunda guerra mundial, vem sendo destruídas sistematicamente todos os dias, agressões ás leis internacionais em prol dos interesses das nações mais desenvolvidas, conflitos militares crescem diuturnamente, gerando mais instabilidades e o crescimento constante daquilo que chamamos de individualismo e a diminuição da solidariedade humana entre os povos, onde cada nação busca seus interesses imediatos, seus ganhos monetários ou políticos, olhando apenas para seus interesses, deixando de lado outros países, outros povos, outras culturas e seus interesses imediatos, desta forma, não é difícil percebermos o aumento dos conflitos militares, o incremento dos dispêndios militares e o incremento da cultura da destruição, da violência e da devastação da natureza como forma de garantir ganhos imediatos e se esquecendo dos efeitos devastadores do longo prazo.
Neste cenário de incertezas e instabilidades crescentes, percebemos uma escalada militar entre nações, países que sempre se caracterizaram pelo pacifismo estão canalizando grandes recursos orçamentários para alavancar a defesa interna. A Europa é um exemplo cabal da insanidade militar, inicialmente criam uma ameaça externa para justificar seus gastos militares e, ao mesmo tempo, reduzir seus dispêndios nas políticas públicas exitosas que sempre garantiram na sociedade uma qualidade de vida maior para seu povo, estas políticas públicas exitosas estão na mira dos governantes e, usam a ameaça externa para legitimar a redução dos gastos sociais e, em contrapartida, defender os elevados gastos militares que beneficiam poucos grupos privilegiados.
A conjuntura mundial está envolta em grandes volatilidades e incertezas crescentes que trazem benefícios para os grupos detentores do capital financeiro internacional, são eles que constroem a agenda econômica das nações, elegem os congressistas, conseguem passar matérias que geram grandes privilégios e isenções fiscais e tributárias, usam seu lobby para evitar a tributação dos grupos mais abastados, exigem redução dos repasses monetários para as políticas públicas e, ao mesmo tempo, exigem somas altíssimas para rolar a dívida das nações, como percebemos no caso brasileiro que, com uma taxa de juros estratosférica, Selic 15%, exigem uma transferência de quase 1 trilhão de reais da sociedade para o bolso dos rentistas, dos herdeiros e dos financistas, defensores da falácia da meritocracia.
No caso brasileiro, percebemos uma conjuntura interessante e muito atípica, de um lado percebemos uma gritaria geral falando do descontrole inflacionário, que atingiu 4,73% ao ano nos últimos dois anos, mesmo sabendo que nos últimos quatro anos a inflação ficou na casa do 6,17% e abaixo da média dos últimos trinta anos (6,5% ao ano). O desemprego está na casa dos 6,6% no primeiro semestre, a informalidade caiu para 37,9%, menor na série histórica iniciada em 2015. A desigualdade de renda medida no índice de Gini foi a mais baixa no ano passado e o crescimento econômico gira em torno de 3% ao ano e, mesmo assim, percebemos que para os donos do dinheiro a conjuntura econômica é sempre desastrosa e usam seus poderes para degradar as condições econômicas e eleger seus apaniguados.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Univ