Vivemos numa sociedade internacional marcada por uma verdadeira bagunça generalizada, marcada por interesses mesquinhos, políticas protecionistas em excesso, intervenções em outras nações, incremento dos subsídios nacionais, crescimento de um falso nacionalismo, aumento de mentiras e muitas bravatas que espalham volatilidades, incertezas e instabilidades em todos os cantos da economia mundial.
Este cenário leva as nações a buscarem novos espaços de comércio exterior e integração econômica, buscando fortalecer seus sistemas econômico e produtivo, diversificando seus parceiros comerciais, investindo fortemente em novos modelos de negócios para diversificar sua pauta de comércio internacional, reduzindo a dependência externa, num mundo, cada vez mais integrado e interdependente, onde as instabilidades se espalham para toda a cadeia produtiva, impactando sobre todas as nações e gerando riscos crescentes, tudo isso afugenta os investimentos produtivos e alimenta uma financeirização da economia mundial, aumentando os ganhos dos mais ricos e degradando, os mais pobres, culminando na piora da distribuição de renda das nações.
Neste momento, destacamos uma grande bagunça internacional, países atacam outras nações e iniciam guerras fratricidas com milhares de mortes, meio ambiente degradado e florestas sendo devastadas para expandir seus setores agrícolas, regras internacionais construídas no pós segunda guerra estão sendo deixadas de lado, instituições multilaterais perderam espaço e relevância, onde podemos destacar a Organização das Nações Unidas (ONU), instituição criada para estimular ambiente de solidariedade entre países, cujo poder está cada vez mais reduzido, sem voz e sem relevância global.
Na contemporaneidade, percebemos movimentos globais para fragilizar as moedas nacionais e fortalecer as criptomoedas, reduzindo o poder das Autoridades Monetárias, limitando a capacidade de intervenção dos governos nacionais, desta forma, percebemos o crescimento do poder dos atores privados e dos grandes grupos financeiros internacionais, que garantem o incremento de recursos dos grandes fundos de investimentos e seus congêneres, os grandes conglomerados de informação e de tecnologias, as chamadas Big Techs.
Nesta bagunça generalizada, percebemos ataques crescentes a democracia liberal, onde grandes grupos econômicos e financeiros, dotados de poderes monetários inimagináveis, dispendem grandes recursos para eleger seus políticos de estimação, que servem para colocar em pauta seus interesses mesquinhos e imediatos, seus ganhos estratosféricos e servem ainda, para garantir e perpetuar os seus privilégios e suas isenções fiscais e tributárias, se afastando das necessidades básicas da população e contribuindo para criminalizar a política, o Estado e a Democracia, além de perpetuar as iniquidades.
Neste momento, marcado por uma bagunça generalizada, percebemos que a maior economia do mundo vem aplicando tarifas escorchantes para todos os seus parceiros comerciais, elevando tarifas comerciais e gerando impactos para todos os setores produtivos, aumentando os preços internos e a inflação, elevando as incertezas, espalhando rastros de instabilidades, além de desemprego, informalidade e desesperança.
A elevação das tarifas comerciais dos EUA vislumbrava a atração de novos investimentos internacionais, o incremento do emprego interno e a melhora na renda agregada dos trabalhadores norte-americanos, mas essas políticas unilaterais tendem a criar novos constrangimentos, aumento dos preços e instabilidades crescentes da economia. Num mundo de incertezas, como o atual, medidas unilaterais contribuem para o crescimento da bagunça generalizada e nos mostra que, num mundo integrado, interdependente e multilateral, precisamos construir consensos e não destruir seus semelhantes.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.