A economia brasileira vem padecendo de baixo crescimento econômico desde meados dos anos 1980, depois de forte crescimento da estrutura produtiva nas décadas anteriores, o país perdeu o dinamismo, perdeu espaços na economia internacional, fragilizando sua estrutura industrial, mergulhando em taxas elevadas de inflação e que culminaram em políticas de estabilização, austeridade fiscal, baixo crescimento econômico e incremento da desigualdade social, com aumento da exclusão social, com crescimento das drogas e a explosão da violência em todas as regiões, vide a Cracolândia que cresce de forma acelerada, gerando desafios e prescindem de políticas públicas planejadas e organizadas.
Vivemos numa sociedade altamente integrada, onde as estruturas econômicas e produtivas estão interligadas, o crescimento tecnológico está moldando uma nova sociedade, com novos modelos de negócios, centrados nas novas plataformas de comunicação, novos instrumentos de marketing, com o incremento da inteligência artificial, das biotecnologias, demandando profissionais altamente capacitados, flexíveis, dinâmicos, dotados de inteligência emocional e fortemente engajados nos desafios que crescem cotidianamente, vide os desafios criados com o surgimento do ChatGPT, que estão transformando setores e exigindo uma constante atualização.
Neste ambiente, percebemos que a economia brasileira vem demonstrando melhoras constantes, embora acreditemos que os avanços sejam tímidos, uma sensível redução dos combustíveis, com taxas de inflação demostrando sinais claros de redução sistemática, a moeda nacional apresentou forte valorização, atraindo moedas externas, impactando sobre os preços internos e um incremento da renda dos trabalhadores.
Destacamos ainda, os avanços da reforma tributária, que surgem para simplificar os impostos, além dos avanços do arcabouço fiscal, uma medida tão aguardado pelo chamado mercado e foram bem vistos pelos donos do dinheiro, com isso, percebemos que os índices de confiança da economia nacional apresentaram números positivos, com aumento dos investimentos externos e as tratativas de novos investimentos, que estão em alta crescente e as perspectivas se apresentam positivas, vide as investidas de empresas chinesas que estão buscando o mercado brasileiro, inicialmente no setor automobilístico e eletroeletrônico e, posteriormente, outros setores econômicos, demonstrando que o país está voltando para os círculos de investimentos internacionais, depois de anos de escassez de recursos externos e pouco investimento produtivo, aonde recebíamos apenas grandes levas de investimentos financeiros que vinham para angariar ganhos com nossa taxa de juros escorchantes.
Neste momento, percebemos que existe uma reconfiguração do poder global, estamos percebendo o nascimento de um mundo multipolar, onde os eixos econômicos estão saindo das nações desenvolvidas ocidentais para os países asiáticos, que ganharam novas estruturas econômicas e produtivas, passaram a competir com as nações ocidentais e passaram a ganhar espaço na nova configuração da economia internacional, marcada por forte concorrência externa, grandes investimentos em ciência e tecnologia, maciços dispêndios nos setores educacionais e melhora na estrutura produtiva, saindo de nações exportadoras de produtos primários de baixo valor agregado para uma estrutura mais tecnológica, centradas em produtos industrializados e dotadas de mercadorias de alto valor agregado.
Numa economia altamente concorrencial, marcada pelos fortes investimentos em tecnologia, educação e inovação, onde os Estados Nacionais usam todos os instrumentos para fomentar seus setores econômicos e produtivos, como estamos vendo nos países desenvolvidos que despejam trilhões de dólares para fortalecer seus setores produtivos, faz-se necessário que as economias estejam estabilizadas, estimulando a confiança e a credibilidade, para atrair novos investimentos internos e externos, desta forma, percebemos que a melhora econômica da economia brasileira pode abrir novos horizontes para investimentos e melhorar o ambiente de negócio, deixando de ser vistos como um pária internacional e retomando um lugar de destaque no cenário internacional.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Circular, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no Jornal Diário da Região, Caderno Economia, 26/07/2023.