Carta Mensal – Dezembro 2022

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O último mês do ano de 2022 foi marcado por grandes discussões referentes ao novo governo, a formação dos ministérios, as secretarias e as pessoas que participariam da nova gestão a partir de janeiro de 2023. Foi um momento de grandes conversas e discussões que visavam a construção de um governo de coalizão, com inúmeros partidos políticos, com variados grupos sociais, com agendas variadas, visando a chamada a governabilidade.

Neste momento, os olhos estavam voltados a definição da equipe econômica, as pessoas que seriam responsáveis pela condução da política econômica, onde os jornalistas destacavam como seria a nova âncora fiscal do novo governo, quais as medidas que seriam implementadas para reverter os indicadores econômicos herdados do governo Jair Bolsonaro. Depois de grandes conversações foram alçados ao posto maior da economia brasileira o professor Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, ex-prefeito de São Paulo e ex-candidato à presidência da República de 2018. A escolha foi marcada por grandes críticas e aplausos da mídia corporativa, de um lado, ligados aos donos do capital, ressaltavam a pouca experiência no cargo e o fato de Haddad não ser visto como um economista original, sua formação contempla uma formação em Direito, Economia e Filosofia. De outros, mais progressistas, a escolha de Haddad foi positiva, com muitos elogios e visto como uma pessoa responsável fiscalmente, sensível socialmente e dotado de grande capacidade de conversação política.

Neste mês de dezembro foram escolhidos todos os 37 ministros, com nomes conhecidos, como Marina Silva (Meio Ambiente), Simone Tebet (Planejamento), Margareth Menezes (Cultura), Carlos Luppi (Previdência), Luiz Marinho (Trabalho), Wellington Dias (Desenvolvimento , Silvio Almeida (Direitos Humanos), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), Ana Moser (Esporte), Esther Dweck (Gestão), Nísia Trindade (Saúde), Camilo Santana (Educação), Márcio França (Portos e Aeroportos), Mauro Vieira (Relações Exteriores), José Múcio Monteiro (Defesa), dentre outros.

Destacamos um governo de coalizão com vários partidos políticos, setores do PSD foram contemplados, União Brasil, PSB, PT, PC do B, Rede Sustentabilidade, dentre outros. Neste momento, percebemos que vivemos de grandes desafios políticos, a democracia brasileira está sendo, novamente, testada, tudo como forma de construirmos uma governabilidade, que é fundamental para que o governo consiga impor uma agenda de grandes transformações para a sociedade brasileira, marcada por grandes destruições nas mais variadas áreas e setores, desde a educação, da saúde, das políticas públicas, da infraestrutura, da cultura, uma verdadeira destruição que precisa ser reconstruída urgentemente.

Destacamos ainda, as movimentações dos grupos bolsonaristas, que desde o final do segundo turno, se concentraram na frente dos quartéis como forma de pressionar as forças armadas a atuarem diretamente para reverter os resultados das urnas, um movimento antidemocrático, organizado e financiado por setores que ganharam grandes recursos no governo de Bolsonaro, visto como “patriotas” e defensores do “povo” brasileiro, uma grande falácia, centrada numa narrativa enviesada e pouco convincente. Neste período, percebemos que os setores das Forças Armadas atuaram, indiretamente, para impedir a remoção destes movimentos das portas dos quartéis, gerando fortes constrangimentos na sociedade e levando os setores militares perderam uma parte substancial da respeitabilidade na sociedade brasileira.

O mês de dezembro de 2022 não foi apenas marcado pela formação do novo governo brasileiro, destacamos alguns fenômenos que devemos comentar e deixar como um instrumento de registro na Carta Mensal/2022. Dentre elas, destacamos a Copa do Mundo do Catar, que muitos acreditavam na vitória da seleção de Tite, depois de alguns jogos pouco envolventes e vitórias fracas e descritas como magras, a seleção brasileira foi, novamente, desclassificada pela Croácia, dando adeus ao sonho de nos tornarmos a primeira nação a ser seis vezes campeã, amargando, ainda, o título de nossos irmãos argentinos, que se tornaram tricampeões depois de uma final eletrizante com os franceses. Parabéns aos Argentinos!!!

Dois outros fenômenos marcaram o mês de dezembro de 2022, ou melhor, duas mortes que entraram para história mundial, de um lado, os brasileiros e todos os fãs do futebol se despedem da Edson Nascimento, o Pelé, o maior jogador de todos os tempos. A história de Pelé é imprescindível para compreendermos o futebol brasileiro, o drible, os lances, os ritmos e a leveza. O mundo perde a morte do maior jogador de futebol de todos os tempos, único que parou uma guerra, responsável por transformar o Santos, um time do interior do estado de São Paulo, um dos times mais conhecidos de todos os tempos e tornar o Estádio de Vila Belmiro o templo do futebol mundial durante algumas décadas.

O ano terminou com o passamento do Papa emérito Bento XVI, depois de 95 anos e um legado que tende a gerar grandes reflexões sobre o futuro do Cristianismo, o primeiro papa na história do cristianismo a renunciar, diante disso, vivemos um momento de repensarmos as questões religiosas, momentos de valores novos, pensamentos novos, comportamentos novos, vivemos num momento de grandes incertezas e instabilidades, onde não sabemos para onde estamos indo…. infelizmente!

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Comportamental, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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