Neste momento de grandes inquietações e preocupações com relação aos rumos da sociedade brasileira, percebemos que vivemos momentos de escolhas fundamentais, ideias de nação diferentes que opõem princípios e valores que geram receios e fortes indagações para o futuro da nação.
Vivemos momentos de escolhas difíceis que geram medos e preocupações, de um lado percebemos discursos de um grupo político que busca uma redução do Estado na economia, visto como uma forma de impulsionar as atividades produtivas, acreditando que o mercado é o grande gerador de crescimento econômico e a busca pelo desenvolvimento, gerando bem-estar social e melhorias das condições da população, garantindo empregos, salários e novas perspectivas para um ambiente marcado por grandes transformações. Defendendo mais privatização, mais concorrência, menor regulação e menor burocracia, acreditando que o mercado é o setor mais consistente para a construção do tão chamado desenvolvimento econômico.
Do outro lado, encontramos uma forma de enxergar a sociedade, embora acredite que estas visões não sejam antagônicas, acredito que são visões diferentes, onde esta corrente acredita que o processo de desenvolvimento prescinde do Estado Nacional, agente fundamental para construir o planejamento, formular as estratégias para garantir a melhoria e o bem-estar social da população. Nesta visão, o Estado deve incentivar o aumento da renda da comunidade, garantindo mais oportunidade para a população, garantindo empregos e melhora da renda, instrumentos fundamentais para angariarmos melhoras sociais e a empregabilidade.
Esta discussão vem ganhando espaço na sociedade brasileira desde a redemocratização, colocando em campos opostos grupos políticos que se enfrentam na contemporaneidade, representados pelo presidente atual e um ex-presidente, onde devemos destacar os indicadores econômicos, as performances e suas heranças como instrumento de tomada de decisão.
Para piorar as escolhas eleitorais precisamos acrescentar uma pitada de discussões desnecessárias e agressões constantes, discursos de ódios e de ressentimentos, além de políticas centradas em mentiras, as chamadas Fake News, e ataques verbais, onde percebemos o baixo nível das conversações, onde cada grupo usa sua retórica para devastar os opositores, com isso, percebemos o crescimento de discursos oportunistas, agressivos e carregados de ressentimentos.
Destacamos ainda, as agressões e ataques relacionadas as questões religiosas, gerando destruição de imagens, discursos agressivos estimulados por representantes religiosos que fomentam as agressividades, gerando um ambiente de confrontos e conflitos que podem criar constrangimentos e violências no decorrer do pleito e, principalmente, nos momentos finais das eleições, onde os grupos perdedores podem incorrer em convulsões, agressividades e ressentimentos.
O mês de setembro de 2022 foi marcado por grandes inquietações políticas, as eleições poderiam culminar num momento de exaltação na democracia brasileira, momento fundamental da consolidação das instituições nacionais, mostrando para a comunidade internacional que a sociedade brasileira estava madura e consciente da necessidade e importância dos avanços democráticos.
Setembro de 2002 nos trouxe a comemoração dos 200 anos da independência, um momento central da história nacional, mas infelizmente, as comemorações foram abortadas em prol de discursos eleitorais, carregados de ressentimentos, agressões e violências verbais, com isso, percebemos que caminhamos para uma eleição sem propostas, sem discussões relevantes e sem rumo para enfrentarmos os anos vindouros e perpetuando um futuro preocupante.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Comportamental, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.