O comércio internacional sempre foi visto, na história da humanidade, como um dos mais ativos instrumentos de enriquecimento das nações, auxiliando na inserção dos países, levando os governos das mais variadas matizes ideológicas a criarem estratégias mais consistentes, políticas efetivas para alavancar suas estruturas econômicas, visando angariar novos mercados, com acumulação de recursos monetários e auxiliando na construção do desenvolvimento dos países, um sonho acalentado para todas as comunidades desde os primórdios da civilização.
Com o incremento da globalização econômica, com impactos variados para todas as regiões da sociedade internacional, uns países ganharam mais e outros, os ganhos foram menores. Nesta competição, percebemos um grande consenso internacional entre os especialistas, que as economias asiáticas foram as grandes ganhadoras, países como o Japão, a Coréia do Sul e a China, se transformaram num polo de forte crescimento econômico, aumentando seus espaços no comércio internacional, angariando recursos monetários, consolidando empresas e conglomerados econômicos, transformando a região que movimenta a economia internacional, despertando protecionismos, estimulando conflitos econômicos, políticos e geopolíticos, que podem culminar em confrontos militares que podem gerar fortes constrangimentos para a comunidade internacional.
A ascensão de um modelo econômico diferente daquele preconizado pelos países ocidentais vem despertando novas narrativas, novos embates e o crescimento de estudos comparativos que buscam compreender e analisar as trajetórias do desenvolvimento econômico das nações. Neste cenário, percebemos o nascimento de um mundo multipolar, com novas oportunidades, novas perspectivas de negócios e novas estratégias de inserção na economia global.
Neste momento, percebemos os grandes projetos de investimentos preconizados pela economia chinesa, a chamada Rota da Seda, que abarca mais de 140 países, um ambicioso projeto de fortes investimentos em infraestrutura global, criando espaços de comércio internacional, fortalecendo laços de integração econômica e produtiva, além de estimular novos horizontes econômicos para as nações, alavancando as regiões e contribuindo para a melhora da economia global.
Destacamos ainda, as novas negociações internacionais que nascem com a ascensão das economias asiáticas, com novos modelos econômicos, que trazem novos horizontes e novos consensos, além de novos acordos comerciais, revitalizando os canais de financiamento, contribuindo com a abertura de novos espaços para outras moedas e novos instrumentos monetários e financeiros. Mesmo percebendo que essas negociações internacionais demandam algum tempo e novas estratégias e planejamentos globais, percebemos que o fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como o “banco dos Brics” que tendem a construir novas oportunidades de negócios com outras moedas, dinamizando essas nações e diminuindo as negociações com a moeda norte-americana. Destacamos ainda, o papel dos EUA impondo sanções econômicas e financeiras para a Rússia, sua exclusão do Sistema Swift gerou incertezas e instabilidades, levando muitas nações a se preocuparem que poderiam ser as próximas nações sancionadas, levando-as a buscarem alternativas ao dólar.
Neste cenário, as nações estão reconfigurando seu papel na economia internacional, buscando a inserção em novos espaços de comércio mundial, mas para isso, faz-se necessário compreender o que queremos nos próximos anos, se queremos ser produtores de produtos de baixo valor agregado ou se almejamos construirmos novos horizontes para sua sociedade, sonhando com uma posição de destaque mundial ou continuaremos com uma soberania limitada, dependente de outras nações e se continuaremos como colônia de novas metrópoles. Mas, para trilharmos novos caminhos será fundamental escolhermos novos cenários, reduzindo os conflitos internos que crescem a algumas décadas e as polarizações políticas que destroem as bases da comunidade, com incremento das violências, dos medos e das desesperanças. Neste momento, precisamos profissionalizar nosso comércio internacional ou perpetuamos nossa dependência e subserviência externa.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no jornal Diário da Região, Caderno Economia, 26/04/2023.