Vivemos numa sociedade marcada por grandes contradições sociais, econômicas e políticas, nesta sociedade nos afogamos no consumo de produtos e mercadorias desnecessárias e supérfluas, gastamos fortunas monetárias para resolvermos problemas de nossa saúde física contraídas na busca crescente pelo entesouramento material, desenvolvemos produtos de alta complexidade tecnológica e não nos incomodamos quando concidadãos vivem na miséria e na indignidade e neste cenário de concorrência constante, criticamos o comportamento social centrado na busca frenética pela acumulação financeira e estimulamos uma postura marcada pelo individualismo e pelo imediatismo que dominam a sociedade contemporânea, transformando comportamentos e costumes cotidianos.
Neste momento marcado pelo predomínio das redes sociais e das mídias digitais, os indivíduos se apresentam socialmente como detentores de uma vida perfeita, corpos esculturais e cheios de curvas sensuais, neste ambiente, as pessoas mostram suas virtudes físicas e intelectuais e, ao mesmo tempo, escondem uma realidade que apresenta grandes doses de desequilíbrios emocionais, recorrendo a usos constantes de antidepressivos, calmantes e ansiolíticos, como forma de combater desajustes estruturais da sociedade, evitando as tristezas e as desesperanças.
Neste ambiente de constante competição, onde os valores são analisados pelos resultados imediatos, os ganhos monetários e financeiros ganham espaço, as empresas impõem metas mirabolantes, a concorrência no mercado de trabalho cresce de forma acelerada, transformando colegas de trabalho em verdadeiros competidores cruéis, onde os valores éticos e morais são deixados de lado e, muitas vezes, amigos perdem suas amizades e seus sentimentos de fraternidade são substituídos por mágoas, rancores e ressentimentos.
Recentemente, presenciamos a chamada COP 30, um espaço de discussões internacionais, onde o centro das conversas e reflexões estavam no Meio Ambiente, no clima, nas florestas e na temperatura do Planeta Terra, onde encontramos variados grupos políticos se digladiando para se eximir das responsabilidades climáticas. Neste encontro, percebemos grupos poderosos negando as transformações climáticas, estimulando a degradação ambiental e defendendo os modelos econômicos dominantes, se esquecendo das consequências funestas que estão impactando todas as nações, principalmente os países subdesenvolvidos.
Neste cenário de grandes problemas e desafios crescentes, percebemos movimentos negacionistas que ganham relevância na sociedade global, vistos como salvadores da pátria, por uma parte significativa da sociedade, responsáveis por propostas superficiais e limitadas, que postergam propostas estruturais e impedem a solução definitiva dos grandes problemas contemporâneos. Na verdade, devemos analisar profundamente e investigar com seriedade se estes grupos querem resolver realmente os problemas ou se alimentam destes desequilíbrios?
Falamos constantemente em segurança pública, acreditando que este tema é um dos maiores problemas nacionais, para resolver esse imbróglio vendem ilusões constantes e simplificadas: aumento do encarceramento, aumento das chacinas policiais, fomentando a compra de armas da população, endurecimento das penas em cadeias dominadas por grupos criminosos, dentre outras inúmeras medidas que sempre foram adotadas e os resultados são sempre os mesmos, aumento do crime organizado, que saem dos morros e passam a se refugiar nos centros financeiros, violência urbana crescente, milícias ganhando espaços centrais em muitas comunidades e a fragilidade dos órgãos repressores, além disso, não podemos esquecer da corrupção, que cresce de forma acelerada e se espalha para todos os setores do Estado Nacional. Na sociedade contemporânea, os problemas crescem de forma acelerada, resolver tais problemas exigem maturidade, menos propagandas e menos bravatas.
Ary Ramos da Silva Júnior, bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.

