A economia internacional vem passando, nos últimos dias, por momentos de grande apreensão e dificuldades, levando os governos nacionais a repensarem suas estratégias construídas anteriormente, empresas nacionais e organizações globais buscam a reestruturação de suas variadas atuações em seus mercados e os trabalhadores aguardam, assustados e ansiosos, o desenrolar das movimentações do mundo contemporâneo, que geram preocupações, medos e constrangimentos financeiros.
Neste momento, estamos nos aproximando rapidamente de uma grande crise global, cujos impactos são impossíveis de serem mensurados, afetando a estrutura do comércio internacional, impactando sobre todas as regiões do mundo, afetando governos nacionais, atores globais e gerando incertezas crescentes, que tendem a afugentar os investimentos produtivos e obrigando os Bancos Centrais a atuarem para impedir uma crise global, cujo potencial destrutivo é elevado para a economia mundial.
Na economia contemporânea, marcada pelo desenvolvimento tecnológico, crescimento da integração e da interdependência entre empresas e governos nacionais, é fundamental ter previsibilidade, credibilidade e confiança, onde os atores econômicos e produtivos constroem estratégias para garantir novos mercados e encarar os concorrentes, motivando fortes investimentos em inovação, em pesquisa científica e desenvolvimento de novos produtos, garantindo lucros em ascensão.
As políticas protecionistas adotadas pelo governo dos Estados Unidos têm impactos generalizados para todas as nações e para todos os setores produtivos. Como destacou a revista inglesa The Economist, as medidas adotadas pelo governo norte-americano aumentaram a alíquota comercial de 2% para 24%, algo impensável numa sociedade que sempre estimulou e propagandeou o livre comércio, o liberalismo e a redução das intervenções estatais nos setores produtivos.
Neste momento, percebemos que a adoção de medidas unilaterais por parte do governo norte-americano, políticas estas que impactam sobre as nações e empresas locais e estrangeiras, enterram toda a estrutura econômica e produtiva mundial inaugurada no pós segunda guerra mundial, quando foram criadas instituições mundiais, com regras comerciais e financeiras, com instrumentos de regulação e fiscalização, diante disso, os atores econômicos globais estão assustados com os ventos futuros e as medidas protecionistas que podem criar mais incertezas, volatilidades e constrangimentos variados.
Vivemos num momento de preocupações crescentes na economia internacional, as Bolsas globais apresentam grandes desvalorizações, ações de grandes conglomerados apresentam perdas históricas, setores inteiros vivem momentos de medos e desesperanças, que podem culminar no aumento do desemprego, degradação da renda agregada e perda de poder de compra dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, mais injustiças, pobrezas e desigualdades, afinal, como aconteceu na última crise global, ocorrida em 2007/2008, os grandes capitalistas, agentes maiores da crise financeira, foram salvos com injeção de trilhões de dólares dos recursos governamentais, lembrando-os que os mesmos governos que alardeavam o neoliberalismo e a defesa contumaz da redução do papel do Estado na economia e, no clamor da crise financeira, adotaram práticas corruptas e patrimonialistas para salvar seus apaniguados.
Neste instante, podemos estar às portas de uma crise global, cujos impactos financeiros são impossíveis de serem mensurados, empresas entrarão em bancarrota, desempregos tendem a aumentar, o medo e a desesperança devem crescer e os donos do poder, novamente, demandarão um cheque mais polpudo para evitar perdas financeiras homéricas e a conta, mais uma vez, sabemos quem vai arcar com o prejuízo de mais uma crise financeira global.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.