Vivemos numa sociedade que se transforma rapidamente. Nesta sociedade, percebemos a convivência de grandes crises e, para piorar os cenários cotidianos, todas essas crises estão acontecendo ao mesmo tempo, impulsionando as instabilidades, incrementando as incertezas e estimulando as desesperanças.
Destas crises conectas, destacamos a econômica, a demográfica, a social, a ecológica, a psíquica e a política. Todas essas estão acontecendo ao mesmo tempo, levando a sociedade a grandes encruzilhadas, decisões demoradas, levando grupos de pressão a se organizar para defender seus interesses imediatos, impedindo medidas sensatas e garantindo seus ganhos econômicos e financeiros. Neste cenário assustador que vivemos na contemporaneidade, percebemos que as discussões políticas estão sendo postergadas e a situação de urgência se tornam mais prementes.
A crise econômica recente começou no período posterior a crise imobiliária dos EUA, ocorrido em 2008, que fragilizou o pensamento liberal e impulsionou crises generalizadas na economia internacional, levando conglomerados sólidos e consistentes a perderam espaço no cenário global, levando seus governos nacionais a injetaram trilhões de dólares para evitarem a bancarrota, evitando o desemprego crescente e reduzindo os riscos econômicos e financeiros, contribuindo para que o sistema produtivo se recuperasse.
A crise ecológica está agitando a comunidade internacional, embora encontramos variados grupos negacionistas, os efeitos no meio ambiente estão cada vez mais nítidos e evidentes, impactando regiões inteiras, modificando plantios e culturas, degradando comunidades inteiras, aumentando as chuvas, devastando cidades e conglomerados urbanos, mostrando-nos que não estamos preparados para as grandes transformações climáticas em curso na sociedade.
A crise demográfica está gerando calafrios, regiões prósperas e desenvolvidas perderam populações e, desta forma, precisam urgentemente de mão de obra para movimentar a economia e os setores produtivos, buscando indivíduos para incrementar suas atividades. Ao atrair mão de obra para garantir a pujança econômica, as nações percebem a chegada de culturas diferentes, com novos valores que podem gerar constrangimentos internos, conflitos religiosos, étnicos e violências cotidianas,
Neste ambiente de fortes instabilidades e incertezas crescentes, os seres humanos sentem na pele a degradação psíquica, a carga de trabalho excessiva, as violências cotidianas, a competição degradante e a escassez monetária que contribuem para os desequilíbrios emocionais e espirituais, tudo isso contribuem ativamente para o incremento das crises psíquicas que se espalham para a comunidade internacional, desde nações em desenvolvimento até as nações desenvolvidas.
As crises sociais crescem rapidamente, gerando constrangimentos assustadores, de um lado percebemos o crescimento da riqueza concentrada nas mãos de poucos afortunados e, ao mesmo tempo, a indignidade se espalha para a sociedade internacional, exigindo atuações da sociedade para reverter este quadro desastroso. A política, tão degradada na contemporaneidade, é a única forma de revertermos este quadro.
Na crise política, percebemos uma fragilização da democracia, que perdem espaço para movimentos autoritários e reacionários. Os canais de discussão política perdem espaço, a governança global se reduz em decorrência de pressões de grupos abastados e detentores dos recursos monetários e financeiros, desta forma, percebemos uma limitação da política de espaço democrático para a organização da comunidade.
Neste momento de crises conectas, precisamos construir maturidade para encontrarmos caminhos para sair deste caos generalizado… afinal o fim pode estar próximo.
Ary Ramos da Silva Júnior, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.