Depressão, Pandemia e desequilíbrio emocional

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Os intelectuais e estudiosos da sociedade contemporânea tem grandes dificuldades de compreender como se caracterizar um mundo depois da pandemia que assola a comunidade internacional, uns acreditam que a nova sociedade se mostrará mais solidária e responsável socialmente, de outro lado, encontramos mais céticos para o pós-pandemia, mesmo passando por um momento de grandes instabilidades e medos crescentes, os seres humanos não estão preparados para mudanças sociais, ainda reina nos corações a concorrência e a competição, onde os interesses materiais e financeiros ainda estão centrados nos indivíduos, mesmo sabendo que não podemos precisar como será o novo mundo, haverá grandes renovações e instabilidades crescentes.

Sabemos que vivemos num mundo dominado pelos interesses da matéria, estamos centrados nos valores subjetivos do capital, a ética se concentra no imediatismo, nas riquezas e do consumo, neste ambiente, percebemos os impactos do meio ambiente, o degelo está em expansão, os mares, os rios e os lagos estão sentindo o peso agressivo dos homens, as florestas e as vegetações percebem as degradações, no Brasil percebemos as terras indígenas estão sendo atacadas por grileiros, garimpeiros e madeireiros, cujos impactos estão se mostrando cada vez mais acelerados, gerando movimentos nacionais e internacionais em defesa este matrimônio global, cuja destruição estenderá para todas as regiões do mundo, levando países a submergir dos oceanos, destruindo países, localidades e a migração de populações destas nações.

Ao mesmo tempo, percebemos movimentos de defesa do Planeta Terra, campanhas que levam a junção de empresas das mais variadas regiões e comunidades, governos nas mais diferentes matizes ideológicas, etnias e coletividades se unem em prol das necessidades de todos os povos, a pressão pode trazer beneficiar e podem criam novos movimentos de defesa da natureza e do Meio Ambiente e outras campanhas e bandeiras que devem ser abraçadas pela comunidade internacional, como o trabalho escravo, os tráficos de drogas e de pessoas, das guerras religiosas, dentre outros temas que impactam em todos os povos e nacionalidades.

Destacamos ainda o incremento da depressão, do suicídio, da ansiedade e dos transtornos crescentes em todos os países e coletividades, diante disso, percebemos que os desequilíbrios que assolam a sociedade global devem ser vistos como um tema de saúde pública. As raízes para estes desajustes são inúmeras, de um lado percebemos questões econômicas, como o rápido do crescimento da concorrência, das exigências do mercado de trabalho e as grandes mudanças no mundo do trabalho, levando as pessoas a sentir na pele as novas exigências do mercado. Neste ambiente de crescimento da competição, percebemos uma nova sociedade, com alterações estruturais, de um mercado centrado em produtos tangíveis para a uma nova sociedade centrada em bens intangíveis, onde o conhecimento e a tecnologia são os maiores criadores de riquezas e de acumulação, deixando de lado os grupos menos capacitados, menos escolaridades, com isso, aumentando o exército de marginalizados, de esfomeados e de excluídos em todos os países, antes eram apenas encontrados em países pobres e miseráveis, atualmente, os encontramos em todos as regiões do globo, até mesmos as nações desenvolvidas e industrializadas.

A depressão é vista como o mal do século XXI, vitimando uma leva gigantesca de mais de 400 milhões de pessoas ao redor do mundo, se somarmos os vitimados pelas ansiedades e  pessoas que sofrem de transtornos variados, que a ciência psicológica não sabem identificar, chegamos facilmente em mais de 2 bilhões de pessoas da sociedade mundial, cujas pessoas acometidos destes moléstias crescem de forma acelerada, gerando impactos econômicos em todos os países, vitimizando famílias e criando embaraços em todas as coletividades.

Nestas crescentes instabilidades emocionais e psicológicas que crescem em todos os países, estamos percebendo as grandes mudanças na coletividade internacional, o incremento das tecnologias traz novas melhoras econômicas, aumentando a produtividade e reduzindo os custos produtivos e elevando os lucros monetários, força no mercado e dominação política, mas ao mesmo tempo, percebemos uma absorção menor da mão de obra, gerando um aumento no desemprego, não apenas conjuntural mas o desemprego estrutural, onde inúmeros trabalhadores estão sendo substituídos por máquinas e equipamentos, além de novos modelos de gestão, marcada por tecnologias da informação e técnicas modernas de gerenciamento de cadeias produtivas, os impactos são cada vez maiores, gerando levas de ganhadores e, uma quantidade gigante de desafortunados, excluídos, desassistidos e descartáveis.

As novas tecnologias exigem estudos constantes, as atualizações são cotidianas, levando os indivíduos a entender as novas tecnologias, as redes sociais e as novas plataformas, novos aplicativos, tudo exige dos trabalhadores estudos crescentes e ininterruptos, neste ambiente, percebemos o surgimento de novos cursos de graduação, novos cursos técnicos, novas realidades produtivas e de interconectividades, com isso, estamos cada vez mais dependentes das novas tecnologias, novos produtos, novos empresas, tais como as startup cujos valores de mercados passam conglomerados antigos e arraigados na sociedade internacional. Um exemplo de empresas novas e revolucionária é a Tesla, montadora norte-americana que se transformou na maior montadora do mundo, deixando para trás empresas transnacionais que possuem mais de 50 anos de experiência do mercado global. Empresas como Volkswagen, Toyota e General Motors produziram mais de 10 milhões de automóveis no ano passado e seus valores de mercado ultrapassaram mais de 200 bilhões de dólares, valores menores do valor de mercado da Tesla, que gira em torno de US$ 280 bilhões, mesmo sabendo que, no ano passado, a empresa líder produziu “apenas” trezentos mil automóveis no mercado mundial, apenas 3% da capacidade produtiva das suas concorrentes.

Neste ambiente, caracterizado por uma sociedade internacional devemos destacada a alta desigualdade e da exclusão social, onde 1% da população mundial, um contingente em torno de 70 milhões de afortunados internacionais, absorveram mais de 82% da riqueza de 2018, enquanto os outros 99% da população global, algo em torno de 6,9 bilhões de pessoas amealharam mais de 18% da riqueza global, aumentando a concentração da renda e o incrementando os estoques destas famílias. Estas pessoas são os grandes donos da sociedade internacional, concentram em suas mãos as maiores empresas, os grandes bancos, as emissoras e os fluxos de informações, os provedores de internet, os grandes laboratórios mundiais, agentes responsáveis pelos recursos das campanhas, os financiadores dos deputados, dos senadores e dos presidentes da repúblicas, com isso, os donos do poder concentra todos os valores da sociedade, impondo seus valores, seu imediatismo e suas ambições, suas taras e seus desejos mais íntimos e pessoais.

Nesta pandemia, percebemos grandes transformações, dentre elas, destacamos os impactos sobre as finanças públicas, os recursos orçamentários e os gastos públicos, sua análise nos leva a compreender, de forma detalhada, como se dá o poder dos grandes grupos privados, sua força econômica e a adoção de seus interesses imediatos. De um lado, percebemos como os agentes governamentais se esforçam para levar recursos públicos para os setores privados, fazendo que os fundos públicos cheguem rapidamente para os grandes bancos e setores financeiros, recursos monetários com taxas de juros reduzidos e prazos cada vez mais dilatados, com isso, seus balanços financeiros e patrimoniais crescem de forma acelerada. De outro lado, percebemos como as micros, médias e pequenas empresas, responsáveis por mais de 98% do mercado nacional, grande agente gerador de emprego e renda para a coletividade, são incapazes de acesso aos fundos públicos, os recursos existem e foram canalizados para os bancos mas, estes recursos não chegam aos setores mais carentes, o resultado imediato é mais de 700 mil empresas em falências e um números assustador do desemprego, que devem chegar a mais de 20 milhões de pessoas, além de subempregos e informais, uma verdadeira selva marcada por degradação econômica, falências e desequilíbrios variados, cujos resultados imediatos devem levar o país a um colapso generalizado.

O horror gerado pela pandemia do coronavírus na sociedade internacional está deixando a sociedade num ambiente de depressão crescente, os valores imediatistas do capital estão absorvendo os corações e as mentes dos indivíduos, as éticas foram deixadas de lado, os recursos materiais estão se sobrepondo nas famílias contemporâneas, os prazeres e os gozos do consumo estão alterando as convivências das pessoas, as conversas familiares, as amizades e os relacionamentos, todos estão se transformando num ambiente de relações imediatas, marcadas por prazeres sexuais, sem conquistas, conversas estruturadas e sentimentos apaixonados. Vivemos uma sociedade que beira ao caos, os novos fluxos de informações e as novas plataformas aproximam as pessoas e ao mesmo tempo os distanciam as pessoas, vivemos um mundo estranho, estamos pertos e ao mesmo tempo, os prazeres são limitados e os prazeres são imediatos e os encontramos numa loja, num shopping e num café, mesmo sabendo que estes locais, tão prazerosos, estão fechados ou abertos parcialmente em decorrência da crise gerada pela crise sanitária que nos assola e nos amedronta, gerando ranger de dentes e medos crescentes.

Vivemos um mundo marcado por grandes depressões, depois de crescentes depressões econômicas, com estamos nos aproximando, as crises geradas pelas depressões emocionais, neste ambiente nos comportamos como verdadeiros zumbis, robôs ou autômatos, num ambiente marcado pela inteligência emocional, onde conhecemos nossas inteligências como a Aura, a Alexia, a Bia, entre outras, são os verdadeiros “indivíduos” que pululam os cotidianos dos indivíduos, trocando as pessoas físicas por e substituindo as inteligências do ambiente virtual, muitos se casam com estas inteligências, amam as tecnologias modernas e deixam de refletir sobre os valores da sociedade contemporaneidade. São robôs que levam os cidadãos se entregam em vidas medíocres, fútil e sem sentido, sem importância aparente, deixando de viver e se aventurar sobre o significado da imensidade da vida, das relações sociais, dos amores e da solidariedade. Torcemos para que a pandemia e este momento de isolamento e reflexão, sirvam para acordar valores fundamentais e sentimentos que se encontram escondidos nos seres humanos.

 

 

 

 

 

 

 

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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