Vivemos momentos interessantes, preocupantes e cheios de desafios, marcados por transformações econômicas, alterações políticas, novos modelos produtivos, exigências constantes de atualizações e capacitações cotidianas, incremento de tecnologias que alteram os comportamentos humanos, valores e relações sociais, impactando sobre empresas e todas as organizações sociais, além de posicionamentos variados enquanto Estados Nacionais.
Vivemos numa sociedade que estimula o crescimento das inovações tecnológicas, seus ganhos são substanciais, aumentando a eficiência do sistema econômico e produtivo, fortalecimento das áreas médicas com a cura de doenças anteriormente vistas como incuráveis, uma verdadeira revolução na medicina e na prevenção dentre outras variadas vantagens que trazem ganhos substanciais para a comunidade internacional.
De outro lado, percebemos desafios que exigem uma unidade e consenso entre os grupos sociais, para isso precisamos nos debruçarmos sobre o crescimento das desigualdades, o incremento da exclusão social, a devastação do meio ambiente, o aumento dos conflitos militares e seus gastos estratosféricos, somente no ano passado, a indústria bélica mundial gastou mais de US$ 2,3 trilhões em armamentos, gastos militares, beneficiando poucos grupos em detrimento de uma pobreza crescente e exclusão social em ascensão, impactando não apenas países pobres e subdesenvolvidos, mas cidadãos de nações ricas e desenvolvidas, gerando uma verdadeira degradação da sociedade global, tão tecnológica, dotada de riquezas inimagináveis e, ao mesmo tempo, dominada por pobrezas e exclusões crescentes.
Neste cenário de grandes transformações mundiais encontramos o Brasil, um exemplo de variadas contradições que perduram durante séculos, um país notadamente rico, dotado de inúmeros recursos, clima propício, vasta vegetação, riquezas minerais, população marcada por dinamismo e grande flexibilidade, além de um grande espaço geográfico. Em contrapartida, percebemos ainda, grandes desafios políticos para que consigamos alçar um local de crescimento sustentável vislumbrando um desenvolvimento econômico que inclua todos os grupos sociais e melhore as condições de vida da população nacional.
Nos anos setenta do século passado, o Brasil era visto como uma nação de destaque, muitos especialistas acreditavam que éramos o país do futuro, suas vantagens comparativas nos cacifavam para um futuro mais grandioso e, desta forma, o século XXI nos traria crescimento econômico, pujança produtiva e o aumento de oportunidades para todos os grupos sociais. Infelizmente este sonho não se efetivou, perdemos espaço na economia global, a distância entre os grupos sociais aumentou, os mais ricos ficaram mais ricos e os pobres ficaram cada vez mais pobres, neste momento, os desafios brasileiros cresceram de forma gigantesca.
Dentre os grandes desafios precisamos elencar alguns mais imediatos, reduzir a pobreza extrema que degrada a sociedade e fomenta a violência urbana, investimento maciço em educação, afinal não existe desenvolvimento sem educação de qualidade para todos, recursos garantidos para a pesquisa científica e tecnológica, fortalecimento das vantagens competitivas, estimular o aumento do valor agregado dos produtos exportados, reduzir a burocracia que trava investimentos cruciais para o crescimento da economia nacional, criar instrumentos macroeconômicos para reduzir as taxas de juros que, neste patamar, impedem os investimentos produtivos e estimula os ganhos dos rentistas e financistas que ganham com este quadro de degradação nacional. Em poucas palavras, como nos ensinou o maior economista brasileiro, Celso Furtado, os grandes desafios nacionais não são econômicos, como muitos acreditam, são claramente desafios políticos.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel de Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor universitário.