Recentemente tivemos a oportunidade de assistir ao filme Divaldo Pereira Franco, o mensageiro da Paz, um dos grandes ícones do movimento espírita brasileiro, neste filme tivemos a alegria de conhecer um pouco da história e a trajetória de um brasileiro bastante interessante, aplaudido pelas milhares de pessoas, admirado e respeitado numa história de décadas de dedicação com o Espiritismo, responsável por um rastro de caridade, fraternidade e iluminação.
Neste filme, a trajetória deste brasileiro se confunde com movimentos de solidariedade e caridade, como destacou o codificador do movimento do Espírita, Allan Kardec, a caridade não é salvação, uma frase que sempre ecoou em seu espírito e ajudou na construção de uma sólida vivência entre os dois lados da vida. O filme nos mostra o surgimento de uma mediunidade enorme, Divaldo se caracteriza por inúmeros tipos de mediunidade, dotado de grande sensibilidade, vidência, oratória, incorporação, dentre elas, onde a relação entre os espíritos era constante e, para muitos, assustadora e esclarecedora.
A infância de Divaldo é marcada por brincadeiras, alegrias e sentimentos agradáveis, podemos caracterizá-lo como uma criança feliz, religiosa e trabalhador da Igreja Católica, constantemente próximo da oração e a devoção oriunda do cristianismo pregado pela Igreja. Sua família nos parece organizada e bem estruturada, nasce em uma casa de classe média, sem luxos materiais, sem posses materiais e sem privações cotidianas.
Desde pequeno, Divaldo convive com inúmeros espíritos, desde os encarnados de um lado, e de outros irmãos desencarnados, uma mistura crescente que, no começo, gerava grandes constrangimentos para o garoto baiano, levando-o a momentos pitorescos, além de momentos de grandes constrangimentos e desagradáveis, passando por humilhações e preocupações.
Ao assistir o filme, algumas questões se fazem presentes em minhas reflexões, quando nos deparamos com inúmeros espíritas, que desde pequenos passaram por grandes dificuldades, viam espíritos constantemente e eram vistos como mentirosos e detentores de desequilíbrios emocionais e psicológicos, sendo maltratados e humilhados. Nesta trajetória, passam a conhecer inúmeras pessoas que o auxiliam no seu cotidiano, pessoas que foram colocadas em seu caminho para orientação, irmãos que nos ajudam a compreender os fenômenos espirituais, seus medos e desesperanças.
O filme nos mostra a importância de uma vida centrada e equilibrada para a construção de uma sociedade melhor e mais consciente, onde a Doutrina Espírita tem um papel central na conscientização dos indivíduos e na compreensão de que a morte não existe e todos nós nos encontraremos num outro momento, numa outra situação e numa outra oportunidade, neste momento as pessoas devem construir o crescimento espiritual, desenvolvendo valores mais consistentes e verdadeiros.
O filme descreve superficialmente o episódio do suicídio de sua irmã, um momento que, no meu ponto de visto, deveria ser trabalhado com mais intensidade, ainda mais num momento como este, marcado pelo incremento dos suicídios no mundo contemporâneo, estes crimes estão aumentando de forma acelerada, gerando medos e preocupações, impactando novas e estruturadas políticas públicas de conscientização, neste momento, este assunto deve ser analisado com seus pormenores. No decorrer do filme, percebemos o suicídio de sua irmã, ainda mais quando o padre destaca que as pessoas que se suicidam são vistos com reservas da igreja romana, momento que sua mãe se revolta com os ensinamentos desta religião tradicional, que acreditam piamente que os suicidas não podem ser abraçados com as orações, com as missas e com as santidades, que acreditam que todas as pessoas que descaminham nos extremos do suicídio estão condenados para o inferno. Numa das passagens, o filme mostra o suicídio de sua irmã, destacando que a morte não existe, a morte é vista na doutrina espírita como algo natural, nunca como o fim, mas para um novo momento da vida e da evolução dos indivíduos, sem corpo físico, sem matéria, mas a vida nasce ou renasce do mundo espiritual.
Um dos pontos mais interessados na trajetória da vida do médium baiano, é o papel central de sua mãe, cuja importância e relevância em sua vida é crucial, seu apoio, estímulo e o desapego constante, auxiliando na mudança para Salvador e aceitando que seu papel não era ficar ao seu lado, mas de todos aqueles que precisam de seu auxílio e solidariedade.
O encontro com Chico Xavier nos traz informações importantes para o médium baiano, neste momento Divaldo faz inúmeras perguntas e recebe esclarecimentos e indagações pessoais, uma delas é que não devem trabalhar juntos, cada um destes médiuns devem ser vistos como um poste para iluminar a sociedade, com isso, o Chico Xavier nos mostra, que devem residir em locais distantes, para auxiliar uma maior quantidade de pessoas, levando para a coletividade as luzes para aqueles que precisam de esclarecimento e equilíbrio, fundamentais para o desenvolvimento individual e a conscientização espiritual.
No filme Divaldo Pereira Franco, o mensageiro da Paz, percebemos uma amizade afetuosa e desinteressada entre estes vultos do movimento espírita brasileira, no decorrer das trajetórias entre estes dois médiuns, percebemos que o médium baiano sempre buscou estímulos e auxílio nos conselhos de Chico Xavier, que sempre foi visto como o baluarte do movimento espírita nacional. Embora percebamos no filme, muitos no movimento espírita acreditam existir uma competição entre os dois médiuns, na minha visão o filme acertadamente não entra neste conflito que apenas faz mal ao movimento, criando desestruturação, desavenças constantes e desagregação.
Na trajetória, temos contato, com a perseguição de um irmão que persegue Divaldo Pereira Franco de forma renitente, um irmão que caminha ao lado durante muitas encarnações, obsediando e perseguindo de forma inclemente, humilhando-o, maltratando-o e desvirtuando sua caminhada cotidiana. As perseguições espirituais estão na trajetória do médium baiano, muitos momentos o perseguidor leva Divaldo a situações de humilhações e constrangimentos, compreender e se educar, melhorando seus sentimentos e energias nos capacitam para se melhorar espiritualmente e, com isso, auxiliará seu companheiro desencarnado, ainda muito preso aos rancores e aos ressentimentos. No decorrer do filme, percebemos os contatos entre Divaldo e seu perseguidor, aos poucos as conversas entre os dois melhoram intensamente, surgindo diálogos interessantes e esclarecimentos, com auxílio espiritual e crescimento mútuo, neste momento percebemos a transformações nestes dois indivíduos.
Numa passagem do filme, Divaldo Pereira Franco perde um de seus irmãos, que ao desencarnar passa a obsediá-lo, impedindo seus passos e prostrando-o numa cama, queixando dificuldades físicas de locomoção, sendo amparado por alguns trabalhadores do movimento espírita da cidade, que visitam sua casa, recebem uma vibração carinhosa, além de um passe energético e inúmeras orações. Neste momento percebemos a presença, em espírito, de seu irmão, que mesmo não tendo interesse de causar-lhe constrangimentos, sua influência espiritual desequilibrada está causando problemas físicos e emocionais. Depois da interferência dos trabalhadores espíritas e, principalmente, dos amigos espirituais, liderados por Joanna de Angelis, sua mentora espiritual, o irmão desencarnado é retirado do local e conduzido a uma comunidade espiritual no mundo imaterial, libertando-o desta obsessão e levando-o a buscar as explicações para suas dificuldades intimas e desequilíbrios constantes que o afligiam no cotidiano.
O filme nos mostra, em alguns momentos, trabalhos mediúnicos e conversação dos espíritos obsessores, momentos de incorporação de espíritos mais agressivos, marcados por ódios, mágoas e centrado na vingança de irmãos que, durante séculos, perseguem e maltratam como forma de se vingar, como se esta vingança lhe trouxesse grandes prazeres duradouros e uma maior sensação de bem-estar, sentimento passageiro e insignificante.
Numa da passagem do filme, percebemos uma conversa entre o médium baiano e a mentora Joanna de Angelis, nesta conversação, o médium deixa clara o desejo de constituir sua família, com esposa e filhos. Neste momento, a mentora deixa claro que nesta existência, não faz parte da programação de ter filhos e constituir uma família sanguínea, mas o mundo espiritual tinha outra programação para o médium e orador espírita baiano, posteriormente será pai de inúmeras crianças e adolescentes abandonados, deixado ao relento e sem perspectivas e oportunidades de vida.
O filme destaca o crescimento contínuo de um menino inexperiente e um dos maiores médium da humanidade, dotado com grande oratória, responsável por mais de milhares de palestras, entrevistas e conferências em mais de cinquenta países, tendo escrito mais de 250 livros, alguns psicógrafos por inúmeros espíritos, desde Victor Hugo, Joanna de Angelis, Manoel Philomeno de Miranda, dentre outros, cujos recursos oriundos destas obras foram todos convertidos para todo o trabalho espiritual, acolhendo as mais variadas pessoas, desde crianças, adolescentes e adultos, um trabalho de grande valor e responsabilidade.
Devemos destacar que o lado orador é pouco enfatizado no filme Divaldo Pereira Franco, o mensageiro da Paz, afinal o médium é considerado uma dos maiores oradores da humanidade de todas as épocas, o filme destaca um momento constrangedor e quase humilhante, onde o médium recebe um convite para fazer uma palestra numa outra casa espírita, neste momento percebe a influencia de seu perseguidor espiritual para lhe causar constrangimentos e humilhações, embora percebemos os medos que dominava seu espírito e sua influência negativa com o médium baiano é socorrido pelo sua mentora espiritual Joanna de Angelis e o grande espírito de Humberto de Campos, que se aproxima espiritualmente e inspira mentalmente as palavras, recebendo elogios dos presentes. Depois deste momento, seus amigos espirituais forçam os estudos sistemáticos da Doutrina Espírita, levando a leitura constante de todos os livros da codificação.
O filme deve ser assistido por todos as pessoas do movimento espírita e mais, para todos aqueles que querem ter contato com o pensamento espírita, a vida e a obra de Divaldo Pereira Franco serve como instrumento de iluminação para todos os corações, mostrando as dificuldades que estão presentes na trajetória de todas as pessoas mas, muitas pessoas conseguem superar estas dificuldades, os medos e as preocupações do cotidiano, vencendo a vida e deixando como legado uma experiência de sucesso e de superação.