Economia Brasileira: desafio, reestruturação e reconstrução nacional

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A sociedade brasileira está passando por grandes desafios em período de pandemia, crescimento no desemprego, redução dos salários e queda na renda, levando os trabalhadores a momento de forte desesperança, medos generalizados e grandes incertezas e instabilidades, enfrentando o maior desafio para a sociedade brasileira, com mortes crescentes, falências de empresas e uma bancarrota de fábricas, lojas e bares e restaurantes, o futuro comum é sombrio.

A economia está passando por um momento de grande desagregação, os indicadores econômicos são assustadores, o fechamento das empresas é elevado, os pequenos, médios e grandes empreendimentos estão caminhando rapidamente para a bancarrota, os recursos estão abarrotados no sistema financeiro, as demandas dos empresários são elevados, mas o dinheiro não está sendo irrigado para o sistema econômico, com isso, as perspectivas na economia nacional são sombrias são crescentes. Os investidores fogem da economia brasileira, com receio das políticas ambientais, os investimentos se assustam como os comportamentos e as atitudes hipócritas e a desonestidade crescem de forma acelerada, colocando-nos como um país pária, onde muitos países e regiões da sociedade global não mais adquirem produtos brasileiros,  somos vistos como um país vitimado, com isso, os reflexos sobre o comércio exterior tende a perder espaços consideráveis.

A educação brasileira, descrita como um dos mais caóticos setores da sociedade, percebemos a inexistência de um verdadeiro projeto nacional, neste ambiente, percebemos a inabilidade política dos titulares ministros, mais interessados em discussões menores, como a chamada escola sem partidos, dentre outras pautas ideológicas e conservadoras, deixando questões muito mais prementes, tais como o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEP), que tende a terminar no final deste ano e, sem ele, aumentará os problemas educacionais com impactos degradantes para a sociedade, principalmente nas cidades menores e menos providas de recursos para os investimentos na área da educação, deixando rastros de perdas salariais e degradantes das instituições nacionais.

Ainda falando sobre a questão educacional, percebemos que os desafios na arena educacional são imensos, desde os ensinos públicos até as escolas privadas. Sem linha de crédito e lentidão dos socorros financeiros, muitas empresas tendem a bancarrota, desde escolas pequenas de até 300 alunos até escolar maiores, que carecem de recursos para os dispêndios cotidianos e para os investimentos em infraestrutura. Com estas escolas desassistidas, muitos contingentes de escolares serão retirados das entidades privadas e deslocadas para as instituições públicas, pressionando o aumento das salas de aulas, materiais e uniformes escolares, exigindo novos gastos em manutenção, além de novos investimentos de infraestrutura, contratações emergenciais, tudo isso tende a impactar sobre os gastos públicos e as pressões sobre os tetos dos gastos, medida adotada pelo governo Temer que congela os gastos durante algumas décadas, estas medidas estão degradando de forma acelerada a educação nacional, com isso, degradam fortemente as esperanças sociais, levando a um cenário mais sombrio, elevando os péssimos indicadores sociais, econômicos e políticos.

Neste ambiente de grandes incertezas e instabilidades crescentes, percebemos uma enxurrada de lives em canais de internet e redes sociais, todos estão encontrando uma solução mais consistente para a superação, visando auxiliar este ambiente de forte degradação da educação nacional. Dados mostram o crescimento do abandono das crianças, jovens e adolescentes das escolas estaduais, nestes indicadores percebemos que grande parte daqueles cidadãos que abandonam a escola, algo em torno de 79% dos estudantes, são negros e brancos pobres, com isso, a pandemia nos mostra mais claramente os indicadores de degradação social de uma parte da sociedade brasileira, levando o país a um futuro degradante e suprimindo as oportunidades de uma parte crescente da sociedade brasileira.

Nesta semana que estamos terminando, a sociedade global se viu assustada com as políticas degradantes no meio ambiente pelo governo brasileiro, redução crescente nos investimentos na preservação da Amazônia, diminuição das multas e de queda dos funcionários de instituições como IBAMA, FUNAI e INPE, que atuam diretamente na preservação, no controle e na vigilância, além de dados negativos disponíveis destacando uma maior devastação das florestas, levando fundos financeiros internacionais, detentores de mais de 17 trilhões de dólares em administração. A redução dos investimentos estrangeiros no Brasil são muito negativos para a imagem internacional, ainda mais num momento de grandes instabilidades e crescentes incertezas nacionais, cujos recursos seriam bastante bem alocados para a economia nacional, num momento de grande devastação gerada pelo coronavírus, cujos rastros foram muitos negativos nas cidades, no interior e nas comunidades indígenas e das comunidades urbanas mais pobres, degradados e miseráveis.

Os dados referentes a economia brasileira são assustadores, o crescimento no desemprego é gritante, no começo de junho percebemos, segundos os dados do IBGE, mais de 1,3 milhão de empresas estavam fechadas ou temporariamente encerradas, deste número, quase 40% estão fechando definitivamente, mais de 522,7 mil empresas foram a bancarrota em decorrência da pandemia. Nestes números, 99,2%, eram de empresas de pequeno porte, até 49 funcionários.  Outros números mostram que 4,1 mil empresas de porte intermediário, de 50 a 499 empregados e 110 empresas de grande porte, acima de 500 funcionários. Destes números assustadores, mais de 258 mil empresas eram de setores de serviços, 192 mil empresas de setor comercial e 38 mil empresas do setor de construção e 33 mil para o setor industrial, mostrando que a pandemia está gerando uma verdadeira destruição no sistema econômico e produtivo, gerando um incremento do desemprego, da informalidade e do subemprego, com isso, os efeitos generalizados se disseminam para todos os trabalhadores, aumentando as, já péssimas, situações sociais e econômicas.

Neste ambiente de crise econômico, a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) nos traz números negativos e preocupantes. Segundo o estudo, a população ocupada somava 83,4 milhões em maio, ante 93,5 milhões no mesmo mês de 2019 – queda de 10,7%, recorde na série histórica iniciada em 2012. Entre os trabalhadores informais, a redução da ocupação foi de 15,1%, contra recuo de 6,7% dos formais. Nesta pesquisa percebemos uma situação de forte degradação no emprego da sociedade brasileira, muitas pessoas tendem a piorar rapidamente com a volta do isolamento social e também à garantia de uma renda mínima pelo auxílio emergencial concedido pelo governo federal, a volta desses trabalhadores à procura por uma ocupação deve pressionar a taxa de desemprego nos próximos meses, transformando o emprego na sociedade brasileira se tornar mais precário no curto prazo, pressionando o governo a adoção de políticas públicas mais efetivas para o combate desta situação, nestas medidas, a piora da condição social e econômico tendem a se degradar mais rapidamente.

Os resultados econômicos do combate a pandemia, por parte do governo federal, foram desanimadores e preocupantes, as autoridades econômicas estão conseguindo colocar na economia recursos para os agentes produtivos, principalmente para as micro e médias empresas, os recursos existem e foram distribuídos para os setores bancários mas, ao mesmo tempo, foram incapazes de garantir que estes recursos chegassem aos setores mais necessitados, com isso, o desemprego cresceu de forma acelerada, inúmeras empresas foram à bancarrota e os contingentes de desassistidos cresceu de forma assustadora, da recessão estamos caminhando para uma depressão de impactos econômicos pouco sentido internamente e a recuperação deverá ser por muitos anos.

Neste momento de pandemia, as atuações do Estado Nacional são fundamentais para a reconstrução nacional, investimentos governamentais são imprescindíveis para evitar o colapso da sociedade, os recursos emergenciais são cruciais, mas é preciso pensar em novas estratégias de emprego e de renda, com contratações de trabalhadores para dinamizar a economia e abrir oportunidades de sobrevivência das famílias. Os gastos devem ser liderados e planejados pelos agentes públicos, novos fontes de dispêndios devem ser utilizados para gerar empregos mais consistentes, ao mesmo tempo, cabe aos agentes públicos a repensarem as políticas públicas no setor industrial, somando aos esforços das universidades e centros de pesquisas, espaços centrais para o desenvolvimento de ciências e tecnologias, sem estas, o Brasil continuará mais de cócoras aos grandes centros internacionais de conhecimento. A pandemia deixa claro como a pesquisa é fundamental para a construção da soberania de um país, temos mais de sessenta universidades federais de excelência, mais uma grande quantidades de universidades e centros de pesquisas estaduais, além dos institutos federais e faculdades tecnológicas e escolas técnicas, estes ativos devem ser valorizados e estimulados para que seu objetivos sejam efetivados para a reconstrução de uma economia que, nos últimos anos, perderam o espaço global e de respeitabilidade dos centros de conhecimento universal.

A redução de Estado deve ser pensada como uma política maior, como a construção de um projeto nacional mais amplo e consistente, vender patrimônio nacional deve ser uma política marcada por ampla discussão que envolve todos os agentes públicos, onde todos os canais da sociedade podem participar destas discussões, deixando de lado as políticas autoritárias, limitadas e parciais, de grupos que degradam as empresas nacionais e degradem estas instituições e seus profissionais e, posteriormente, são os primeiros agentes que fazem lances reduzidos para o controle acionários, transformando em empresas monopolistas com lucros elevados e forte poder política e capacidade de articulação.

A discussão referente a privatização deve ser feita de forma transparente por todos os setores interessados, mas devemos tomar cuidado com o momento apropriado desta discussão, como sabemos, estamos em meio de uma pandemia assustadora, os valores arrecadados nesta desestatização será muito reduzido e seus retornos são pouco significativos, o grande problema desta alienação do patrimônio estatal podemos perceber que a privatização pode levar a construção de mercados cada vez maiores monopolistas ou oligopolistas, cujos prejuízos serão mais negativos para a população nacional, cabe ao governo perceber o momento exato destas vendas e estamos percebendo que o governo está antecipando uma discussão muito parcial e desequilibrada, os resultados desta política de desestatização são ruins e seus efeitos não devem demorar, gerando maior mal-estar para toda a coletividade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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