Economia Circular

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Estamos vivendo momentos de grandes ansiedades, oportunidades e desafios crescentes. Vivemos momentos de mudanças estruturais, novas formas de convivência social, novas tecnologias que reduzem a privacidade, novos modelos de negócios, somos constantemente monitorados, com alterações no mundo do trabalho, exigindo de todos, estudos constantes e atualizações cotidianas, demandando investimentos financeiros e emocionais, estamos num momento de grandes incertezas e instabilidades.

Nesta sociedade, percebemos alterações crescentes no meio ambiente, as preocupações alarmantes do clima global, mudanças crescentes na agenda da sustentabilidade, fenômenos climáticos violentos que geram destruições humanas e degradação da natureza, levando a comunidade internacional a reflexões consistentes sobre o futuro da humanidade.

Neste ambiente, a Economia Circular vem ganhando espaço na sociedade global nas últimas décadas, na verdade percebemos uma grande preocupação com as condições de degradação do meio ambiente, o clima vem passando por grandes incertezas e instabilidades, os solos estão passando por perdas crescentes de produtividades, regiões propícias para um tipo de cultura estão percebendo uma degradação de seu solo original, gerando instabilidades sociais, tufões, maremotos, chuvas assustadoras, perdas econômicas e pressões demográficas, gerando milhões de pessoas que fogem de seus países para buscar abrigo em outras regiões, gerando, muitas vezes, conflitos culturais, violências, desesperanças e xenofobias.

Neste instante, percebemos o surgimento de novos conceitos na sociedade, a economia nos traz novos instrumentos de reflexão, destacando, compreendendo e estimulando o que chamamos de Economia Circular, uma nova forma de reflexão, deixando a economia linear, imediatista e abrindo espaço para o que chamamos de circularidade.

A economia circular está ligada a uma grande revolução em curso na lógica econômica e produtiva, impactando fortemente a economia linear, que domina a sociedade internacional, onde os recursos são utilizados para a produção de um determinado bem ou mercadoria e este produto é descartado quando o produto perde efetividade, degradando o meio ambiente e gerando um passível ambiental para toda a comunidade.

A economia circular traz novas reflexões para a sociedade, olhando não apenas a mercadoria inicial, mas toda a vida deste produto, onde o produto que perde espaço e, posteriormente, pode ser reaproveitado constantemente, onde se recicla, se reutiliza e se reinventa para que os produtos originais sejam vistos como um instrumento de circularidade, gerando uma verdadeira revolução na sociedade, uma grande transformação sobre o capitalismo, levando-o a repensar todos os instrumentais de produção, distribuição, marketing, consumo, desejos, necessidades, uma verdadeira revolução que impacta sobre a sociedade.

A Economia Circular também tem um papel mais estrutural do que as pessoas imaginam, estimula uma reflexão sobre conceitos ligados a necessidades, repensando o conceito de economia como uma ciência. Os economistas aprendem no começo do curso de ciência econômicas que a economia é a ciência da escassez, que nasce para satisfazer as necessidades dos indivíduos, a economia surge como um instrumento para responder a um dilema ético da sociedade, destacando os conflitos entre necessidades ilimitadas e recursos limitados. A Economia Circular nasce com um papel de grande relevância, surge para repensarmos a sociedade, as necessidades dos seres humanos, os comportamentos e que nos auxilia a compreender que vivemos numa sociedade marcada por recursos naturais, finitos e ambientais limitados, diante disso, somos levados constantemente a fazermos escolhas.

A economia circular nos traz novos horizontes para refletirmos sobre a coletividade, sobre a comunidade, sobre o pertencimento e nos levam a compreender que somos todos seres humanos, ao destruirmos o planeta para alavancar a riqueza de poucos estamos nos comportando irracionalmente e a consequência imediata é a degradação da vida de todos.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Circular, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no jornal Diário da Região, Caderno Economia, 18/01/2023.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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