Economia Solidária

Compartilhe

Estamos vivendo momentos de grandes apreensões, o aumento da concorrência está reformulando as estruturas econômicas e produtivas globais, exigindo movimentações crescentes, estratégias claras e visões sistêmicas para conseguir sobreviver. Nesta nova sociedade, percebemos o crescimento da tecnologia todos os dias, falamos cotidianamente na Inteligência Artificial, na robótica, na Impressão 3D, na Internet das Coisas, além da nanotecnologia, da biotecnologia, as ciências dos materiais, todas impulsionadas pela Indústria 4.0.

Neste cenário, as transformações econômicas estão fomentando novos modelos de negócios, novas formas de organização social e política, estamos percebendo o fortalecimento do conceito de Economia Solidária, que podemos definir como uma forma de produção, consumo e distribuição de riquezas na sociedade, centradas na valorização do ser humano, não apenas do capital, uma verdadeira revolução numa sociedade marcada pelo imediatismo, na concorrência crescente e no imediatismo.

Nesta sociedade, percebemos que a concorrência é sempre algo salutar e nos traz grandes avanços na comunidade, impulsionando novos modelos de negócios e estimulando a geração de riquezas e melhorias no bem-estar da sociedade, mas imprescindível destacar, que esta concorrência é totalmente desigual, de um lado percebemos atores altamente capitalizados e dotados de grande poder financeiro e forças políticas e, de outros, atores fragilizados e com grandes dificuldades de competição, num mercado desigual, centrado nos monopólios ou oligopolizados, centrados no imediatismo e no individualismo, gerando desigualdades crescentes e fortes degradações do meio ambiente.

A ascensão da economia solidária deveria ser vista como um avanço na comunidade internacional, seu modelo de negócio coloca os seres humanos no centro das visões econômicas e produtivas, vislumbrando uma sociedade mais cooperativa, mais solidária e fortemente centradas de convivência harmoniosa, remontando os melhores valores da história das civilizações.

A sociedade internacional vem passado por grandes desafios no século XXI, depois de variadas crises financeiras e alimentares, além das alterações climáticas, percebemos o incremento da pobreza e da indigência, neste cenário, percebemos um profundo questionamento do modelo produtivo convencional em curso na sociedade e das estratégias de desenvolvimento econômico, que beneficia os ricos em detrimento dos grupos mais fragilizados. Há, cada vez mais, o reconhecimento de que o modelo de negócio adotado na economia internacional não pode resolver os principais desafios do desenvolvimento contemporâneo, sendo necessário construir modelos integrados e sustentáveis em todos os níveis, incorporando nestes cenários aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais, além de reconhecer as interligações entre os mais variados aspectos da sociedade.

A economia social e solidária tem como objetivo central a proteção do meio ambiente e o
fortalecimento econômico e político dos grupos sociais mais desfavorecidos e de outras pessoas e organizações que se preocupam com a justiça social e ambiental, trazendo para a sociedade instrumentos efetivos para as melhoras climáticas e de desenvolvimento sustentável. Neste ambiente, percebemos que a economia solidária deve ser vista como uma alternativa para o capitalismo contemporâneo, infelizmente centrados no imediatismo, na busca crescente dos lucros monetários e centrado no individualismo.

Destacamos ainda, que a economia solidária apresenta um papel diferenciado para as pessoas comuns, mais ativos e dinâmicos nas mais variadas dimensões da vida humana: econômico, social, cultural e ambiental. Neste novo modelo de negócio, a economia solidária existe em todos os setores da economia – produção, finanças, distribuição, câmbio, consumo e governança. Dessa forma, percebemos que a economia solidária está transformando estruturalmente a teoria econômica convencional.

Economia Solidária, Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente são desafios imensos para inaugurarmos um novo momento da sociedade internacional, para isso, precisamos de valores sólidos, ousadias, lideranças e solidariedades.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia do Setor Público, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no jornal Diário da Região, Caderno Economia, 14/06/2023.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

Leia mais

Mais Posts

×

Olá!

Entre no grupo de WhatsApp!

× WhatsApp!