Ecos da Desglobalização

Compartilhe

Vivemos momentos intensos e marcado por grandes transformações econômicas, sociais e geopolíticas, neste cenário a economia internacional tende ao baixo crescimento, com desaceleração dos grandes polos da economia global, levando chineses e norte-americanos a buscarem novas formas de movimentar seus setores produtivos, aumentando os subsídios e os gastos públicos como forma de dinamizar a atividade econômica.

Vivemos momentos de conflitos militares, guerras fratricidas, confrontos culturais nas mais variadas regiões do mundo, movimentando a economia da guerra, com investimentos maciços em armas e tecnologias militares e, ao mesmo tempo, conflitos que geram milhares de mortos, destruição da infraestrutura das nações, devastações de populações, exigindo dos governos nacionais políticas públicas para dirimir as destruições que crassa as suas sociedades.

No cenário econômico, percebemos o aumento das políticas protecionistas de seus Estados Nacionais e o aumento dos subsídios para seus grupos internos como forma de proteger suas estruturas produtivas, garantindo a geração de emprego, salário e renda para seus trabalhadores, criando constrangimentos com outras nações e parceiros comerciais e gerando instabilidades no cenário internacional.

Vivemos momentos de incertezas, levando especialistas a acreditarem no crescimento de movimentos de desglobalização, com animalidades entre as nações, guerras retóricas e agressões diplomáticas que podem culminar em conflitos militares, com consequências inimagináveis para a sociedade global, ainda sabendo, que o potencial destrutivo das armas é crescente e preocupante, que podem criar rastros de devastação de todo planeta e exterminando a vida humana.

Vivemos momentos marcados com fortes ecos de desglobalização, que estão levando os governos de países desenvolvidos a adotarem medidas protecionistas, que anteriormente eram rechaçados e criticadas como forma de fraqueza econômica, desta forma, estamos vivendo momentos extraordinários, levando o pragmatismo a ganhar espaço agenda na economia destas nações. Nos Estados Unidos, arauto do liberalismo econômico, está se distanciando das medidas liberalizantes e defensores do livre comércio, passando a defender abertamente as medidas protecionistas, a injeção de trilhões de dólares para fortalecer empresas nacionais vistas como estratégicas, além de fortes subsídios fiscais e tributários para atraírem empresas transnacionais para seu território, garantindo empresas em solo norte-americano, com criação de empregos internos e incrementando o potencial exportador de sua economia e garantindo a reversão dos déficits crescentes na balança comercial.

A reversão do processo de globalização ou a chamada desglobalização está atrelada as grandes movimentações geopolíticas globais, com a ascensão da economia chinesa e a construção de um novo ambiente internacional, onde podemos definir como um mundo multipolar. Neste novo posicionamento geopolítico da sociedade internacional, percebemos espaços interessantes para algumas nações, dentre elas destacamos o Brasil, que pode aparecer como uma alternativa interessante para aos confrontos geopolíticos e econômicos das potências dominantes.

Neste cenário, podemos vislumbrar novas oportunidades para o Brasil, recentemente uma delegação norte-americana veio visitar o Brasil para que o país possa exportar chips menos sofisticados para os Estados Unidos, com grandes investimentos para a produção local e fortes recursos financeiros, desta forma, os americanos diminuem a dependência das importações dos chips chineses e criem uma cadeia global mais amigável e menos belicosa.

Essas oportunidades estão se abrindo para a sociedade brasileira em um mundo multipolar, novas possibilidades externas podem impulsionar a economia nacional, garantindo novos investimentos produtivos e a geração de empregos de qualidade, que possibilitem novos saltos tecnológicos e uma sofisticação produtiva, deixando de lado um histórico de sermos uma economia exportadora de produtos primários de baixo valor agregado. Neste momento, precisamos repensar a sociedade brasileira, reduzir as polarizações, buscando espaços de reconstrução da economia nacional e retomando os ecos do desenvolvimento econômico.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre. Doutor em Sociologia e Professor Universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

Leia mais

Mais Posts

×

Olá!

Entre no grupo de WhatsApp!

× WhatsApp!