O desenvolvimento econômico é o anseio maior das sociedades contemporâneas, todas as economias buscam uma melhor inserção na comunidade internacional, garantindo um incremento de suas rendas com melhorias nas formas de consumo, renda e bem-estar social. Neste ambiente, os países que conseguiram angariar avanços substanciais construíram estratégias que combinavam uma efetiva ação política interna, investimentos crescentes em pesquisa, ciência e Tecnologia, planejamento econômico e consenso político entre os grupos sociais e políticos, sem estes, as nações não conseguiriam construir seu desenvolvimento. A história nos mostra que o desenvolvimento econômico é um tema político, nunca esqueçamos isso.
O avanço da escada tecnológica é um dos maiores desafios para as economias se desenvolverem, exigindo a intervenção maciça dos Estados nacionais, atuando em variadas frentes, investindo recursos em universidades, em centros de pesquisas e centros de desenvolvimentos tecnológicos, ao mesmo tempo, é fundamental que os atores estatais emprestem recursos a taxas de juros subsidiados, a proteção dos setores produtivos, compras governamentais e a construção de ambientes de credibilidade e de confiança.
Num ambiente de forte crescimento tecnológico, os países que conseguiram alçar o desenvolvimento econômico, conseguiram aumentar a escada tecnológica, transformando suas estruturas econômicas e produtivas, passando de produtores de mercadorias pouco sofisticadas e, com o passar dos tempos, conseguiram alçar novas capacidades produtivas, produzindo produtos mais sofisticados, construindo tecnologias inovadoras e elevando seus degraus produtivos. Estes países conseguiram transformar suas estruturas econômicas, enriqueceram e angariaram desenvolvimento econômico e melhoraram as condições de vida da população. Países que não conseguiram alçar a escada tecnológica ficaram para trás, sua população continua pobre, dependentes da importação de produtos de alto valor agregado e suas perspectivas econômicas são negativas e preocupantes.
Os economistas estruturalistas acreditam que os países que apresentam relevância em setores de mineração e de agricultura se encontram no começo da escada tecnológica, possuindo apenas solo fértil e reservas minerais. Com o crescimento da escada tecnológica, encontramos um processo de crescimento industrial em setores de baixo valor tecnológico, low tech, tais como vestuário, couros, alimentos processados, sabonete, bebidas, toalhas, sapato, manteiga, dentre outros, onde encontramos muitos países, com exceção dos algumas nações africanas.
Com o desenvolvimento da estrutura produtiva, os países conseguem crescer na escada tecnológica, chegando nos chamados de midian tech, suas estruturas econômicas são dominadas por setores mais elevados em tecnologia, produzindo produtos sofisticados, tais como as indústrias de autopeças, pneus, algumas maquinarias, angariando algum desenvolvimento industrial, embora modesto.
Com o passar dos tempos as estruturas produtivas são mais sofisticadas, as high tech, são grandes conglomerados, muitos setores oligopolizados ou duopólios, com a produção de máquina fina, maquinários de ponta, fármacos e mecânica de precisão, são setores que demandam capital humano sofisticado, grande inovação, alta tecnologia, pesquisa e desenvolvimento em relação as vendas e o faturamento. Neste mercado, os grandes atores são muito fortes e são dotados de grandes recursos monetários e financeiros, controlam o mercado e impõem seu poder financeiro como forma de controlar as sociedades e impedir a entrada de novos competidores, criando um ambiente de concentração de mercado e inviabilizando o surgimento de novos atores econômicos.
Neste ambiente, a atuação dos Estados Nacionais é imprescindível no desenvolvimento da escada tecnológica, como China e Coréia do Sul, que construíram setores altamente capacitados para competir no mercado global. Sem o desenvolvimento da escada tecnológica, países como o Brasil continuarão reféns de uma economia baseada em baixo valor agregado, dependentes de tecnologias e subordinados aos ditames dos mercados internacionais.
Ary Ramos da Silva Júnior, Economista, Especialista em Economia, Mestre, Doutor em Sociologia, professor universitário. Artigo publicado no jornal Diário da Região, Caderno Economia, 19/05/2021.