Escolhas políticas

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A integração econômica e a interdependência entre as nações vêm crescendo de forma acelerada desde a Revolução Industrial, aumentando a produtividade das economias, aumentando a competição e a concorrência entre os Estados Nacionais, empresas e indivíduos, transformando trabalhadores servis em assalariados e contribuíram ativamente para impulsionar a urbanização e trazendo novos desafios, oportunidades e a necessidade de escolhas cotidianas, gerando conflitos, preocupações e desesperanças.

As escolhas políticas são fundamentais para construirmos novos instrumentos de acumulação, criando modelos econômicos e produtivos, angariando novos espaços de empregabilidades e criando as bases para o desenvolvimento econômico das nações, reduzindo as desigualdades e construindo novos estilos de vida e novas formas de consumo, alterando as estruturas familiares, os hábitos e a convivência nas comunidades.

O conceito de desenvolvimento ganha relevância na sociedade da época e os intelectuais ganham espaços para estimular debates e reflexões para a construção de novos formatos de desenvolvimento econômico e a melhora do bem-estar social da sociedade, abrindo espaço para o desenvolvimento da ciência e para a construção do conhecimento que, na contemporaneidade, ganha relevância e centralidade para a melhora social e econômica.

Nesta trajetória, percebemos a importância e a urgência das decisões políticas, a construção de lideranças conscientes e capacitadas, tanto política como tecnicamente, para vislumbrar novos horizontes para suas nações, buscando a construção de um modelo econômico que inclua todos os grupos sociais, reduzindo as desigualdades, estimulando os investimentos produtivos e a geração de emprego, impulsionando suas economias para melhorarmos as estruturas produtivas.

Os investimentos produtivos prescindem de estabilidade, previsibilidade e racionalidade, conceitos econômicos fundamentais para criar as bases para que os setores produtivos incorram em riscos em seus investimentos, estimulando o espírito animal, como destacou o economista britânico John Maynard Keynes ao descrever as emoções que influenciam o comportamento humano e podem ser medidos em termos de confiança do consumidor.

Ao analisar a economia brasileira nas últimas décadas, destacamos o baixo crescimento do produto interno bruto (PIB), vislumbramos dificuldades para a construção de novos espaços de crescimento econômico, neste cenário percebemos a ausência de estabilidade, de previsibilidade e de racionalidade na gestão econômica e a construção de instabilidades políticas, levando os recursos monetários e financeiros para investimentos improdutivos, que acabam reduzindo a capacidade produtiva, gerando empregos de baixa qualificação, gerando e estimulando uma redução da renda da população, diminuindo o mercado interno, postergando a recuperação consistente da economia e, contribuindo, para o aumento da desigualdade que assola a sociedade brasileira à décadas.

Vivemos numa sociedade internacional marcada por grandes incertezas e volatilidades, depois de uma pandemia que vitimou mais de 15 milhões de cidadãos na comunidade global, percebemos uma guerra que pode gerar mais transtornos humanitários, além de destruição da infraestrutura das nações, problemas de desabastecimento de produtos alimentares, energéticos e combustíveis, que eleva os preços e, neste ambiente, os fantasmas da inflação se espalham para todas as regiões da comunidade internacional.

Muitos analistas acreditam que temos problemas econômicos que degradam o ambiente dos negócios e postergam a recuperação da economia e o funcionamento salutar das estruturas econômicas e produtivas. Embora acreditemos que tenhamos problemas econômicos na sociedade brasileira contemporânea, as maiores dificuldades são políticas, com escolhas equivocadas e imediatistas, discussões ultrapassadas, ausência de projeto nacional, discursos fora da realidade, políticas sociais degradadas, gestão patrimonialista e instituições inoperantes, posturas populistas e sem visão de futuro. Neste ambiente, como reativar a economia, alavancar os investimentos produtivos e a geração de empregos se percebemos, cotidianamente, que vivemos numa verdadeira bagunça institucional?

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Criativa, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no jornal Diário da Região, Caderno Economia, 27/07/2022.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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