Vivemos momentos de grandes escolhas na sociedade internacional, neste cenário, percebemos abertamente que a comunidade mundial vem passando por grandes transformações em todas as áreas e setores nas últimas décadas, mudanças que estão impactando todas as nações, alterando culturas e modificando o comportamento dos indivíduos, gerando incertezas e instabilidades, além de novas indagações, novos questionamentos, riscos e oportunidades.
Nos últimos trinta anos, percebemos o aumento da concentração de renda na sociedade global, poucos cidadãos possuem grandes recursos monetários e financeiros em detrimento de uma grande quantidade de indivíduos que vivem à margem desta riqueza global, gerando pressões políticas, acumulando ressentimentos, impulsionando rancores e violências que se espalham para toda a comunidade, levando os governos nacionais a aumentarem os investimentos na segurança pública como forma de debelar esses conflitos sociais que crescem de forma acelerada.
Neste período, percebemos as transformações climáticas na sociedade internacional, eventos distantes e espaçados no tempo estão acontecendo mais constantemente, alterações no clima tendem a transformar a produção de alimentos, a produtividade do solo e a reduzir as reservas de água potável, desta forma, os grandes especialistas vislumbram grandes conflitos militares num futuro próximo, com custos econômicos e sociais perversos.
Vivemos momentos de escolhas difíceis e contraditórias para todas as nações e para todos os governos, necessitamos de líderes conscientes deste desafio histórico e capacidade de analisar a sociedade contemporânea, as escolhas são difíceis e exigem maturidade política, consensos econômicos e uma grande capacidade de alavancar apoios políticos e institucionais, rechaçando respostas fáceis para problemas estruturais e contribuindo para a geração de novos instrumentos de esperança, um desafio gigantesco numa sociedade que se compraz com o medo e a desesperança.
A concorrência internacional motivada pelo processo de globalização econômica e o incremento da tecnologia vem exigindo dos governos e da sociedade fortes investimentos em capital humano, fortalecimento das pesquisas científicas e tecnológicas como forma de alavancar a soberania nacional e consolidando vantagens comparativas. No caso brasileiro, percebemos a ausência de um projeto nacional que coloque os investimentos em capital humano no centro das discussões políticas estratégicas, valorizando a escola, o conhecimento, as universidades e os professores, o que percebemos, infelizmente, são confrontos de lobbies organizados e interesses imediatos que atravancam um projeto mais consistente e que visam a perpetuação de uma condição de colonização e de subserviência no cenário global.
Numa sociedade como a brasileira é inadmissível manter taxas de juros escorchantes a mais de trinta anos, impactando fortemente os setores econômicos, os investimentos produtivos e a geração de renda. São escolhas como essa que perpetuam as desigualdades e nos mantem numa condição de indignidade social, limitação econômica e fragilidade moral.
Vivemos momentos de grandes escolhas políticas, estamos nos aproximando de eleições municipais, um momento de escolhermos os nossos representantes e o que queremos nos próximos anos. Neste momento, precisamos analisar as propostas e a viabilidade dos candidatos, sua trajetória, seus apoiadores e a sua capacidade de gestão administrativa e organização social, senão vamos continuar defendendo e perpetuando que “o inferno são os outros”, como disse, o grande escritor francês Jean-Paul Sartre.
Ary Ramos da Silva Júnior, bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.