Família, tendências e comportamentos

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A sociedade se transforma com grande rapidez, o mundo de nossos pais não é mais o mesmo do nosso e muito menos de nossos filhos, com isso vivemos cercados de medos e preocupações constantes com nossos familiares, a tecnologia crescente, a violência impactante, os crimes e descontroles, além de preocupações generalizadas com o álcool, com as drogas e com a criminalidade, tudo isso nos assusta e nos leva a colocar a família no centro de nossas preocupações cotidianas.

Uma das células sociais mais importantes para a sociedade é a família, que sempre desempenhou um papel central na estruturação dos indivíduos e na construção dos valores morais e éticos de seus membros, esta célula está, nos anos recentes, perdendo força e se tornando um espaço marcado por confrontos e violências variadas, desde as verbais até as físicas, onde seus integrantes estão se matando, é isso mesmo, se matando todos os dias e de forma crescente.

Nos anos recentes encontramos manchetes estampadas em jornais, revistas e em telejornais, descrevendo com detalhes crimes e assassinatos que chocam a sociedade, gerando comoção social e revolta em todas as classes sociais, pais matando filhos, filhas agredindo mães e mortes ocorrendo em casa, a violência está generalizada e a família sente na pele todas estas consequências deste mundo em transformação.

Mais de quem é a culpa por todos estes descalabros que acontecem em nossos lares e afetam nossos semelhantes? A resposta para esta questão é bastante difícil, existem muitos fatores que envolvem tal situação, uns individuais e outros coletivos, uns estruturais e outros conjunturais, mas perseguir a resposta para esta situação de instabilidade nos leva a muitas indagações particulares e também coletivas, que envolvem nossas atitudes e nossa estrutura econômica e política.

A estrutura econômica e produtiva dos últimos anos se alterou de forma crescente e definitiva, a tecnologia entrou no sistema produtivo gerando aumento na produtividade e redução nos preços dos produtos, com isso, passou a exigir dos trabalhadores uma busca constante por novos cursos e qualificações, todas estas novas exigências obrigaram os trabalhadores a reduzir seu tempo de lazer e de convívio familiar para mergulhar no mundo dos estudos, cursos e novos aprendizados, sob pena de serem relegados a um segundo plano dentro da sociedade marcada pela concorrência e pela competição entre os indivíduos.

A busca por qualificação e sobrevivência do mundo moderno contribuiu para a redução dos laços sociais entre os indivíduos, todos nós somos solidários uns com os outros, mas não nos movemos para auxiliar aqueles que passam por privações, todos sentimos as dores dos outros, mas poucos se mostram animados para amainar as dificuldades quando nos vemos numa situação de auxílio a um necessitado, são os paradoxos da vida contemporânea, falamos muito, sabemos muito, mas sentimos poucos e fazemos muito menos ainda pelo nossos semelhantes.

A Doutrina dos Espíritos nos mostra claramente que vivemos cercados de espíritos, e que estes constantemente influenciam nossas vidas e nosso comportamento, nos influenciando muito mais do que imaginamos e, em alguns casos, nos controlam e fazem com que ajamos de acordo com seus interesses e seus domínios. Muitas famílias são destruídas por atitudes marcadas pela vingança e pelo ódio de espíritos egoístas e covardes, que se escondem através do anonimato físico e disseminam mágoas entre familiares, que se digladiam verbalmente e, com isso, criam uma casa marcada por energias deletérias e destrutivas, culminando em violência física e degradação moral de seus membros.

Mesmo sabendo disso, a Doutrina dos Espíritos nos deixa claro que cabe a nós, seres encarnados, nos defender destas agressões de nossos irmãos desencarnados, não estamos tão indefesos quanto muitas vezes queremos acreditar, Deus, nosso pai maior, não nos deixaria reféns de seres invisíveis que, muitas vezes querem nos destruir e se utilizam do fato de serem invisíveis para nos agredir e plantar em nossos caminhos amargura e desavenças.

Todas as vezes que passamos por perseguições espirituais, em casa ou no trabalho, devemos nos perguntar quais as raízes destas perseguições? O que estamos fazendo para que sejamos perseguidos por estes irmãos que se comprazem com o mal?

Se fizermos uma análise séria vamos perceber que nossas atitudes equivocadas atraem espíritos doentes ou interessados nos gozos imediatos, a solução definitiva é uma alteração de nossos hábitos e costumes cotidianos, uma mudança qualificada onde abandonemos hábitos negativos e nos concentremos em um comportamento mais salutar que nos afastemos destes espíritos, ou melhor, destes irmãos que vivem momentos de maldades ou ressentimentos.

Nossos pensamentos dizem mais de nós do que qualquer outra coisa, quando cultivamos bons sentimentos e mantemos nossa mente atrelada a pensamentos salutares, o resultado imediato é que atraímos energias saudáveis, atraímos espíritos bons que nos auxiliam em nossas dificuldades cotidianas, agora, quando nossa mente está em desajuste atraímos apenas coisas deletérias, negativas, sentimentos menores, energias densas e pesadas que nos fazem muito mal, nos enfraquecem espiritualmente e restringem nossa capacidade física e espiritual.

O lar é um ambiente fundamental para cultivarmos bons hábitos e comportamentos cotidianos, é o local da conversa e da reflexão, e os pais tem um papel central nesta tarefa edificante, cabendo a eles o direcionamento dos filhos, sempre deixando claro, que os filhos são espíritos, tem suas histórias, apresentam suas bagagens cultural, intelectual e espiritual, apresentam ainda tendências variadas, desde as mais saudáveis até as mais perniciosas, cabendo aos pais um papel central, coibindo hábitos negativos e estimulando o desenvolvimento de bons comportamentos, objetivando, com isso, uma melhoria e um crescimento para o espírito reencarnante, a criança atual, mas que anteriormente, pode ter sido, ao extremo, um grande homem ou um carrasco da sociedade mundial.

O mundo cotidiano exige dos pais ou uma grande responsabilidade com relação ao futuro de seus filhos, pois são eles os agentes responsáveis pelo cultivo de bons comportamentos nos filhos, mas para isso, é fundamental que saibam que este plantio exige uma transformação em gestos, comportamentos e atitudes, os pais agora são exemplos para seus filhos, bons exemplos tendem a gerar atitudes salutares por parte das crianças, exemplos negativos podem estimular comportamentos futuros agressivos, egoístas ou violentos, que pode gerar nos pais responsabilidade extras pelos rumos e escolhas de seus filhos.

Pais caridosos e amorosos estimulam em seus filhos comportamentos parecidos, tornando-os sempre solidários com os semelhantes e necessitados, pais religiosos e atuantes em suas religiões ensinam seus filhos sobre a importância da oração e atuação doutrinária, pais estudiosos fornecem a seus filhos um instrumento central para que seus filhos passem a conhecer o mundo e entender as ações do cotidiano, deixando de lado a ignorância e cultivando a razão e o discernimento.

O mundo vive uma época de constantes mudanças, as violências e os medos constantes existentes no mundo podem ser revertidos, mas para isso, é fundamental que todos os agentes sociais assumem suas responsabilidades, terceirizá-las, como está sendo feito na atualidade por muitas pessoas e instituições é a melhor receita para levar a sociedade para um caos completo, onde os indivíduos tendem a perder o que resta de seus valores e comportamentos cristãos e a mergulharem na desesperança e na degradação moral.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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