Nos últimos meses, percebemos uma forte pressão dos mercados para que o governo federal reduza os gastos públicos e diminua a relação existente entre dívida e produto interno bruto (PIB), gerando fortes pressões dos mercados, principalmente do financeiro, que estão impactando sobre as taxas de juros e câmbio, com fortes constrangimento sobre a solvência fiscal do Estado Nacional.
Com o arcabouço fiscal criado pelo governo federal em 2023 o Ministro da Fazenda insiste na busca do déficit zero, forçando o ministério a buscar todas as formas de aumentar a arrecadação fiscal, incrementando a entrada da receita e melhorando as condições fiscais do governo federal, todos os recursos adicionais eram vistos como positivos para a melhora das contas públicas.
Mesmo assim, o mercado não acredita e nunca acreditou que o governo federal conseguisse zerar o déficit, desta forma, partiu para o embate e pressionou para que o governo adotasse uma revisão dos gastos, sugerindo cortes de recursos mínimos em Saúde e Educação, acabando com a valorização do salário-mínimo e das vinculações de benefícios sociais, desta forma, na visão do mercado, eram suficientes para que as questões fiscais fossem equacionadas.
As medidas sugeridas pelo mercado repercutiram no governo negativamente e forçaram o presidente da república a confirmar seu compromisso histórico de que não mexeria nos gastos sociais e não renunciaria a pisos na educação e saúde, desta forma, percebemos um impasse de difícil resolução.
Diante disso, percebemos um embate diário entre o mercado e o governo, onde o primeiro deu mostras de seu descontentamento pode gerar graves constrangimentos para a economia brasileira, impactando sobre taxas de juros, inviabilizando investimentos produtivos e postergando a recuperação econômica, ainda mais, como vivemos num momento de grandes incertezas na economia mundial, com graves conflitos militares, polarizações e desequilíbrios climáticos, que exigem uma atuação mais intensa dos governos nacionais, com gastos públicos e estímulos variados, os recursos fiscais são imprescindíveis para alavancar a economia nacional.
Neste momento, percebemos uma briga de foice, todos querem garantir seus benefícios, o governo quer continuar gastando, tributar mais e reduzir as distorções tributárias nacionais, os mercados querem que o governo reduza os gastos sociais e continuem garantindo folgas fiscais para manter os ganhos das taxas de juros praticadas pela Autoridade Monetária e o Legislativo quer continuar garantindo seus elevados ganhos das emendas PIX e repassem gigantescos de recursos em emendas parlamentares, sem transparência, sem fiscalização e garantindo ganhos para a classe política.
Vivemos um impasse, desta forma, a economia cresce pouco, as desigualdades sociais melhoram marginalmente, os grandes ganhadores desta situação de degradação política nacional continuam se refastelando neste banquete que poucos conseguem enriquecer em detrimento da degradação da maioria da sociedade nacional.