Insistindo no atraso

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A sociedade internacional vem passando por momentos nebulosos marcados por guerras fratricidas, conflitos políticos, degradação de regimes democráticos, devastação do meio ambiente, pobreza generalizada, fortalecimento em excesso do capital financeiro, devastação do mundo do trabalho, crescimento exagerado do poder político das grandes empresas de tecnologias, aumento do negacionismo e aversão ao pensamento científico, neste cenário, encontramos o incremento da desesperança, do crescimento da ansiedade dos indivíduos, depressão e a degradação da saúde mental dos trabalhadores, estamos num momento difícil da humanidade que exige lideranças conscientes dos desafios da sociedade contemporânea.

A sociedade contemporânea traz grandes desafios para todas as nações, as transformações tecnológicas exigem das empresas grande flexibilidade para compreenderem os anseios dos consumidores e se atualizar constantemente, evitando que outros atores econômicos e produtivos ganhem espaço neste ambiente, cada vez mais competitivo, instável e volátil. Aos indivíduos, os desafios não são menores, as mutações no mundo do trabalho exigem novas habilidades comportamentais que não são ensinadas nos modelos educacionais dominantes, gerando preocupações crescentes, medos e ressentimentos que culminam em fortes desgastes emocionais e afetivos, gerando ansiedades, depressões crescentes e degradação da saúde mental, esse último vem ganhando espaço no noticiário das mídias tradicionais e nas empresas com discursos superficiais, cheio de pompa e marcados pela superficialidade.

Neste cenário, as grandes nações estão aumentando seus investimentos em pesquisa e tecnologia, reestruturando seus modelos educacionais, aumentando os dispêndios em infraestrutura, investindo na melhora do capital humano e atraindo recursos para alavancar o desenvolvimento nacional, assim como foi feito nas nações asiáticas, tais como a Coréia do Sul, Taiwan, Indonésia, Singapura, Vietnã, China, Malásia, Japão, Índia, dentre outros. E, no Brasil, uma nação dotada de grande capacidade produtiva, empreendedorismo natural, recursos naturais pouco vistos na sociedade global, fonte inestimável de energia, mas, infelizmente, estimula-se cotidianamente, discussões secundárias, brigas entre poderes, uns querendo mostrar mais força política e capacidade de influência, deixando de lado as demandas da comunidade e fomentando agenda de grupos endinheirados com seus interesses particulares, vivemos numa sociedade marcada por conversas baseadas em futricas e intrigas, desconversando sobre os desafios nacionais, tais como a degradação da educação, aumento da pobreza urbana e o aumento da vulnerabilidade social, da insegurança e o incremento da malversação dos recursos públicos.

Enquanto as nações que crescem rapidamente no cenário internacional e se destacaram no cenário global entram na competição mundial com fortes investimentos nos seres humanos, defendendo as riquezas naturais, investindo no aumento do valor agregado dos produtos exportados, canalizando grandes recursos para desenvolver uma ciência sólida e consistente, construindo regulações modernas e se esforçando para desenvolver um aparato jurídico e institucional que preservem as riquezas nacionais, fortalecendo o meio ambiente, mas, infelizmente, percebemos grupos econômicos nacionais atrelados a interesses de conglomerados estrangeiros e políticos entreguistas que degradam o patrimônio nacional, entregando empresas estatais a preços irrisórios, mantendo taxas de juros escorchantes e penhorando a sociedade nacional e condenando as futuras gerações a exclusão e a pobreza generalizada.

Neste momento de incertezas globais, choque de tarifas comerciais e concorrências econômicas crescentes, percebemos a ausência de lideranças nacionais capazes de compreenderem os desafios contemporâneos e, ao mesmo tempo, uma grande quantidade de entreguistas e falsos nacionalistas que degradam o Estado e sobrevivem através de subsídios e isenções tributárias.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.

 

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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