A sociedade internacional vem percebendo que o mundo contemporâneo está, cada vez mais, centrado na busca frenética pelo lucro monetário, os agentes econômicos e políticos buscam o incremento dos ganhos materiais, numa sociedade que transforma tudo em mercadoria, os conceitos que dominam a sociedade estão centrados no imediatismo, no hedonismo e no individualismo, desta forma, a comunidade deixa de falar em direitos, justiça ou igualdade e passam a falar em metas, custos e resultados.
No século XXI percebemos novos conflitos e novas disputas na sociedade internacional, neste cenário, percebemos que novas demandas movimentam a economia internacional, as apostas estão no domínio das chamadas terras raras e nas energias sustentáveis, que tem potencial para reconfigurar a estrutura de poder global, levando ganhadores centenários a amargar perdas consideráveis e, neste ambiente, de constante concorrência, percebemos o surgimento de novos eixos de poder, de influência e de hegemonia.
Neste cenário, encontramos uma verdadeira guerra entre nações, os interesses privados se consolidam e superam os interesses coletivos, os governos nacionais empenham trilhões de dólares para defender seus setores produtivos, ao mesmo tempo, divulgam os ideais do liberalismo, da livre concorrência e das vantagens dos mercados autorregulados, uma verdadeira falácia que muitos difundem como verdadeiros papagaios, defendendo pensamentos ultrapassados que levam os incautos a defenderem ideias e teorias que privilegiam os donos do poder e contribuem para perpetuar as desigualdades visíveis da sociedade. Como disse Millôr Fernandes “Quando uma ideologia fica bem velhinha, vem morar no Brasil”.
Neste momento, percebemos o crescimento de uma nova disputa geopolítica, antes as grandes potências vinham extrair riquezas das nações subdesenvolvidas, transformando estas matérias primas em produtos complexos e industrializados, exportando a preços exorbitantes e garantindo lucros astronômicos em detrimento de uma degradação dos países exportadores de produtos primários, lembrando que este modelo sempre se caracterizou pela espoliação com a conivência de uma elite financeira dos países subdesenvolvidos, perpetuando salários reduzidos, degradação da vida dos trabalhadores, educação de péssima qualidade, saúde precária e transporte pública degradado.
Em pleno século XXI, percebemos a mesma estratégia das nações desenvolvidas, intensificando as pressões econômicas e produtivas, além de esforços políticos para terem acesso as riquezas das nações em desenvolvimento, adquirindo estas matérias primas a preços baixos, prometendo cinicamente a participação nas cadeias globais e, como na história dos países desenvolvidos, continuam explorando as nações mais atrasadas, garantindo ganhos substanciais para seus setores produtivos, suas elites globais e garantindo ganhos para as elites locais que vendem suas riquezas e se comprazem com os restos dos sócios externos.
Vivemos num momento estratégico para países como o Brasil, uma nação repleta de riquezas naturais, energias alternativas, solos abundantes e uma grande quantidade de minerais estratégicos, como as terras raras. Tudo isso nos coloca no centro de uma grande disputa global, onde várias potências apresentam interesses, promessas ousadas e valores monetários atraentes. As escolhas estão na mesa e os caminhos devem ser feitos com soberania, buscando retornos imediatos para a população, garantindo transferência de tecnologias e fortes investimentos em capital humano, evitando, como sempre na história nacional, que os ganhos se concentrassem numa pequena elite endinheirada, que fala do nacionalismo e abraça uma bandeira estrangeira.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Economias e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.

