Novas Tecnologias

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Vivemos um momento de grandes transformações tecnológicas, novos modelos de negócios surgem diuturnamente, novas demandas crescem de forma acelerada, o surgimento de novos mercados de consumo exigem que as empresas e as organizações se modifiquem, ganhando espaço para novas estratégias de sobrevivência, num mercado, cada vez mais competitivo que abarca produtores e consumidores de todas as regiões do mundo.

As novas tecnologias estão moldando o nascimento de uma nova sociedade, surgindo novos valores e comportamentos, os trabalhadores percebem as modificações no mundo do trabalho, as corporações sofrem demandas constantes e cotidianas, as universidades estão em constantes mutações e, desta forma, abrem espaços para novas oportunidades e, ao mesmo tempo, novos desafios, gerando expectativas crescentes, medos e constrangimentos.

As tecnologias estão transformando as formas de comunicação social, fenômenos mundiais que demoravam dias para se espalharem para a sociedade mundial, são vistos imediatamente em todos os quadrantes do globo, exigindo uma flexibilidade constante de todos os atores econômicos e produtivos, sob pena de serem ultrapassadas pelos concorrentes dotados de maior agilidade.

Todas estas tecnologias nascem dos grandes investimentos em ciência, pesquisa e inovação, cujos recursos aumentam e consolidam o conhecimento humano, transformando as formas de vida e de reprodução social, trazendo ganhos substanciais e, ao mesmo tempo, gerando destruição de muitas empresas e setores produtivos e, ao mesmo tempo, o nascimento de novos setores econômicos, exigindo novas qualificações, novas habilidades e novos comportamentos.

Os investimentos responsáveis pelo incremento tecnológico são oriundos dos governos nacionais e dos grandes conglomerados econômicos, que incentivam fortemente as pesquisas científicas e as inovações tecnológicas, vislumbrando melhoras e benesses sociais, além do aumento do lucro monetário, os ganhos de novos mercados, alegria dos acionistas e a satisfação de seus consumidores.

Até pouco tempo, as empresas nacionais atuavam em mercados altamente protegidos pelos governos locais, os investimentos em tecnologias eram reduzidos, os mercados eram marcados por pequena concorrência, setores fortemente oligopolizados, mercadorias com pouca qualidade e produtos de baixo valor agregado. Com a abertura econômica, percebemos uma verdadeira revolução no mercado nacional, a entrada de atores estrangeiros, com produtos melhores e maior qualidade, com isso, os mercados passaram a exigir uma modernização dos setores econômicos e produtivos, uns conseguiram sobreviver neste tsunami econômico, mas ao mesmo tempo, muitos setores sucumbiram, empresas quebraram, trabalhadores perderam seus empregos e passaram a adotar uma nova estratégica visando a sobrevivência.

As novas tecnologias exigem uma postura mais efetiva e mais consistente em investimentos científicos e tecnológicos, com foco na inovação, fortes aportes financeiros em educação e em pesquisa científica, evitando discursos evasivos da classe política e dos setores empresariais, este último, que pouco investe em tecnologias. Neste cenário, precisamos evitar a degradação das universidades públicas e dos centros de pesquisas que são eles os grandes responsáveis pelo desenvolvimento científico e tecnológico, evitar cortes sistemáticos de recursos e mostrar para todos os grupos sociais a importância das universidades e da pesquisa científica para alavancar o desenvolvimento do país. As mudanças econômicas globais nos mostram que a ascensão das nações asiáticas está associada aos grandes e consistentes aportes financeiros na educação, na ciência e no desenvolvimento tecnológico, construindo tecnologias nacionais, valorizando a ciência e evitando a perpetuação da dependência dos atores internacionais que reproduzem uma colonização mental que perdura a séculos.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.

 

 

 

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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