Nos últimos trinta anos, a economia internacional incluiu mais de 1 bilhão de consumidores ávidos para consumir, grande parte deste contingente saíram das nações asiáticas, gerando uma verdadeira revolução global e silenciosa, levando as empresas e as organizações a transformarem suas estratégias de produção, de logística, de marketing e de comunicação, como forma de satisfazer as mais variadas necessidades deste exército de compradores, com suas vontades, com seus desejos e buscando valorizar seus recursos monetários e financeiros.
Desde os anos 1980, as economias asiáticas estão transformando o cenário internacional, suas empresas estão trazendo novos modelos de negócios, aumentando a concorrência global, incrementando a produtividade do trabalho e exigindo de todas as nações severas transformações nas formas de gestão e organização produtiva, como forma de sobreviverem ao crescimento da competição no comércio global.
Nações como a China, Coréia do Sul, Taiwan, Japão, Indonésia, Malásia, Singapura e Vietnã estão gerando uma verdadeira guerra comercial e produtiva, transformando valores arraigados dos países ocidentais, reconstruindo as estruturas produtivas, investindo somas elevadas em capital humano e incrementando os dispêndios em infraestrutura.
A inclusão de milhões de trabalhadores asiáticos no mercado de consumo global pressionou as nações ocidentais a novos investimentos produtivos, aumentando os gastos em tecnologia, novos dispêndios em pesquisa e inovação, pressionando mercados monopolizados ou oligopolizados como forma de sobreviver às invasões de produtos asiáticos, empresas orientais e novos modelos de organização do trabalho.
O mercado de trabalho ocidental sentiu na pele o incremento da concorrência asiática, a inclusão desse contingente de novos consumidores, com novos modelos de trabalho, com salários achatados, ausência de benefícios sociais e emprego degradante trouxe grandes impactos para os trabalhadores ocidentais, que passaram a sentir no contracheque uma redução salarial e uma degradação das condições de trabalho, levando os trabalhadores a um visível empobrecimento, com cargas de trabalho escorchantes, metas elevadíssimas, além do aumento dos desequilíbrios emocionais, estresse, ansiedades, suicídios e desajustes variados.
As nações asiáticas investiram grandes somas de recursos financeiros no setor educacional como forma de capacitar seus trabalhadores para alcançarem um espaço na economia globalizada, forçando as nações ocidentais a saírem da letargia que viviam a muitas décadas, neste cenário, as empresas ocidentais sentiram a competição com as organizações orientais, com seus novos valores organizacionais, com uma cultura milenar e arraigada, com ênfase na consciência e na imaterialidade.
O crescimento asiático está transformando o capitalismo mundial, as empresas ocidentais e os valores do Ocidente. A difusão de empresas asiáticas na sociedade internacional como Lenovo, KIA, BYD, Hyundai, Shopee, Shein, Samsung, LG, Huawei, Baidu, TSMC, Chery, dentre outros grandes atores e conglomerados empresariais estão revolucionando a economia mundial, exigindo uma maturidade maior das nações ocidentais, tanto as desenvolvidas e as em desenvolvimento, como forma de competir no mercado internacional, sem esta maturidade o capitalismo asiático tende a dominar a sociedade internacional, impondo valores, comportamentos e formas de organização produtiva.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.