Vivemos numa sociedade integrada, interdependente e fortemente concorrencial, marcada por grandes transformações em todas as áreas e setores, com novos modelos de negócios, novas formas de acumulação econômica, alterações no mundo do trabalho, com fortes exigências de qualificação, com capacitação constante e medos crescentes das novas tecnologias, como a inteligência artificial, que abre novos horizontes para o mundo do trabalho, das comunicações e geram calafrios para os trabalhadores, principalmente aqueles que carecem de qualificação.
Neste cenário de fortes transformações constantes, percebemos que as nações estão se movimentando rapidamente para compreenderem os novos rumos e os novos desafios da economia contemporânea. Percebemos o nascimento de uma nova sociedade impulsionada pelo período pós-pandêmico, os novos negócios que estão crescendo rapidamente, as qualificações demandadas na sociedade global, os novos valores da comunidade, neste cenário, são imprescindíveis repensarmos a educação, o conhecimento, a ciência e a pesquisa científica, sua importância como um instrumento de conscientização social e fortalecimento político, na chamada Quarta Revolução Industrial.
No momento atual necessitamos de políticas públicas ousadas e inovadoras, lideranças capacitadas para compreenderem os desafios da sociedade contemporânea, que consigam compreender a importância da educação, com investimentos maciços em energias alternativas, fortalecendo a sustentabilidade, priorizando uma reindustrialização da economia, incentivando novas estruturas industriais, deixando de lado investimentos em energias poluidoras, revendo as isenções fiscais e financeiras que poucos benefícios trazem para a sociedade nacional e servem apenas para engordar os grandes conglomerados econômicos em detrimento da sociedade nacional.
Vivemos num momento que caminha a passos largos para uma sociedade multipolar, onde encontramos polos antagônicos que se digladiam para aumentar seus instrumentos de poder e de influência, neste momento, percebemos que a liderança prescinde de uma nova visão geopolítica, observando os contendores, seus interesses e sua capacidade de negociação, seus recursos disponíveis e a disponibilidade de negociação, vislumbrando interesses nacionais, deixando de lado uma visão subalterna, de subserviência e que contribuem para perpetuar nosso subdesenvolvimento.
Os desafios contemporâneos não são apenas econômicos, somos bombardeados por desafios sociais, políticos e culturais. Esses desafios estão presentes em todas as regiões do mundo, todas as nações sentem na pele que os momentos são desafiadores, exigindo uma união constante entre todos os grupos sociais, deixando de lado seus interesses imediatos em prol de uma sociedade mais consciente, mais equilibrada e centrada em valores mais democráticos e republicanos. Nos últimos anos estamos cultivando conflitos variados, estamos degradando nossa estrutura econômica e produtiva, mantendo e incentivando taxas de juros proibitivas que garantem altos lucros financeiros para setores rentistas e financistas que pouco trazem benefícios para a sociedade nacional. Estamos nos degradando politicamente com uma sociedade fortemente polarizada e destrutiva, cada um dos contendores esforça para gritar mais alto e reverberar sua insanidade, deixando de lado uma sociedade em franca decadência, vivendo de migalhas e esmolas de grupos que motivam estas polarizações e enchem seus bolsos com a degradação da sociedade nacional.
Neste momento de grandes incertezas e instabilidades da sociedade mundial, está na hora de refletirmos sobre a fala do grande físico Albert Einstein: “Fazer todos os dias, as mesmas coisas e esperar resultados diferentes é a maior prova de insanidade”. Nos últimos quarenta anos estamos fazendo o mesmo discurso econômico, arrocho salarial, austeridade fiscal, abertura econômica, privatização, desindustrialização, desestímulo a produção e o incentivo crescente do rentismo e da agiotagem, dessa forma a nossa economia perdeu o rumo, nossa dívida social aumentou e nossas perspectivas de sucessos ficaram para trás. Será que, como disse Albert Einstein, somos prova de insanidade?
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Criativa, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor universitário. Artigo publicado no jornal Diário da Região, Caderno Economia, 10/05/2023.