Oportunidades asiáticas

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Constantemente estamos refletindo sobre as grandes dificuldades da sociedade global, conflitos crescentes, aumento da desigualdade, degradação do meio ambiente, desemprego em ascensão, crescimento da tecnologia, dentre outros, que exigem uma participação mais efetivas dos governos nacionais, com políticas públicas mais estruturadas e consistentes, investimentos em infraestrutura, financiamento de pesquisa científica e geração de empregos, além de uma estratégia de reindustrialização da economia, diminuindo a dependência de produtos industrializados importados e uma autonomia política para defender seus interesses nacionais.

Percebemos que os ventos internacionais estão soprando a favor da sociedade nacional, levando-
nos a reconfigurar seu papel global e construindo novos espaços geopolíticos, neste cenário estamos observando uma nova consciência sobre as relações internacionais e a importância de reconstruirmos nossa estrutura econômica, buscando novos espaços de atuação, como a economia da saúde, a economia verde, a bioeconomia e as energias limpas, dentre outros setores econômicos e estratégicos que podem impulsionar a sociedade e fortalecer a economia local.

O mundo contemporâneo é marcado por grandes desafios e oportunidades, a concorrência cresce e colocam as nações em constantes confrontos econômicos e geopolíticos, exigindo uma unicidade interna dos agentes políticos e produtivos. Nestes cenários de incertezas e instabilidades, as empresas buscam apoios internos, recursos financeiros subsidiados e proteção externa como forma de sobrevivência e angariar espaços em mercados internacionais. As nações que não compreenderem as novas regras do cenário global e continuarem defendendo ideias ultrapassadas serão destruídas no cenário de competição exacerbada.

A ascensão asiática nos traz grandes ensinamentos para economias como a brasileira. Como compreender as grandes transformações de nações que eram marcadas por uma economia de sobrevivência, centradas em produtos de baixo valor agregado e população pouco qualificada e que, num período de menos de quarenta anos, conseguiram revolucionar sua estrutura produtiva, investindo fortemente em educação de qualidade, incentivos monetários para seus atores internos, com crédito farto e taxas de juros reduzidas e cobranças crescentes para angariar espaços econômicos internacionais e ainda, devemos destacar as pressões feitas pelos governos nacionais para que empresas estrangeiras, ao se instalassem, transferissem tecnologias avançadas.

Sem essas políticas públicas, dificilmente essas nações conseguiriam ostentar dados econômicos surpreendentes, com taxas elevadas de industrialização, com forte capacidade de produção de produtos de alto valor agregado, com forte valorização da ciência e da tecnologia, com desemprego baixo e renda per capita em ascensão.

Na contemporaneidade, as políticas adotadas anteriormente pelos países asiáticos se tornariam mais difíceis, as instituições globais restringem essas políticas e impõem limitações, com isso, as nações devem utilizar políticas ousadas para auxiliar na reconstrução das economias. No caso brasileiro, precisamos utilizar um ativo fundamental para o desenvolvimento econômico, precisamos fomentar o mercado interno, fortalecendo um universo de mais de duzentos milhões de pessoas sedentos de consumo e fonte de grandes lucros para atores externos e internos.

Neste momento, é fundamental uma política externa soberana, sólida e centrada em valores democráticos, assertivos e de inclusão social, negociando com outras nações a transferência de tecnologias, aprendendo com países que estão mais avançados, barganhando conhecimentos, recrutando profissionais altamente qualificados que fugiram do Brasil, valorizando a ciência e reestruturando as políticas de estímulo ao desenvolvimento tecnológico, transformando-as em políticas de Estado, garantindo recursos sólidos e consistentes, utilizando a Amazônia como um espaço de fortalecimento da ciência nacional e deixando de lado uma visão ultrapassada de pilhagem, de exploração e de destruição.

Neste momento, percebemos que as mudanças geopolíticas são imensas, novas lideranças, novos projetos e novos horizontes, precisamos de novas experiências, novos valores e precisamos renovar nossas esperanças.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Criativa, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no jornal Diário da Região, Caderno Economia, 19/04/2023;

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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