Protecionismo

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Nos últimos anos, principalmente depois da crise financeira de 2008, a economia internacional vem percebendo o incremento do protecionismo, as nações estão aumentando as medidas protecionistas como forma de fortalecer suas estruturas econômicas e produtivas internas, reduzindo a entrada de produtos produzidos em concorrentes diretos para fortalecer suas empresas nacionais, impedindo que empresas internacionais gerem constrangimentos para suas organizações internas.

Neste ambiente, percebemos uma alteração nítida e evidente do discurso econômico de muitas nações desenvolvidas. Anteriormente, essas nações defendiam fortemente a abertura econômica, a privatização generalizada de empresas estatais e o incremento da competição como forma de alavancar seus setores produtivos, rechaçando toda e qualquer intervenção dos governos nacionais, vistos como negativos, perdulários e geradores de privilégios elevados.

Atualmente, os discursos estão sendo alterados, nações desenvolvidas vêm perdendo espaço no comércio internacional, empresas altamente qualificadas e geradoras de grandes ganhos financeiros e dotados de alto valor de mercado, estão perdendo espaço para organizações mais eficientes, ágeis e flexíveis, com novos modelos de negócios, ganhando valores no mercado global e gerando graves perdas econômicas para organizações tradicionais, levando muitas nações a adotarem medidas de salvaguarda para impedir que essas organizações nacionais sejam engolidas por concorrentes internacionais e gerando graves constrangimentos internos.

O protecionismo sempre existiu na economia mundial, as nações que conseguiram alçar seu desenvolvimento industrial e produtivo só conseguiram se desenvolver através de medidas de proteção, de políticas industriais ativas, de compras governamentais e de subsídios generalizados de seus governos nacionais. Embora saibamos que essa fórmula, que foi fortemente adotada por todas as nações que conseguiram se desenvolver, todos os países que tentaram adotar essas mesmas medidas foram fortemente criticados, pressionados e fragilizados financeiramente como forma de inviabilizar seu crescimento industrial, garantindo a perpetuação da dependência externa.

Na contemporaneidade, percebemos a ascensão asiática, principalmente o crescimento da China, do Japão,, da Índia e da Coréia do Sul, angariando grande crescimento econômico, produtivo e tecnológico, ameaçando posições ocidentais conseguidas ao longo de todo o século anterior e gerando constrangimentos internos na Europa e nos Estados Unidos, obrigando seus governos a adotarem políticas fortemente protecionistas, rasgando seus manuais de economia política como forma de sobrevivência, num mundo marcado pela forte competição externa, pelo surgimento de novos espaços tecnológicos e novos modelos de negócios.

Neste momento, os governos ocidentais de países desenvolvidos estão injetando trilhões de dólares em seus setores produtivos, impedindo a entrada de novos competidores e criando formas de atração de empresas internacionais, organizações dotadas de grande complexidade econômica e auxiliando na redução dos hiatos produtivos de concorrentes externos.

Vivemos momentos de grandes instabilidades e incertezas em todas as regiões do mundo, os discursos dos defensores da abertura econômica perderam espaço, antes de estimularmos a concorrência generalizada, precisamos repensar as teorias que dominaram a economia internacional e contribuíram ativamente para o incremento das riquezas na comunidade global, mas infelizmente, aumentaram o fosso entre os grupos sociais, aumentando as desigualdades, incrementando a exclusão e a indignidade. Neste cenário, para piorar, estamos cada vez mais envoltos numa guerra de grandes proporções que podem culminar numa destruição nuclear.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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