Vivemos momentos de grandes inquietações. Vivemos momentos de grandes transformações estruturais. Vivemos momentos de desesperanças e preocupações constantes. Vivemos momentos de grandes oportunidades e grandes desafios. Vivemos momentos de conflitos globais, mudanças geopolíticas e guerras devastadoras. Vivemos um momento de lembranças, memórias e saudades crescentes. Vivemos numa sociedade, marcada por poucas certezas e grandes incertezas, onde a economia se transforma, destrói modelos de negócios e, ao mesmo tempo, criam esperanças e realizações.
Neste ambiente, percebemos que os conflitos econômicos se alteram em momentos de cooperação intensa, as nações vivem num cenário de forte integração econômica e produtiva. Os modelos econômicos geram uma interdependência entre governos e sociedade, exigindo uma forte dose de sabedoria nas relações internacionais. Neste cenário, percebemos os conflitos econômicos entre os Estados Unidos e a China gerando impactos sobre toda a economia internacional, criando alianças pontuais, medos e alinhamentos, tudo isso, contribuindo para acirrar as rivalidades.
Nesta sociedade, percebemos que, embora essas nações almejem a hegemonia no mercado internacional, sabemos que são duas nações que estão totalmente integradas e interdependentes uma com a outra, levando os conflitos econômicos e os confrontos políticos para problemas muito além de seus territórios, impactando fortemente para outras regiões e seus parceiros comerciais. Os confrontos econômicos se transformam em conflitos culturais, motivando violências crescentes, xenofobias abertas e agressividades que prescindem de uma diplomacia mais amena e mais construtiva, rechaçando ressentimentos, agressões e ódios generalizados.
A globalização econômica contribuiu ativamente para essa integração produtiva. São nações que se tornaram interdependentes, levando a um aumento do superávit comercial a favor da economia chinesa. Com esse incremento comercial, a China acumula muitos recursos monetários investindo-os maciçamente sobre os títulos norte-americanos, desta forma, as duas economias estão totalmente integradas e interdependentes, uma dependência mútua que prescinde de uma convivência mais harmoniosa. Os Estados Unidos dependem da importação dos produtos industriais chineses e, em contrapartida, a China precisa fortemente do dinamismo do mercado interno norte-americano.
A China possui a maior estrutura industrial do mundo, responsável por mais de 34% da indústria globo, em contrapartida, a economia norte-americana perdeu espaço na indústria global, perdendo empresas e transferindo plantas industriais para as nações asiáticas, notadamente a China, investindo bilhões de dólares na economia chinesa e, para satisfazer as necessidades da sua população, absorvendo bilhões de dólares para garantir o consumo da população norte-americana, gerando uma dependência conjunta entre as duas nações.
Neste cenário, percebemos que os conflitos estão centrados nas questões ligadas à Taiwan, uma região pertencente ao gigante asiático, que almeja sua autonomia, gerando um grande imbróglio que poderia culminar em conflito militar com a entrada dos Estados Unidos neste conflito, defendendo seus interesses gerando instabilidades crescentes na região, uma verdadeira corrida armamentista na Ásia que traria graves constrangimentos para a economia internacional.
Por trás deste conflito, encontramos uma nação, Taiwan, que conseguiu se desenvolver economicamente com fortes investimentos em tecnologia, melhorando as condições de vida de sua população e, neste caminho, angariou uma posição central na economia internacional, desenvolvendo tecnologias avançadas e ultrassofisticadas na produção de microprocessadores, os chamados Chips, instrumento central no mundo contemporâneo, na chamada sociedade do conhecimento. Neste conflito, o domínio da tecnologia de Taiwan pode ser um diferencial para o incremento tecnológico chinês no setor de microprocessadores, reduzindo a distância entre as nações que buscam a hegemonia internacional.
Embora percebendo que as nações sejam interdependentes e integradas, os conflitos entre nações hegemônicas tendem a criar constrangimentos internacionais, aumentando instabilidades e incertezas. Será que não aprendemos nada com a pandemia?
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Comportamental, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no jornal Diário da Região, Caderno Economia, 31/05/2023.