Não é uma novidade para ninguém que vivemos numa sociedade global marcada por grandes incertezas e instabilidades, dificuldades econômicas crescentes, desafios geopolíticos, conflitos militares, desigualdades sociais, degradação ambiental, crescimento da imigração e as polarizações políticas. Neste ambiente, as perspectivas são preocupantes, aumentando o individualismo, o imediatismo, a violência e a insegurança, levando muitos indivíduos e grupos sociais a pregarem medidas extremadas, respostas insatisfatórias e teses equivocadas, postergando soluções e reflexões mais estruturadas.
A economia internacional vive momentos de volatilidades, inflação crescente com impactos sobre a renda da população, taxas de juros elevadas, aumento do desemprego ou degradação das condições de trabalho, endividamento da população e o crescimento das desigualdades sociais, contribuindo para a construção de um cenário econômico com baixo crescimento e aumento da pobreza. A eclosão de uma guerra na Europa aumenta os custos energéticos, eleva os preços dos combustíveis, dificuldades econômicas para empresas e conglomerados, levando governos nacionais a nacionalizarem setores, aumentando os subsídios para impedir as asfixias dos consumidores, com isso, impedindo a bancarrota das famílias e dos setores produtivos, além de pressionarem as contas públicas, elevando o endividamento das nações com juros maiores.
Depois de uma pandemia que gerou milhões de mortos em todas as regiões do mundo, o mínimo que a sociedade mundial deveria fazer era auxiliar na reconstrução das estruturas econômicas, produtivas e sociais devastadas, reaproximando as nações, coordenando as ações necessárias e reconstruindo novos espaços de investimentos públicos e privados, além de recuperarem a educação e a saúde, setores que foram imensamente impactados. Neste momento, infelizmente, o pós-pandemia incrementou os conflitos militares, aumentando os gastos bélicos e as rivalidades entre as nações, os discursos ásperos nos encontros mundiais, os comportamentos hostis e agressivos, gerando animosidades e preocupações com a escalada de uma guerra nuclear, cujos impactos são assustadores, perturbadores e incalculáveis.
Vivemos um momento de grandes desafios e oportunidades, onde devemos destacar o aumento das desigualdades econômicas e sociais. que crassa a comunidade internacional, neste cenário um pequeno grupo de bilionários domina a grande parte das riquezas globais em detrimento de uma massa de indivíduos fragilizados e precarizados, sem empregos, sem benefícios, sem perspectivas e sem dignidades. Sem combatermos as desigualdades crescentes da sociedade contemporânea, gerados por um sistema excludente, imediatista e dominados pelos agentes financeiros, os conflitos tendem a aumentar, as desigualdades tendem a elevar, os medos tendem a crescer e a insegurança tende a aumentar.
Percebemos ainda, neste ambiente externo instável, o aumento das tensões entre as grandes potências econômicas, EUA e China, constantemente duelam verbalmente nos palcos internacionais, gerando incertezas econômicas e preocupações políticas, que impactam negativamente sobre investimentos, aumentando o protecionismo e políticas unilaterais que prejudicam o sistema econômico e produtivo mundiais, reduzindo a oferta de empregos e fragilizando as condições de vida da população global.
Depois de uma crise sanitária como a gerada pelo coronavírus, que fragilizou as sociedades e criou desafios contemporâneos, um conflito militar e o incremento de confrontos econômicos entre as grandes superpotências, podem piorar as condições econômicas internacionais, aprofundando a desigualdade social e a degradação das estruturas políticas e sociais, abrindo espaço para o surgimento de movimentos autoritários, mais violência, discursos de ódio e desesperanças.
A situação internacional gera preocupações e constrangimentos, além do ambiente econômico hostil, destacamos os problemas climáticos e as questões de imigração que necessitam de uma cooperação internacional e lideranças políticas engajadas e, internamente, precisamos reconstruir novos espaços de sociabilidade, aumentando nossa autonomia, fortalecendo a democracia, reduzindo a pobreza e retomando o verdadeiro crescimento econômico.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no jornal Diário da Região, Caderno Economia, 28/09/2022.