Senhores da guerra

Compartilhe

A sociedade internacional vive um momento de grandes conflitos militares que opõem nações, grupos sociais e segmentos culturais, buscando o aumento de seus interesses materiais e ganhos imediatos, visando a acumulação de recursos econômicos, políticos e sociais, se cegando para valores transitórios e deixando de lado valores centrais para a construção da civilização, de convivência humana e da solidariedade, com isso, percebemos o crescimento das violências, das degradações e da desesperança em toda a humanidade.

Embora saibamos que as guerras, as violências e os conflitos entre povos e nações sejam situações degradantes, que geram destruições, medos e desesperanças, percebemos que existem na sociedade global, indivíduos, instituições e grupos sociais que ganham com estas destruições, espalhando a instabilidade, as incertezas e as turbulências, angariando fortunas, acumulando riquezas, ganhando espaços na mídia e nas redes sociais.

Na contemporaneidade os conflitos militares cresceram de forma acelerada, nações são destruídas, milhares de pessoas são mortas, famílias são esfaceladas e seus sonhos ficam pelo caminho, gerando horrores e brutalidades, aumentando as fortunas dos senhores da guerra, especialistas em destruição em massa, que se comprazem com o estímulo dos conflitos militares, acumulando recursos com a venda de armas, de tecnologias militares, de equipamentos de espionagem e de treinamentos variados.

Neste momento, a comunidade internacional sente na pele os impactos sobre a guerra entre ucranianos e russos, que podem trazer desfechos preocupantes e assustadores. De um lado, percebemos os senhores da guerra estimulando o incremento do conflito militar, vendendo armas e tecnologias militares, além da venda de aviões de combate e alterando as estratégias militares de muitas nações, canalizando maiores recursos para a defesa; de outro lado, percebemos os clamores silenciosos da destruição e da devastação gerada pelo conflito, onde as mortes e os desesperos não mais sensibilizam a comunidade internacional.

O conflito na Ucrânia está mostrando os valores que dominam a comunidade internacional, governos se armam militarmente buscando uma suposta segurança, omitem informações relevantes, estimulam discursos inflamados e ofensivos que espalham rastros de ódio e ressentimento. Neste cenário, percebemos que os mais afetados são os mais pobres e fragilizados, que passam fome diuturnamente, perdem seus empregos e se percebem sem perspectivas, sem rendas e sem esperanças.

Na pós-pandemia, o mundo precisa reconstruir novos espaços de convivência pacífica entre os povos, compartilhando ideais que contribuam para a construção da humanidade, deixando de fomentar as guerras e os ganhos materiais num ambiente de destruição, degradação e de incivilidade.

Na contemporaneidade, precisamos reconstruir os Estados Nacionais, aumentando os investimentos em saúde pública, melhorando a comunicação entre as nações, aumentando os investimentos na educação e na formação dos cidadãos, além de garantir que as nações busquem espaços de convivência, garantindo que as políticas públicas melhorem as condições das pessoas e, evitem que estas políticas se concentrem nos mesmos grupos que vivem e sobrevivem parasitando os recursos públicos.

A sociedade internacional vem vivendo um momento de crescimento dos preços e da inflação, que se espalha para todas as regiões do mundo, fruto das guerras fratricidas que estão degradando as comunidades, gerando incertezas e instabilidades, mas, em contrapartida, garantem grandes lucros para poucos e a miséria para uma maioria dos indivíduos das nações.

Precisamos desestimular as escaladas armamentista que ecoam dos senhores das guerras e precisamos estimular as discussões diplomáticas e civilizadas, reduzindo os conflitos e estimulando as integrações comercial e produtiva, sem estes acordos, a sociedade internacional sentirá, rapidamente, que o crescimento das guerras e dos conflitos militares tendem a acelerar a destruição da civilização humana.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Criativa, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no jornal Diário da Região, Caderno Economia, 13/07/2022.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

Leia mais

Mais Posts

×

Olá!

Entre no grupo de WhatsApp!

× WhatsApp!