Socorro espiritual na pandemia

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Vivemos um momento de medos e preocupações em todas as regiões do globo, a pandemia está alterando os comportamentos, as pessoas estão amedrontadas, as dificuldades crescem e criam desesperanças em todas as nações, da mais ricas as mais empobrecidas, estamos vivendo sem rumos, a população carece de informações seguras e confiáveis para acalmar os corações e clamamos por líderes conscientes e capacitados para conduzir neste momento de guerras, onde os inimigos são invisíveis e dotados de forte potencial de destruição.

Neste momento de desesperanças, muitas pessoas se revoltam com os desígnios divinos, enfatizando que, nesta pandemia, fomos abandonados pelo mais alto, se acreditando sozinho e desassistidos, criando um caldo de depressão, ansiedades e, muitos nos momentos de desesperos, cometem o maior dos crimes que os seres humanos podem cometem, o suicídio. Neste momento, as dores crescem de forma acelerada, os medos aumentam, os distanciamentos, as dores da alma e se percebem, cada vez mais, vitimados por inimigos espirituais, muitos deles são dotados de ódios, mágoas e ressentimentos.

A sociedade presencia momentos de destruições e devastações, onde espíritos desencarnados se aproveitam da situação para arquitetar as mais íntimas vinganças, acreditando que suas atitudes tresloucadas ficariam sem punição, neste momento de desesperos as pessoas percebem as vulnerabilidades que estão envoltos na sociedade, sendo que, somente aqueles que comungam com os verdadeiros sentimentos de moral e de solidariedade, mesmo percebendo os ataques das trevas, sentem a proteção e o amparo dos espíritos elevados.

Nesta pandemia, a comunidade se esquece de inúmeras pessoas que se desdobram para melhorar o ambiente dos indivíduos, profissionais das mais variadas áreas da saúde, religiosos e líderes espirituais que se dedicam para levar os corações mais degradados pelas dores e ressentimentos, são espíritos elevados que se desdobram para amenizar as dores das almas mais fragilizadas, levando conforte e esperanças. Estes espíritos atuam em todos os cômodos da sociedade mundial, desde os mundos espirituais, no invisível, nas colônias espirituais e nos mundos materiais, são verdadeiros espíritos de luz que desdobram para enxugar as dores dos que sofrem, se angustiam e se desesperam.

No livro Nosso Lar, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ditado pelo espírito André Luiz, destacamos um momento de preparação da colônia para receber a chegada de espíritos vitimados pela segunda guerra mundial, um momento de grandes dores e desesperanças, onde a espiritualidade se preparou para receber, da melhor forma, os desencarnados no conflito. A chegada destas entidades no mundo espiritual foi planejada pelos dirigentes da colônia, as pessoas estavam muito assustadas e revoltadas com a situação, o conflito gerou grandes degradações em todas as regiões, a atuação dos socorristas do mundo imaterial foram fundamentais para equilibrar os desencarnados, confortar os familiares e contribuir para enxugar as dores mais íntimas dos corações emocionados.

Vivemos um momento parecido nos períodos de guerras e conflitos militares, nos planos superiores os espíritos se desdobram para auxiliar as pessoas vitimadas pelo vírus do covid-19. Os medos crescem, os conflitos se intensificam e as desesperanças acometem todos os espíritos, suas lágrimas reverberam para todos os familiares, gerando desequilíbrios sentimentais, ressentimentos generalizados e, neste momento, o auxílio espiritual é fundamental, sem estes amparos as dores se tornam cada vez mais intensas, levando-os a loucuras imediatas, violências e crueldades.

Os espíritos se fortalecem para auxiliar os recém desencarnados, unindo em prol da comunidade material, fortalecendo suas energias e angariando novos instrumentos de proteção, sabendo que o desafio gerado pelo coronavírus exige os mais sentimentos dos seres humanos e espirituais, amor, solidariedade e caridade.

A sociedade mundial está envolta em grandes dificuldades, o planeta Terra é um espaço de expiação e provas, neste momento sabemos que a felicidade não faz parte deste mundo, somos viajantes de uma embarcação que não nos garante a felicidade total, vivemos momentos de felicidade, espasmos de alegrias combinadas com dores, tristezas e frustrações, desta forma caminhamos em prol de momentos melhores e mais consistentes, rumando para um mundo de regeneração. A pandemia pode ser compreendida como um passaporte para esta evolução, embora não queiramos compreender, este momento é fundamental para a construção de nossa ascensão como seres humanos e, principalmente, como seres espirituais.

A pandemia nos dá a oportunidade de compreendermos os rumos que a civilização está caminhando, este momento percebemos que a solidariedade entre os seres humanos se mostra cada vez frágeis, os grupos mais abastados se esquivam de adotar políticas em prol dos mais fragilizados, com isso, as dores e as mortes crescem de forma acelerada. No mundo capitalista, centrado na acumulação e enriquecimento, onde a concorrência se torna a bíblia sagrada dos novos capitalistas, o capital se tornou a grande religião, seu poder destruidor aumenta e a desigualdade cresce, levando os grupos mais vulneráveis ao desencarne e a degradação. Estas elites precisam desenvolver a empatia e a solidariedade, sem estes sentimentos perceberemos que o crescimento do coronavírus tende a matar milhões de pessoas, deixando um rastro de ódios e ressentimentos em classes, levando os países a convulsões sociais.

Neste momento, todos os grupos precisamos de união para superar este inimigo invisível, que muitos poderiam acreditar que o vírus seja o grande inimigo da sociedade global, mas estamos nos referindo aos vírus do desamor e da falta de solidariedade, estes sentimentos são cruciais para reconstruir as bases do mundo globalizado. A ciência contemporânea nos deu mostras claras de seu desenvolvimento nos últimos anos, os maquinários de comunicação cresceram de forma acelerada, a informática aproximou as pessoas de todas as regiões do mundo, os desenvolvimentos das áreas da saúde, as novas técnicas de tratamentos, as pesquisas educacionais avançaram em algumas regiões, todo este crescimento deve ser celebrado efusivamente, mas precisamos destacar que precisamos abrir caminho para sentimentos melhores, os respeitos para os seres humanos, a inclusão e a solidariedade são instrumentos de caridade, expressão destacada pelos conhecimentos espíritas, que se preconizou a importância da caridade para a construção dos laços de amor e evolução espiritual.

Neste momento percebemos autoridades irresponsáveis se utilizando da situação de medos e desesperos da população para enriquecer, desviando recursos escassos e acreditando na ausência nas punições, esquecendo que, muitas vezes, esta punição na virá no mundo material, um ambiente marcado por irresponsabilidades e injustiças, mas num outro momento, já que acreditamos fielmente na existência de outras vidas e locais melhores, marcados pela justiça, pela punição e pela responsabilização de seus comportamentos.

Muitas pessoas querem acreditar que a pandemia é uma punição divina, esta visão é muito limitada e imediatista, alguns enxergam a existência de um Deus autoritário e arbitrário, como aquele existente no período feudal, que foi criado pelas religiões como forma de gerar medos e subserviências, garantindo poder político e benesses econômicos. O espiritismo nos mostra que o Deus é sempre amor e solidariedade, nada de punição e autoritarismos, vivemos um momento de grandes consequências, estamos colhendo as escolhas que fizemos anteriormente, apoiamos o imediatismo, o mundo do consumo nos traz prazeres e deixando as leituras edificantes e nos alegramos com os programas superficiais, as escolas transformam as narrativas e se concentram no enriquecimento, estimulando a construção de consumidores e deixando de lado os cidadãos, mostrando através da educação que vivemos, ou deveria viver, numa sociedade marcada por direitos e por deveres, este último sempre esquecidos.

Neste momento percebemos os hospitais lotados no mundo material, ao mesmo tempo, percebemos que os relatos vindos do mundo espiritual, que na pátria espiritual os hospitais também estão lotados, as pessoas desesperadas, os ressentimentos crescem, as energias negativas se avolumam, a saudade de seus familiares e a desesperança cresce, vivemos um momento de transformação que exige a união e a solidariedade. A oração deve ser estimulada todo o momento, neste instante de desesperança a ligação com os entes espirituais deve ser aumentada, as famílias devem ser fortalecidas, as amizades devem ser consolidadas, as rivalidades devem ser esquecidas, as desavenças devem ser deixadas de lado e, posteriormente, devem ser transformadas em espaços de solidariedade e conscientização espiritual, deva forma, perceberemos que o caminhar, neste momento de adversidades, será mais protegido e iluminado.

A pandemia desnudou as pobrezas materiais da humanidade, vivemos numa guerra fratricida entre ricos e pobres, a desigualdade é a tônica do mundo contemporâneo, a ciência foi apropriada por pequenos grupos mais aquinhoados, controlando as riquezas da sociedade e monopolizando a informação e o conhecimento, uma sociedade como esta não se sustenta, este modelo econômico é excludente e se compraz com a degradação, desta forma conseguiremos compreender os rumos desta caminhada, somos frutos de nossas escolhas, se vivemos a pandemia somos responsáveis pelas destruições e seremos chamados a prestar contas por todas as destruições que estamos presenciamos, somos responsáveis pelas escolhas anteriores, são estas escolhas que levamos para a pandemia, pela ausência da solidariedade e pela ausência da empatia. Precisamos repensar as escolhas, logo estaremos num outro estágio do ser humano e responderemos pelas escolhas imediatas, no mundo espiritual teremos que responder pelos nossos equívocos e pelo imediatismo e não poderemos colocar a culpa de nossas desditas por outros atores.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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