Numa sociedade marcada por tantas instabilidades, onde as tecnologias ganham espaços crescentes, onde a pandemia ainda gera grandes destruições, onde a concorrência cresce de forma acelerada, onde as transformações no mundo do trabalho crescem rapidamente, gerando desempregos e subempregos, neste mundo de tantas iniquidades, sentimos mais uma outra crise, vivemos num momento de novas instabilidades, novos conflitos políticos, percebemos, literalmente que estamos sem rumo, sem perspectivas e os presságios são ruins e preocupantes.
Neste ambiente, as previsões otimistas são limitadas e centradas nas crenças dos financistas, os bons números da Bolsa de Valores e do mercado financeiro contrastam com os quase 15 milhões de desempregados, onde a fome cresce de forma acelerada, investigações políticas, promessas de melhoras sem lastro e credibilidade. Estamos vivendo uma verdadeira tempestade perfeita, criamos fantasmas, inimigos imaginários, os confrontos se espalham pelas redes sociais e, neste ambiente, o mundo civilizado se recupera, suas economias mostram sinal de melhora e a população começa a enxergar novos movimentos de crescimento econômico. Neste ambiente, estamos aguardando horizontes positivos, mas ao mesmo tempo enxergamos apenas bizarrices, xingamentos, grosserias e contradições crescentes.
A pandemia está em curso, neste ambiente percebemos cenário de algum crescimento econômico, motivado pela economia global, alguns países estão se mostrando mais resilientes, motivados pelas intervenções econômicas agressivas, investimentos em infraestrutura e fortes recursos em ciência e tecnologia, impulsionando o consumo interno e impactando aos países em desenvolvimento. O Brasil está sentindo o estímulo adotado pelos países desenvolvidos, como exportadores de produtos primários, a economia senti as demandas externas, aumentando as vendas externas e melhorando as contas internas, atraindo moeda forte e valorizando a moeda nacional. Estes movimentos positivos devem ser vistos como um momento de adotar políticas efetivas para melhorar os indicadores econômicos e a adoção de políticas públicas para reduzir os desequilíbrios sociais, melhorando o ambiente interno e contribuindo para a construção de um cenário marcado por credibilidade e confiança, fundamentais para aumentar o investimento produtivo e estimular novos empreendimentos.
Os desafios da sociedade brasileira são imensos, estamos convivendo com crises conjuntas com impactos desastrosos para a sociedade, gerando mais desemprego e crescimento das falências e desestruturação dos setores econômicos e produtivos. Neste ambiente, percebemos a importância do direcionamento do Estado, como ator central nas políticas públicas, mas num ambiente de instabilidades crescentes, faz-se necessário a atuação conjunta com os mercados, construindo novos espaços de confiança mútua, sem credibilidade os agentes econômicos não investem no crescimento econômico de forma sólida, consistente e duradouro.
Neste ambiente, vivemos um momento de união de todos os atores sociais, as dificuldades crescem pelo ambiente de conflagração crescente que percebemos na sociedade nacional, mostrando que os agentes econômicos se voltam para seus interesses imediatos e particulares, sem pensar na coletividade e esquecendo do planejamento estratégico, instrumentos fundamentais para a construção de uma nação.
As dificuldades existentes na sociedade brasileira mostram as fragilidades da construção política, neste cenário os agentes políticos e econômicos precisam refletir sobre os resultados conseguidos, esta análise deve ser feita de forma racional e abrangente, percebendo os equívocos e reconstruindo espaços e caminhos mais consistentes.
Vivemos num ambiente de tempestade perfeita, muitos desafios estão acontecendo ao mesmo tempo, a pandemia matou mais de quinhentos mil brasileiros, a crise econômica está gerando desagregação de comunidades inteiras e as crises políticas podem levar o país ao caos generalizado, levando o país a um retrocesso enorme e exigindo das gerações futuras desafios sobre humanos, evitemos esta destruição, pois a história será implacável.
Ary Ramos da Silva Júnior, Economista, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário. Artigo publicado no Jornal Diário da Região, Caderno Economia, 07/07/2021.