Vivemos momentos interessantes, marcados por grandes transformações em todas as áreas e setores, gerando apreensões, angústias e euforias. Vivemos momentos de grandes desenvolvimentos tecnológicos notadamente em setores de comunicação, informática, saúde, educação, dentre outros, todos impulsionadas pela inteligência artificial, pela robótica e pelas novas ciências que vem ganhando espaço na sociedade contemporânea.
O desenvolvimento científico e tecnológico que vivenciamos na sociedade contemporânea nos traz muitas possibilidades de sobrevivência, as pessoas estão vivendo melhores e mais saudáveis que seus antepassados, as melhoras econômicas e sociais possibilitam mais conforto, transformando o mundo do trabalho, exigindo dos trabalhadores mais habilidades imateriais, ao contrário dos modelos de trabalho anteriores que se assentavam na força física, atualmente o mercado exige habilidades comportamentais, iniciativas, agilidades e flexibilidades.
Mesmo percebendo os avanços sociais e econômicos em curso na sociedade, percebemos ainda, que a desigualdade cresce de forma acelerada, a riqueza está se concentrando nas mãos de poucos grupos, criando mercados oligopolizados e consolidando um modelo econômico e produtivo que coloca no centro da comunidade a busca frenética pelo lucro monetário e pelos interesses financeiros, estimulando a concorrência crescente, o imediatismo e o individualismo.
Destacamos ainda, neste cenário, as grandes transformações climáticas na sociedade global, regiões dotadas de grande potencial agrícola e agroexportador que podem perder suas vantagens comparativas, gerando consequências negativas para muitas nações que se especializaram historicamente em produtos primários de baixo valor agregado. As transformações climáticas estão gerando calafrios para todos os indivíduos na sociedade internacional, ainda mais depois das degradações e as calamidades ocorridas no Rio Grande do Sul, mesmo assim, encontramos muitos grupos políticos poderosos e dotados que grande poder financeiro que rechaçam que as destruições foram causadas pela intervenção dos seres humanos e minimizam as devastações ocorridas no meio ambiente, desta forma, querem legitimar e perpetuar suas formas de atuação degradante e continuar fortalecendo investimentos predatórios e modelos de negócios cujos efeitos negativos sobre a natureza são preocupantes.
Destacamos ainda, que vivemos tempos sombrios na sociedade global, embora encontremos novas tecnologias e novos modelos de negócios que estão revolucionando a comunidade e as relações sociais, percebemos também o incremento da violência urbana que devasta a sociedade, gerando conflitos generalizados entre os cidadãos, fortalecendo as milícias, estimulando o narcotráfico e fomentando uma sociedade cada vez mais individualista, onde cada indivíduo busca seus interesses imediatos e contribuem ativamente para esgarçar o tecido social. O resultado imediato deste cenário é o aumento da desesperança, o incremento do racismo e da xenofobia, além da intolerância, da exclusão social e da degradação dos valores morais.
Uma sociedade que se apresenta desta forma, perpetuando as desigualdades sociais, pagando salários aviltantes, explorando em demasia seus trabalhadores e os chamam de colaboradores, fomentando um modelo de degradação e de precarização do mercado de trabalho, utilizando seu poder financeiro para aumentar suas isenções fiscais e tributárias, além de detentora de uma elite financeira predadora e imediatista que se compraz com juros escorchantes, garantindo ganhos monetários elevados e se afastando de sua responsabilidade na construção de um projeto consistente de nação… O futuro deste país com certeza deve ser visto como nebuloso para uma grande parte desta sociedade.
Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Mestre, Doutor em Sociologia e Professor Universitário.