Transformações globais

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Neste espaço todas as semanas fazemos reflexões sobre questões interessantes para a sociedade internacional, assuntos econômicos relevantes que impactam sobre a sociedade, comentários políticos e análises sociais que repercutem com a comunidade. Diante disso, estamos percebendo o surgimento de novos horizontes econômicos e políticos que estão ganhando relevância na sociedade mundial, como a retomada de políticas protecionistas, subsídios para setores estratégicos e novas formas de atuação dos governos nacionais, que estão crescendo e se tornando visíveis na economia dos Estados Unidos, que antes era visto como um paraíso da globalização e do livre comércio, percebemos alterações evidentes como o incremento das políticas protecionistas, abandando o livre comércio de forma pragmática para defender seus interesses econômicos e financeiros.

Neste cenário, os governos norte-americanos, desde Donald Trump e mais incisivamente o atual presidente Joe Biden, vem adotando políticas fortemente protecionistas, com o despejo de trilhões de dólares para alavancar a produção nacional, com medidas tarifárias para proteger a produção interna, atraindo grandes conglomerados asiáticos para o mercado interno e a geração de emprego local, como forma de reconstruir laços industrializantes que foram perdidos num momento de crescimento das finanças em detrimento da estrutura industrial. Essa política deve ser vista como o reconhecimento da sociedade norte-americana de que sua estrutura econômica e produtiva não é mais hegemônica e dominante no cenário global, sentindo a concorrência da economia chinesa, que como destacou o renomado jornal inglês Financial Times: “Desculpem, EUA, a China tem uma economia maior do que a sua”.

Neste momento, percebemos que a economia norte-americana que liderou a economia internacional, saindo de um cenário unipolar para uma estrutura global descrita, por especialistas, de uma sociedade multipolar, onde encontramos novos eixos que lideram a economia mundial, surgindo novos conceitos, novos valores e novos comportamentos, exigindo das nações novos conceitos, buscando novas formas de autonomia e novas formas de soberania, além de liderança e capacidade de compreender os novos desafios da sociedade contemporânea.

Todas as nações que se desenvolveram buscaram fortalecer seu capital humano, com forte investimento em educação, capacitando e qualificando sua população e criando instrumento para a competição desta nova economia internacional, centrada no mundo digital, de novas tecnologias, de novas inovações e de novas oportunidades para os cidadãos. O mundo criado e estimulado pela globalização pelos Estados Unidos está perdendo espaço para uma nova sociedade, mais protecionista, onde o Estado Nacional está ganhando uma nova centralidade, criando os instrumentos de política econômica e de política públicas para estimular seus atores econômicos e produtivos, melhorando a produtividade, gerando mais e melhores empregos, incrementando a renda dos trabalhadores e melhorando as condições de vida dos cidadãos.

Neste novo horizonte, os mitos econômicos estão sendo repensados, as ideologias perdem espaço para a realidade contemporânea, defendemos liberalismo e a livre concorrência como forma de chegar ao oásis do progresso material quando estamos no pódio maior do crescimento econômico mas, nossas atitudes e comportamentos mudam quando nos vemos ameaçados, desta forma repensamos nossas ciências e retomamos, novamente, nosso histórico de protecionismo e passamos a retomar o pragmatismo e adotamos a expressão: faça o que eu digo mas não faça aquilo que eu faço.

Neste momento, percebemos que as nações desenvolvidas estão retomando políticas estratégicas de desenvolvimento econômico, incrementando investimentos para suas comunidades, retomando empresas estratégicas, melhorando instrumentos de fiscalização e consolidando suas capacidades de regulamentação e, ao mesmo tempo, as nações em eterno subdesenvolvimento se esforçam para entregar suas riquezas para grandes conglomerados internacionais, perpetuando nossa indignidade, nossa exploração e nosso eterno subdesenvolvimento.

Ary Ramos da Silva Júnior, Bacharel em Ciências Econômicas e Administração, Especialista em Economia Comportamental, Mestre, Doutor em Sociologia e professor universitário.

Ary Ramos
Ary Ramos
Doutor em Sociologia (Unesp)

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