Espanha: pressão para mudar previdência pública.

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Autor: Jorge Félix

Apesar de a crise econômica internacional ter sido provocada por uma desregulamentação financeira que dura quase três décadas – precisamente desde a ascensão de Margareth Thatcher em 1979 – seu desdobramento, cada vez mais, vai apontando para uma conseqüência que nada tem a ver com sua origem. Ao mesmo tempo em que os países ricos encontram resistências para impor algum controle sobre o mercado financeiro, cresce em todo o planeta a tendência de culpabilizar os sistemas de previdência pública pelos déficits públicos – ampliados, agora, pela necessidade de socorrer as instituições financeiras, as industrias e intensificar os investimentos público para fazer frente a debilidade do setor privado.

A Espanha é um dos melhores exemplos desta distorção.
O presidente do governo espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) está sendo pressionado a promover uma reforma da Seguridade Social sob a alegação de que em 2009, devido à recessão crônica, o sistema registrará um déficit. O motivo do rombo seria a alta taxa de desemprego – quase 18% da população economicamente ativa no segundo trimestre.

A falta de vagas, sobretudo para os jovens (entre estes a desocupação bate 35%), resiste até mesmo ao pacote de investimentos de 11 bilhões de euros lançado pelo governo para gerar 300 mil postos de trabalho. Outros 14 bilhões foram destinados ao crédito. Sem sucesso. Sem emprego, o trabalhador deixa de contribuir para a previdência e reduz a receita.

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) fez as suas contas. Mesmo com a reforma promovida em 2001, acreditam os economistas da OCDE, a Espanha sofreria um desequilíbrio nas contas previdenciárias a longo prazo. De acordo com esses cálculos, o pagamento de benefícios pularia dos atuais 10% do PIB para 18% em 2050 em decorrência do envelhecimento populacional, mesmo que o país reverta o desemprego e possa contar com imigrantes.

A Fundación Empresa y Sociedad estima que o país irá necesitar de 2 milhões de imigrantes jovens até 2020 para fazer frente ao envelhecimento da população.

Diante desta realidade, que coloca o país na pior situação econômica entre os vizinhos da União Européia, Zapatero começa a enfrentar pressões dentro do próprio governo por revisão das regras do sistema público de aposentadorias. O primeiro a levantar a voz pela reforma foi Miguel Angel Fernández Ordóñez, presidente do Banco de Espanha (ou banco central do país), com o apoio do Círculo de Empresários.

“Podemos alargar progressivamente a idade mínima para a aposentadoria”, afirmou Ordóñez, provocando uma polêmica no primeiro escalão do governo do PSOE, legenda tradicionalmente defensora do sistema de bem-estar social do país – lembre-se, um dos mais fracos da Europa ocidental. A reação mais forte partiu do ministro do Trabalho, Celestino Corbacho.

“Não se pode criar insegurança sobre algo que funciona, nem jogar com a intranqüilidade de mais de 8 milhões de aposentados”, declarou Corbacho, recomendando a Ordóñez que fosse tratar de combater a crise financeira. Segundo o ministro, o sistema de previdência deve registrar um superávit tímido este ano, de 0,4%, mas fechará as contas no azul.

A vice-presidente María Teresa Fernández de la Veja entrou no embate com o presidente do Banco de Espanha e garantiu que o governo tem um fundo de reserva de 57 milhões de euros para honrar os compromissos previdenciários em caso de redução da receita em conseqüência do desemprego.

No entanto, em meio ao bate-boca público, Ordóñez conseguiu abrir a discussão sobre uma elevação da idade mínima de aposentadoria de 65 para 67 anos e, por tabela, aqueceu o debate em favor da desregulamentação do mercado de trabalho. A legislação trabalhista da Espanha é vista como um entrave ao aumento do emprego. Em maio, os trabalhadores, graças a lei, obtiveram ganho real de salário de 3,5%, apesar da recessão. O PIB, este ano, deve encolher 4% e mais 0,8% em 2010, de acordo com previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo a revista The Economist, isso pode fazer com que os trabalhadores concluam que a crise é benéfica. Porém, cresce o número de trabalhadores espanhóis ilegais ou em contratos de curto prazo (um terço da PEA). “O problema não é a regulação trabalhista”, reagiu o Toni Ferrer, negociador chefe do Sindicato Geral de Trabalhadores, lembrando que os salários têm aumentado, em média, apenas 0,5% ao ano desde 2005. “O que precisa mudar é o modelo econômico”, recomendou em entrevista à publicação britânica.

Por convicção política ou de olho em sua difícil situação eleitoral, Zapatero, por enquanto, ignora as pressões por reformas. Seu maior argumento é que o sistema de seguridade social espanhol é um dos menos generosos da Europa. Os gastos sociais do governo, per capita, param em pouco mais de 5 mil euros contra 7 mil da França e 8 mil da Alemanha. Por outro lado, os defensores da reforma afirmam que é alto o valor médio dos benefícios, de 854,96 euros. A dúvida é se Zapatero conseguirá sustentar o sistema nos próximos anos de recessão e déficit.

O sistema espanhol é baseado em dois pilares: o estatal, obrigatório e majoritário, e o privado, opcional e de ainda pouca relevância. O setor estatal é confiável e funciona com cobertura médica e seguro desemprego. Essas garantias atraem inclusive os estrangeiros. O problema apontado pelos céticos quanto a sua sustentabilidade é que os espanhóis podem se aposentar a partir de 60 anos, proporcionalmente, ou amparados por um acordo com a empresa. São os chamados “relevistas” que aceitam a redução de salário de 25% a 85% em troca de uma jornada parcial. A partir de 61 anos, o trabalhador também tem o beneficio assegurado no caso de ser demitido com 30 anos de contribuição. Essas flexibilidades na regra acabam reduzindo a idade mínima de aposentadoria – que, de fato, na média, é inferior a 65 anos.

Além de criar empregos e atrair imigrantes, a Espanha tem o desafio de reduzir o ritmo de envelhecimento da população. Desde 2005, o país introduziu incentivos para aumentar a taxa de fecundidade – uma das mais baixas da Europa. No ano passado conseguiu a proeza de registrar uma taxa de 1,46 filhos por mulher (embora acima do 1,16% de 1996 ainda bem abaixo de 2,0 filhos por mulher necessários para haver a reposição populacional).

Com uma expectativa de vida de 77,76 anos para os homens e 84,33 anos para as mulheres, o país assiste seu sistema de previdência aumentar o numero de beneficiários em 1,7% ao ano. Um problema, como afirma o governo, que não é a causa do déficit público, mas que a crise econômica mundial pode fazer com que seja o primeiro a ser atacado.

O Estado mostra suas garras

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Autor: Gustavo Cerbasi – FSP – 28/02/2011.

Se o Brasil quer crescer, o Estado tem de encolher; na teoria, somos ricos; só falta colocar isso em prática

COMPLETADOS dois meses de um governo que se autorrotula como austero, as coisas andam como era de esperar. O debate do momento é sobre a volta da CPMF (o antigo tributo do cheque), supostamente justificada pela necessidade de arrecadação. Nas últimas semanas, o foco das atenções estava na contenção do aumento do salário mínimo e da correção da tabela para desconto do Imposto de Renda na fonte.
Dos debates já encerrados, a conta ficou para o contribuinte. Tanto o simbólico salário mínimo quanto a tabela do IR foram corrigidos abaixo da inflação, diminuindo o poder de consumo da população.
Não seria incoerente, se não vivêssemos um período de recordes na arrecadação de tributos, de formação de reservas e de autonomia dos cidadãos que nunca estiveram tão empregados quanto agora. Este deveria ser o momento de garantir o aumento definitivo do bem-estar da população, mas estamos sendo chicoteados pela incompetência. Agora, não é o caso de debater se a CPMF é justa ou não.
Ela seria justíssima, incidindo proporcionalmente ao volume de riqueza manipulado pelos cidadãos, não fosse a carga tributária geral tão elevada e a aplicação dos recursos tão ineficiente.
Gostaria de pagar 1% de CPMF em lugar dos tributos estaduais e federais que incidem em cascata e que saem muito mais caro. Gostaria de ser tributado em 50% de minha renda se pudesse matricular meu filho em qualquer escola pública sem preocupação, se pudesse ser atendido no SUS (Sistema Único de Saúde) sem risco de morrer na fila ou se pudesse andar em ruas seguras sem me disfarçar por trás das películas ilegais do meu carro.
O pior dessa situação é que não falta dinheiro. Ele sobra, mas é muito mal usado. Aliás, nunca poderá ser bem usado se não houver mudanças profundas na lógica de uso de recursos do Estado.
Empresas públicas e autarquias que ousam ser eficientes em suas contas são punidas com corte das dotações orçamentárias nos anos seguintes. O segredo para o gestor público ter dinheiro é ser ineficiente, gerar deficit, para poder pleitear aumento da mesada. É por isso que, por exemplo, por mais que se enterre dinheiro nos aeroportos, eles sempre serão essa vergonha.
Conversei com pessoas que se sentiram alarmadas ao ouvir dizer que o serviço aeroportuário funcionará com anexos improvisados para a Copa de 2014. Não entendi. Alguma vez os aeroportos deixaram de funcionar de improviso?
Quando o governo alega que está investindo a arrecadação em obras e infraestrutura, ele está abusando de nossa ignorância. Para projetos com prazo definido, o mecanismo de captação recomendado é a emissão de títulos públicos, com prazos de vencimento compatíveis com os prazos de obras -e não faltam investidores interessados em financiar as obras necessárias.
A arrecadação de tributos tem como objetivo custear os gastos do dia a dia do governo, e é aqui que o Brasil mais peca. Falta qualidade, faltam atendimento digno e tecnologia no serviço público, mas o número de servidores não para de crescer.
Onde eles estão? Mal alocados em serviços burocráticos e ineficientes, drenando nossos recursos sem muito agregar ao bem-estar da sociedade. Não defendo a demissão em massa de servidores, mas creio que um enxugamento de funções e a realocação de mão de obra para os serviços realmente necessários à população ajudariam a reduzir a necessidade de tributos.
Estamos sedados pelo hábito de aceitar a ineficiente condução do Estado mas, se o governo realmente se apresenta como austero, o momento é de mudança. A CPMF não é necessária. O aumento do salário mínimo não foi justo. A correção da tabela do IR também não será. Se o Brasil pensa em crescer, está na hora de o Estado encolher.
A sociedade civil está madura o suficiente para administrar bem os recursos que são desperdiçados pela má gestão pública. Na teoria, já somos ricos; só falta colocar isso em prática e lidar inteligentemente com o dinheiro que a economia gera.

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GUSTAVO CERBASI é autor de “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos” (ed. Gente) e “Como Organizar Sua Vida Financeira” (Campus).
Internet: www.maisdinheiro.com.br

De volta para o futuro: A defesa da presença do Estado na Economia retorna à pauta.

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Autor: Rafael Cariello

MAL ECLODIU, a crise de 2008 forçou o governo dos EUA a fazer pesados investimentos em áreas cruciais da economia, como o setor bancário e a indústria automobilística. Para muitos observadores, assistia-se à volta de um modelo intervencionista que parecia superado desde a chegada ao poder do republicano Ronald Reagan, em 1980.
A mesma débâcle agravou, nos meses seguintes, os deficits orçamentários recordes dos países europeus, logo forçados a cortar gastos e benefícios públicos. Há quem avalie que, em consequência dessas decisões, o próprio Estado de bem-estar social encontra-se em risco. As reformas liberalizantes advogadas por Reagan e pela ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher teriam por fim alcançado a Europa continental.
Como se pode ver, essas análises são contraditórias -e apressadas. Buscam compreender o momento atual nos termos das duas grandes ondas político-ideológicas do século 20, hegemônicas.
A história desses dois modelos de intervenção estatal -o social-democrata, entre as décadas de 30 e 70, e o liberal, nos dois decênios finais do século- é narrada pelo cientista social britânico Tony Judt (1948-2010) no último livro que publicou em vida, “Ill Fares the Land” (algo como “o mal consome a terra”, título retirado de um verso do poeta Oliver Goldsmith).
Desde a Grande Depressão, e com mais força a partir da Segunda Guerra Mundial, a social-democracia conquistou o apoio de políticos da centro-direita à centro-esquerda, nos EUA e na Europa. Com a exceção de grupos radicais nos dois extremos do espectro ideológico, todos pareciam concordar quanto à necessidade de o Estado se fazer presente em amplos setores da economia, do transporte público à siderurgia, sem abrir mão da democracia representativa.
Por décadas, o modelo funcionou bem, até entrar em crise, nos anos 70. Nos dois decênios finais do século 20, a palavra de ordem era abrir espaço para o mercado. Reduzir o Estado ao mínimo, retirando-o não só da atividade produtiva mas também, em muitas áreas, de seu papel regulador.
Intervenções estatais passaram a ser responsabilizadas por males sociais e econômicos de toda espécie -invertendo a lógica antiliberal que surgira com a crise da década de 30. Nenhum dos dois modelos “puro-sangue” parece mais angariar simpatias gerais e irrestritas -embora estas ainda se inclinem, no julgamento de Judt, para um excessivo antiestatismo.
De todo modo, o que no passado parecia pertencer ao domínio inexorável da história, a um processo de desenvolvimento linear, passa hoje à esfera da técnica e da política. O que as narrativas contraditórias do pós-crise nos EUA e na Europa demonstram é que a presença do Estado na economia e na prestação de serviços de segurança social está em disputa, sujeita a ajustes de grau, mas não de natureza.
Tony Judt toma partido nesse embate e constrói, em “Ill Fares the Land” [Penguin USA, 256 págs., R$ 47], um sofisticado libelo contra os excessos da desregulamentação e do desmonte do Estado, ao sair em defesa da social-democracia e dos serviços de proteção social.
Sua estratégia é apresentar cada argumento como uma síntese pragmática e moderada dos embates ideológicos do passado. “Conseguimos nos libertar da crença de meados do século 20 -nunca universal, mas certamente bastante difundida- de que o Estado é possivelmente a melhor resposta para qualquer problema. Agora precisamos nos livrar da noção oposta”, ele diz. A de que “o Estado é -sempre e por definição- a pior opção possível”.
“Se não fomos capazes de aprender nada mais com o século 20, devíamos ao menos ter entendido que quanto mais perfeita a resposta [a nossos problemas], mais terríveis e assustadoras foram as suas consequências.”
“Ill Fares the Land” pretende apresentar, a uma geração que não viveu os traumas da Grande Depressão e da Segunda Guerra, as razões que permitiram tornar quase consensual a defesa da forte presença do Estado em diversos setores da economia -bem como a criação de amplos sistemas públicos de educação, saúde e segurança social.
Para Judt, os líderes e os burocratas americanos e europeus logo compreenderam, com o fim da guerra, que era preciso a todo custo evitar os níveis inauditos de insegurança social e econômica enfrentados desde a crise de 1929 e nos anos seguintes, que os conduziram até o maior conflito militar da história.
Foi essa sensação de medo que fomentou o nazismo, lembra Judt. Os vencedores da guerra, dos dois lados do Atlântico, compreenderam o que era preciso fazer para impedir o seu ressurgimento. É nesse contexto que surge o Estado de bem-estar social, sociedades de classe média e sistemas de “seguros” públicos contra infortúnios.
O mesmo se aplica aos EUA, sempre ciosos em prestar vênias ao liberalismo econômico e à livre-iniciativa. Entre o New Deal de Roosevelt, nos anos 30, e a Presidência de Lyndon Johnson (1963-69) -que se atribuiu o objetivo de pôr fim à miséria no país mais rico do planeta-, a forte presença do Estado em setores estratégicos e as políticas promotoras de relativa igualdade social apresentaram ao mundo o “american way of life”. A típica família de classe média norte-americana dos anos 50 e 60 posa em sua casa de subúrbio para um retrato de época.
O processo não foi freado nem mesmo sob o único governo republicano (1953-1961) a interromper as quase quatro décadas de proeminência do Partido Democrata na política norte-americana.
“Foi um presidente republicano, Dwight Eisenhower, quem autorizou o gigantesco projeto das estradas interestaduais, supervisionado pelo governo federal”, argumenta o historiador, ao se referir ao pesado investimento em infraestrutura de que a iniciativa privada não teria sido capaz, sozinha, de realizar. “Apesar de toda a mesura retórica feita à competição e aos livres mercados, a economia americana naqueles anos dependia largamente de proteção contra a competição estrangeira, bem como de padronização, regulação, subsídios, ajustes de preços e garantias governamentais.”
O leitor conservador e desconfiado dos argumentos de um “socialista” britânico pode conferir a justeza da descrição em “Going Home to Glory – A Memoir of Life with Dwight D. Eisenhower, 1961-1969” [Simon & Schuster, 336 págs., R$ 63], escrito por David Eisenhower e Julie Nixon Eisenhower. Os insuspeitos autores, casados um com outro, netos dos conhecidos ex-presidentes republicanos, compõem uma memória dos anos de aposentadoria do general que liderou os Aliados contra o nazifascismo.
Entre partidas de bridge e golfe, o ex-presidente se esforça, segundo a narrativa de seus herdeiros, para impor uma linha moderada ao Partido Republicano dos anos 60. “A não ser em assuntos morais e ciências exatas, posições radicais estão sempre erradas”, defende Eisenhower.
Os amantes da política americana encontram na obra a descrição do empenho do general para fazer de seu irmão Milton o candidato republicano à sucessão de Johnson. “Seu principal problema”, no entanto, “era o comprometimento político ambíguo”, diziam os opositores mais conservadores. Milton, que trabalhara sob o comando de Roosevelt, “havia contribuído de maneira entusiasmada com o New Deal”. Por razões mais ou menos voluntárias, também o seu irmão dera continuidade àquela obra.
Como hábil advogado de sua causa, Tony Judt é capaz de reconhecer exageros na intervenção estatal. As opções estatizantes de meados do século nem sempre conduziram a bons resultados, admite ele. O crescente controle e “planificação” da vida em sociedade são seus principais exemplos: intervenções urbanísticas autoritárias, conjuntos habitacionais impessoais, intromissão ineficiente em setores da economia que seriam mais bem servidos pela iniciativa privada.
Parece hoje inacreditável que o Estado britânico tenha se encarregado, por décadas, até da venda de café e sanduíches servidos em estações ferroviárias (não seria justo, no entanto, responsabilizar a burocracia estatal pela má qualidade da comida no Reino Unido).
Mas nada se compara, segundo o historiador, às distorções promovidas desde os anos 1980 pelos governos “mercadistas”. Judt recorre a estudos estatísticos para fazer um elogio da igualdade social, alcançada sobretudo nos países com maior intervenção estatal, carga tributária e gasto público.
Quanto maior a desigualdade de renda, maior a incidência de problemas de saúde e patologias sociais. “Há uma razão para o fato de os índices de mortalidade infantil, expectativa de vida, criminalidade, população carcerária, doença mental, desemprego, obesidade, subnutrição, gravidez na adolescência, uso de drogas, insegurança econômica, acúmulo de dívidas e ansiedade serem piores nos EUA e no Reino Unido do que na Europa continental.”
Eis, de acordo com Tony Judt, os males que consomem a terra. Antes de morrer, no auge de sua produtividade, um dos principais acadêmicos do século 20 deixou como herança um manifesto sobre a necessidade de contê-los, com a ajuda do Estado, de maneira moderada e cautelosa. “Avanços incrementais a partir de circunstâncias insatisfatórias são o melhor que podemos esperar, e provavelmente tudo o que devemos procurar.”

O que as narrativas contraditórias do ?pós-crise nos EUA e na Europa demonstram é que a presença do Estado na economia e na prestação de serviços ?de segurança social ?está em disputa

Como hábil advogado de sua causa, Tony Judt é capaz de reconhecer exageros na intervenção estatal. As opções estatizantes de meados do século nem sempre conduziram a bons resultados

As crises econômicas, o Suicídio e a Doutrina Espírita.

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O mundo passa por uma grave crise econômica, cujos impactos ainda são difíceis de serem mensurados, com ela percebemos o aumento no suicídio, onde executivos e banqueiros vitimados pelas perdas financeiras sucumbem ao auto-aniquilamento. O texto faz uma análise tendo como pano de fundo a visão da Doutrina Espírita sobre o suicídio e suas consequências.

Remunerações especiais

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É sabido por todos que o processo de remuneração é bastante diferente quando comparamos o mundo material com o mundo espiritual, ambos apresentam instrumentos bastante diferentes e conflitantes, que mostram como as sociedades se apresentam em graus e estágios de evolução diferentes, uns primando pelos valores do imediatismo e do material, enquanto outros se mostram mais atrelados a valores sublimes e espiritualizados, uma boa forma de identificarmos o quanto temos que evoluir é que, todos que nos encontramos no meio físico, estamos muito calcados nos valores da aparência e nas convenções sociais, deixando, de lado, sentimentos e emoções mais sublimes e espiritualizadas.

No mundo material os indivíduos recebem de acordo com sua produtividade, somos impulsionados ao cumprimento de metas cada vez mais irreais que nos obrigam a mergulharmos no trabalho remunerado, ganhamos e somos vistos nesta sociedade por tudo que temos, ou melhor, como vivemos em uma sociedade marcada pela aparência, somos visto como aparentamos ser, por isso estamos constantemente querendo mostrar que somos o que, na verdade, não somos, é o mundo da aparência, do imediatismo e dos prazeres da sensualidade e do dinheiro, que nos prendem a uma sociedade marcada pela ilusão e pela imagem do belo e do novo, mesmo que estes sejam cada vez mais transitórios.

O mundo da matéria nos obriga a estarmos em constante atualização, se não o fizermos estamos condenados ao ostracismo social, ser bem sucedido nesta sociedade é termos um emprego bem remunerado, marcado pelo status e pelo acúmulo de bens materiais, nesta sociedade deixamos de lado aqueles que se entregam aos trabalhos mais simples e pouco remunerados, vendo-os como seres humanos menores, sem glamour e sem condições de inserção neste mundo marcado pelo poder de compra, onde a acumulação do poderio financeiro se transformou no objetivo de vida de muitos indivíduos, que se entregam ao trabalho remunerado como se este fosse seu único intuito na vida, deixando de lado outros setores e atividades tão importantes quanto o trabalho material, onde podemos destacar o trabalho espiritual e dos momentos sublimes de convivência com os familiares e com os grupos de amigos, numa troca constante de experiências e valores, fundamentais para o crescimento e o desenvolvimento do espírito.

O bônus-hora nos foi revelado por André Luiz, quando da publicação da obra Nosso Lar, um dos mais importantes livros publicados pela lavra de Francisco Cândido Xavier, por este instrumento passamos a compreender como se remunera os trabalhos na colônia espiritual, onde cada pessoa recebe de acordo com os trabalhos desempenhados, uns acumulam com as visitas assistenciais, outros se destacam na limpeza, alguns espíritos são responsáveis por questões burocráticas, escolas, hospitais, etc. O trabalho como lei universal existe para todos os indivíduos, querendo trabalhar todos encontram trabalho, recebendo recursos, os chamados bônus-hora, que podemos descrever como um determinado crédito que cada indivíduo tem depois de desempenhar atividades edificantes no plano espiritual, que podem ser utilizados para adquirir uma casa, mas cada pessoa só pode adquirir uma única residência, neste local não é possível comprar mais de uma residência como se faz aqui, quando encontramos pessoas que adquirem várias casas e utilizam-na como instrumento de especulação e acumulação de recursos financeiros e monetários.

Se analisarmos com calma e refletirmos intensamente sobre os dois mundos percebemos que nós, hoje vivendo no mundo material, estamos muito longe dos ensinamentos do mestre Jesus, o dinheiro é utilizado muito mais para satisfazer nossos desejos imediatos, utilizando-o para nossos gozos tresloucados e interesses vis do que para melhorar as condições de vida da população mundial, atualmente encontramos metade da população do globo vivendo com uma renda diária de até US$ 2,00, um mundo onde, segundo a revista Forbes, as quatrocentas famílias mais ricas do mundo possuem um patrimônio de US$ 1,8 trilhão, um número estarrecedor quando visto em perspectiva histórica, ha trinta anos quando a mesma revista começou a mensurar as riquezas das famílias a situação era outra, bem diferente, as mesmas quatrocentas famílias detinham uma renda de US$ 90 bilhões.

O dinheiro tem um papel central na sociedade, nasceu para circular, dinheiro parado causa constrangimentos para todos os setores sociais, em tempos de degradação do meio ambiente, onde o mundo se encontra bastante maltratado por desmandos constantes dos setores mais aquinhoados financeiramente, é impossível dar a cada cidadão mundial uma renda igual a dos Estados Unidos, US$ 50 mil, para que isso acontecesse teríamos que ter outro planeta Terra, agora, é neste momento que precisamos encontrar uma fórmula ética e moralmente aceitável para que todos os cidadãos do mundo tenham uma renda média de US$ 10 mil, atendendo, com isso, suas necessidades básicas de alimentação, educação, saúde, vestuário e acesso aos bens culturais, tão importantes para o desenvolvimento intelectivo dos seres humanos e que, durante tantos séculos, foram omitidos de grande parte da sociedade mundial, deixando-os marginalizados e presos a um universo materializado e centrado nos interesses financeiros mesquinhos.

A relação do ser humano com o dinheiro é sempre algo perturbador e constrangedor, causa de vícios e quedas de muitos espíritos, uma parcela considerável dos espíritos que ora encontramos no orbe terrestre teve sua queda atrelada a questões financeiras ou a sedução da sensualidade, quedas que deixaram rastros terríveis para o ser humano, desastres morais que perturbam suas mentes e sentimentos, tudo isso, obrigando as pessoas a buscarem uma relação nova e diferente com o dinheiro, evitando, com isso, novos desequilíbrios no campo da moral.

A colônia Nosso Lar nos mostra novas formas de remuneração pelo trabalho, este paradigma do mundo dos espíritos pode nos ser muito útil como forma de transformar a relação capital trabalho reinante no mundo material, servindo como um grande desafio para todos os homens e mulheres de bem que buscam o aperfeiçoamento coletivo de nosso planeta, o trabalho é árduo e cheio de entraves, são muitos os indivíduos e instituições que se comprazem com o modelo atual, que ganham com esta forma de remuneração, estes grupos, muito bem organizados e estruturados, vão se utilizar de seus poderes para impedir toda e qualquer mudança que venha, pensam eles, os prejudicar, mas sabemos todos, que quando chega a hora e o momento exato, quando as transformações precisam acontecer, as forças da mudanças passam a ser guiadas por uma mão invisível, que a conduzem para a renovação e para o surgimento de um novo mundo, marcado por uma solidariedade maior e um progresso centrado nos ideais e sentimentos sublimes do Cristo, distante, pode ser, mas o começo desta mudança já teve início, e tomara que nós nos organizemos para fazermos parte desta mudança sob pena de vivermos anos de expurgos, medos e desesperanças.

Avanços tecnológicos e retrocessos morais

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O mundo atual apresenta grandes contradições, vivemos em uma sociedade que avança de forma cada vez mais rápida na tecnologia, máquinas e equipamentos surgem para facilitar o cotidiano dos indivíduos, facilitando seu trabalho, seu deslocamento e sua comunicação com o mundo, mas infelizmente, todo desenvolvimento tecnológico não está sendo acompanhado pelo incremento moral, estamos perdendo uma grande oportunidade de nos desenvolvermos moralmente, transformar nossos sentimentos e fazer a tão decantada reforma íntima, tarefa difícil, mas essencial para a melhoria contínua do ser humano e para a convivência em comunidade.

Todas as grandes tecnologias modernas nos proporcionam novas oportunidades de crescimento pessoal, o homem atual recebe todos os dias milhares de informações vindas dos mais variados meios de comunicação, ao ligarmos a televisão somos bombardeados de notícias, que não dizem respeito apenas a nossa comunidade, notícias oriundas de todos os países e regiões do mundo entram em nossas mentes todos os dias, a conversação com as pessoas ficou muito mais rápida, não importa o local que estas estejam, tudo isto obriga o ser humano a uma busca constante por atualização, somos obrigados, se quisermos nos manter sempre atualizados, a dedicar uma parte importante de nosso tempo para esta busca constante por qualificação, uma busca insana que está levando a sociedade a patologias das mais violentas e variadas, afastando o contato físico entre as pessoas pelo contato digital, rápido, frio e distante, mas aceito por muitos como símbolo do progresso da civilização e como paradigma do aperfeiçoamento da sociedade contemporânea.

A tecnologia não deve ser vista como algo negativo, a tecnologia é algo fundamental para a sociedade, é um instrumento de progresso para todos os indivíduos, é fruto de pesquisas que são desenvolvidas por pessoas nas mais variadas regiões dos mundos físico e espiritual, acreditar que as descobertas da humanidade são frutos exclusivos de pesquisadores vivos é desconhecer e menosprezar o papel do mundo espiritual na vida das pessoas, muitas das idéias e descobertas do plano físico são inspiradas pelos bons espíritos, pesquisadores abnegados do mundo dos espíritos que se dedicam diuturnamente no auxílio dos encarnados, isto acontece por amar os irmãos que temporariamente se encontram no mundo encarnado e também porque sabem que muito brevemente estarão novamente no mundo físico, já que a reencarnação não é uma invenção do espiritismo, mas uma lei natural e inexorável.

Diante destas transformações da sociedade mundial que afetam toda a sociedade mundial, aproximando os indivíduos via maquinas modernas, telefones sofisticados e computadores de última geração mas afastam as pessoas do contato físico, do toque e do afeto, inundando os indivíduos de desejos desordenados e compulsivos, que levam a sociedade a deixar os sentimentos de lado, onde a essência é substituída pela aparência e onde as pessoas se mutilam tentando se tornarem atraentes e avassaladoras mas, na verdade se tornam dependentes da impressão alheia, fingindo felicidade e se refugiando em anti-depressivos, inibidores de apetites e estimulantes diversos, isso sem falar nas drogas naturais e sintéticas que colocam o Brasil num lugar de destaque negativo no consumo mundial, temos aqui mais de 1,3 milhão de pessoas viciadas, segundo pesquisas recentes, nas mais variadas drogas e alucinógenos, com custos financeiros, espirituais, emocionais e humanos cada vez maiores para as famílias e para o país como um todo.

Todas estas atividades levam os indivíduos a mergulharem no trabalho, as atividades do cotidiano se resumem ao trabalho, que passa a absorver uma parcela crescente do tempo dos seres humanos, deixando de lado seu desenvolvimento espiritual, o contato com Deus passa a ser relegado a um segundo momento, idas esporádicas a uma igreja ou a um centro espírita só ocorrem em momentos de necessidades extremas, compromissos sérios são apenas aqueles que estão relacionados com a causa material, os trabalhos do espírito passam a ser um projeto para a aposentadoria, quando o tempo de reflexão for maior e as atividades profissionais estiverem encerradas.

O trabalho espiritual é tão importante como o trabalho profissional, o ser humano é espírito, neste instante estamos encarnados, mas somos em essência espíritos, o compromisso material nos dá o equilíbrio da matéria, nos garante os recursos necessários para a sobrevivência do corpo físico, mas o trabalho cotidiano na causa da renovação espiritual é condição indispensável para transformarmos nosso coração, melhorar nossos sentimentos e não nos deixarmos nos embrutecer pelas mazelas sociais e morais que assolam os indivíduos, a doutrina dos espíritos é um instrumento central para que entendamos as leis de Deus, suas razões e significados e saiamos de uma lógica perversa de ignorância, melindres e ortodoxias que carregamos durante muitas passagens pelo corpo físico e se não nos empenhamos continuaremos carregando durante muitas encarnações.

A tecnologia moderna nos auxilia muito, com ela podemos entender mais as coisas da vida e do cotidiano, quantas descobertas importantes tivemos nos últimos 100 anos que revolucionaram as mais variadas áreas do conhecimento humano, desde a cura de doenças antes mortais até os avanços na comunicação, renegar estes avanços é algo negativo e denota ignorância extrema, agora toda esta tecnologia deve ser canalizada para a melhoria das condições de vida de todos os indivíduos, o progresso econômico ilimitado é algo impossível de ser alcançado, para isso teríamos que ter muitos planetas como a Terra, apesar de desejado pelos indivíduos é impossível fazer com que todas as pessoas encarnadas tenham uma renda per capita de 50 mil dólares anuais, mas devemos perseguir de forma veemente uma renda que dê a cada indivíduo, em qualquer lugar do mundo, uma condição digna e decente de sobrevivência, onde todos poderão se alimentar condignamente e usufruir dos progressos obtidos na saúde, na educação e nas comunicações, um dia seremos cobrados por isso, e qual será nossa resposta a esta indagação? Diante de tanta riqueza encontrada no planeta, como aceitar que irmãos sejam relegados ao esquecimento e ao abandono?

A doutrina dos espíritos nos mostra claramente a lei de causa e efeito, uma lei inexorável que todos os indivíduos vão prestar contas em algum momento de suas vidas, nela seremos chamados a responder por nossos atos, a arcar com nossas responsabilidades, não apenas pelo mal que fizermos mas também pelo bem que deixarmos de fazer, pela omissão, pelos conhecimentos que nos foram concedidos e, hipocritamente, utilizamos apenas para nosso deleite pessoal e para a satisfação de nossos interesses mais imediatos e, muitas vezes mesquinhos, levando-nos infelizmente a abrir mão de nossos compromissos espirituais e nos conduzindo ao pântano dos prazeres da matéria, onde os gozos do cotidiano são freqüentes mas os vazios existências são maiores e a depressão é imediata e deixa seqüelas na alma do ser humana, e para estas não encontramos remédios físicos apenas transformação íntima e trabalho edificante no bem, desinteressado e compromissado com o mestre Jesus.

Os progressos da tecnologia são notáveis, levar estes progressos para todos os indivíduos é algo complexo e necessário, demonizar os avanços da genética e da biologia molecular é ceder a ortodoxia e a intolerância, são medidas desnecessárias que pouco ajudam no debate central, agora exigir da sociedade uma postura mais direta e equilibrada com relação ao excesso de consumo e preocupação com o imediatismo é algo fundamental e necessário, que auxiliam na transformação moral dos indivíduos e na capacitação para novas experiências no mundo, respeitando as diferenças e tendo consciência de que seremos cobrados, um dia, por toda inteligência que recebemos, por toda a tecnologia que acumulamos e por toda criança que relegamos ao esquecimento e posteriormente encarceramos e acreditamos que, com isso, estávamos fazendo justiça.

Reflexões cotidianas sobre a Doutrina Espírita

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Percebemos no movimento Espírita atual, grandes controvérsias e constrangimentos entre pessoas que se dizem espíritas e tentam impor suas ideias e pensamentos, esquecendo-se que a Doutrina é um espaço edificante de discussões e diálogos constantes, marcadas pelo respeito e pela comunhão de ideias e questionamentos, sob pena de desmoronar o maior avanço intelectivo e moral dos últimos séculos, cuja missão é a transformação da humanidade, o respeito edificante e a redenção do homem velho, transformando-se em homem novo, com ideais novos e sentimentos renovados centrados sempre em Jesus, nosso mestre e governador do planeta Terra.

O sectarismo e a ortodoxia em cursos podem causar um grande racha na Doutrina dos Espíritos, criando graves constrangimentos entre seus adeptos e dando espaço para que seus detratores aumentem suas críticas e fragilizem o movimento, esta fragilidade só serve para aqueles que vêem no espiritismo um impeditivo para a difusão de ideais menores, marcados por revanchismo e desintegração, espíritos que se comprazem com a maldade e se nutrem da desunião e das dores dos seres humanos, infelizes irmãos nossos que, infelizmente, ainda não entenderam que as oportunidades neste mundo estão chegando ao fim, enchem seus corações de ódio e desesperança, mas que brevemente, a continuarem como estão, serão conduzidos a outros mundos, assim como, em épocas anteriores, muitos espíritos foram exilados de capela pois mantinham seus corações aturdidos e revoltados, numa época que estes sentimentos já não mais faziam parte deste planeta, exilados contribuíram para o crescimento de outros mundos e outras civilizações foram construídas, mas tiveram seus corações entristecidos por tal experiência, que lhes causaram dores imensas e ranger de dentes, mas como toda experiência lhes trouxeram oportunidades de crescimento e elevação, mostras claras da misericórdia de Deus, que dá a seus filhos todas as oportunidades, mesmo sabendo que muitos ainda se comprazem com sentimentos menores, com as intrigas e com a desunião.

Grandes vultos da doutrina espírita estão sendo deixados de lado nos últimos anos, nomes de peso como Allan Kardec, o codificador, Emmanuel, Leon Denis, Bezerra de Menezes, Humberto de Campos, Yvonne Pereira, Eurípedes Barsanulfo, entre outros, marcados pela envergadura moral e por valores elevados cujas contribuições para a Doutrina dos Espíritos e para a humanidade de uma forma geral com seus livros, obras e exemplos, estão sendo substituídos por livros superficiais de autores iniciantes, que trazem a públicos livros fisicamente belíssimos, com um projeto gráfico de alta qualidade, com fotos e imagens diferenciadas, mas que deixam no plano secundário as ideias e os pensamentos transformadores que são características centrais dos bons livros espíritas e se concentram num mercado editorial em expansão na sociedade contemporânea, onde os indivíduos abobados com as dificuldades do cotidiano e cada vez mais distantes dos ensinamentos divinos tentam, em momentos de reflexão, ler e tentam se apegar a ensinamentos mais edificantes.

Cabe aos espíritas, como nos foi dito por Allan Kardec, instruir-nos constantemente, acompanhar as mudanças na sociedade e trabalharmos para construirmos no nosso cadinho espaços mais equilibrados e edificantes, marcados por sentimentos mais serenos de amor, paz e esperanças, atuando no nosso trabalho e entendendo que a mesma dedicação que temos à nosso profissão, que nos dá os recursos necessários para nossa sobrevivência material, temos que despender para com nosso trabalho espiritual, na casa espírita, pois é este trabalho que dá ao nosso espírito o alimento necessário para sua sobrevivência e transformação.

A leitura e o estudo dos grandes autores da doutrina dos espíritas é missão central para todos que se dizem espíritas, como entender sua estrutura e suas ideias sem o estudo de Allan Kardec, o grande codificador que nasceu Hyppolite Leon Denisard Rivail e ficou conhecido no mundo todo como Allan Kardec, sua trajetória é uma lição de dedicação e esforço que emocionam a todos, depois de anos se dedicando à ciência e, principalmente a pedagogia, o codificador se debruçou sobre questões poucos compreendidas na época e, num período inferior a duas décadas apresentou a sociedade francesa a Doutrina dos Espíritas, onde descortinou a existência do mundo espiritual, revelando a pluralidade das existências, a Lei de Causa e Efeito e passou a disciplinar a mediunidade, dando a esta um caráter natural e fazendo com que os médiuns deixassem de serem tratados como loucos ou doentes mentais e passassem a ser compreendidos como seres humanos normais dotados de uma sensibilidade maior e uma oportunidade única de trabalhar em benefício dos mais carentes e sofredores.A Doutrina dos Espíritos não surgiu pra dividir a humanidade, muito pelo contrário, nasceu dos espíritos e foi estruturada para melhorar os seres humanos, a terceira revelação como espaço integrado de ciência e religião não pode se deixar levar por ortodoxias, que tentam diminuir o espiritismo como se este fosse apenas uma doutrina especulativa como tantas outras, o Espiritismo não é especulativo, suas bases foram construídas pelos espíritos, fizeram parte da codificação um grande números de espíritos das mais altas esferas espirituais, espíritos que quando estavam na carne se transformaram em baluartes da moral e da boa conduta, espíritos que se tornaram santos nas fileiras da igreja católica e estão integrados na caravana criada e conduzida por Jesus Cristo, nosso mestre e modelo, que por aqui passou, foi muitas vezes tentado e, em momento algum se deixou levar pelas paixões mundanas e pela ilusão da matéria, pois sabia, e deixou claro inúmeras vezes que seu reino não era deste mundo e que para vivê-lo era necessário nascer de novo, demonstrando que a reencarnação, defendida pela doutrina dos espíritos, é mais do que uma hipótese, é uma lei natural e todos nós temos que prestar contas em algum momento da vida, portanto, como seres inteligentes que somos e dotados de livre arbítrio, tomemos cuidado com nossas escolhas e com os caminhos por nós escolhidos pois, em algum momento, teremos que prestar contas a um ser superior: Jesus Cristo.

Algumas considerações sobre o Consenso de Washington

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Este artigo analise as políticas neoliberais implantadas na América Latina via Consenso de Washington e seus impactos para a região.

Globalização, Estado Nacional e Democracia: as transformações do capitalismo e seus impactos econômicos, sociais, políticos e espaciais

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O processo de globalização em curso na sociedade mundial está causando grandes transformações na economia internacional, desagregação social, desemprego, enfraquecimento dos Estados Nacionais, fortalecimento do capital financeiro e alterando até os conceitos de tempo e espaço.

Palavras-chave: Globalização, empresas transnacionais; desemprego; transformações sociais; Estados Nacionais; movimentos anti-globalização; democracia; conseqüências sociais, culturais e espaciais.

Acesse o artigo aqui!

Globalização e Estado Nacional: algumas considerações

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O processo de Globalização em curso está transformando a sociedade de forma estrutural, dentre estas transformações destacamos as mudanças nos Estados Nacionais, que perdem poder de forma acentuada.

Leia o artigo completo aqui!

 

Marxismo, Globalização e Classes Sociais no Capitalismo

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O economista e sociólogo alemão Karl Marx se destacou pela profunda crítica ao sistema capitalista, que foi descrito por ele como um sistema auto-destrutivo e concentrador de renda, onde os burgueses são os grandes detentores do dinheiro e do poder político.

Neoliberalismo e Corrupção: Brasil e México e os custos da corrupção

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Este artigo foi publicado na Revista Eletrônica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) julho/setembro 2008 – Volume 7 (3), no espaço Questões Contemporâneas.

Supermulheres S.A.

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Autor: PATRÍCIA CAMPOS MELLO – Folha de São Paulo – 31/03/2013

O neofeminismo corporativo discute se carreira e filhos são incompatíveis

RESUMO
Ocupantes de cargos de comando em empresas e no governo americano, executivas travam debate sobre desafios do feminismo no século 21. Sheryl Sandberg, do Facebook, pede “supermulheres” ambiciosas e combativas; já Anne Marie Slaughter renunciou a um alto posto no governo dos EUA para se dedicar aos filhos.

“Não podemos mais ignorar a voz interior das mulheres que diz: ‘Eu quero algo mais do que ter um marido, filhos e um lar”, decretou a feminista Betty Friedan, no seminal “A Mística Feminina”, há 50 anos. Desde então, mulheres chegaram à presidência da República, ao Supremo Tribunal Federal, foram lançadas ao espaço, lutaram em guerras, comandaram multinacionais. Mas ainda não conseguiram fazer o básico: conciliar uma carreira bem-sucedida com a criação dos filhos.

“Não dá para fazer tudo. Ninguém consegue ter dois empregos, filhos perfeitos, preparar três refeições por dia e ter orgasmos múltiplos […] a supermulher é a inimiga do movimento feminista”, definiu a ativista Gloria Steinem em entrevista à apresentadora Oprah Winfrey, no ano passado.

Se a geração “heroica” de feministas se ocupava de bandeiras como a liberalização do aborto, o direito ao sexo casual, os métodos anticoncepcionais e a paridade de remuneração, a nova geração se concentra em uma questão mais prosaica.

Afinal, há poucas mulheres em posição de liderança porque o sistema não ajuda quem precisa conciliar carreira e filhos (com babás, horários flexíveis, trabalho em casa), ou porque falta ambição às mulheres?

Quem põe a questão nesses termos é uma das chamadas “supermulheres”: Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook (e mãe de dois filhos) que acaba de lançar seu livro “Faça Acontecer” [trad. Denise Bottmann, Companhia das Letras, 288 págs., R$ 34,50]. Apesar de várias ressalvas diplomáticas, o livro de Sandberg basicamente sustenta que não adianta culpar a falta de condições para a ascensão feminina na hierarquia corporativa. É preciso ir à luta. O que falta é ambição.

“Nós nos refreamos de várias maneiras, em coisas grandes ou miúdas, por falta de autoconfiança, por não levantar a mão, por recuar quando deveríamos fazer acontecer. Interiorizamos as mensagens negativas que ouvimos ao longo da vida -as mensagens que dizem que é errado falar sem rodeios, ter iniciativa, ser mais poderosas do que os homens. Reduzimos nossas expectativas do que podemos realizar. Continuamos a cumprir a maior parte do trabalho doméstico e da criação dos filhos. Comprometemos nossas metas profissionais para dar espaço a companheiros e filhos que às vezes ainda nem existem.”

Outra representante das supermulheres é Marissa Mayer, que em julho de 2012 foi contratada como CEO do Yahoo quando estava no ultimo trimestre de gravidez. O fato foi comemorado como o começo do fim da discriminação professional contra grávidas.

Mas logo Marissa anunciou: “Minha licença-maternidade vai ser de duas semanas e eu vou trabalhar durante o período”. Ela não só montou uma sala de amamentação no escritório como acabou com a possibilidade de os funcionários do Yahoo trabalharem em casa, esquema essencial para muitas mães que tentavam conciliar filhos e carreira.

TER TUDO
Do outro lado da trincheira está Anne Marie Slaughter, ex-diretora da Woodrow Wilson School of Public and International Affairs e ex-diretora de planejamento de políticas do departamento de Estado dos EUA, cargo prestigiadíssimo que pertenceu a George Kennan.

No ano passado, Slaughter gerou enorme controvérsia com um ensaio publicado na revista “Atlantic”, “Por que as mulheres ainda não podem ter tudo”.

Escrito como resposta a uma palestra de Sandberg no TED Talks, que daria origem a seu livro, o texto afirma que as mulheres só vão conseguir chegar ao topo quando as barreiras institucionais forem removidas -e não quando as mulheres conseguirem se livrar das barreiras internas, como sustenta a executiva do Facebook. Slaughter pediu demissão de seu cargo no departamento de Estado para ser professora em Princeton, pois não estava dando conta de criar os dois filhos adolescentes, um dos quais tinha problemas de comportamento.

Para ela, mulheres que conseguem ser mães e superprofissionais ao mesmo tempo são sobre-humanas, milionárias ou autonômas que podem organizar seus horários. Sem a possibilidade de trabalhar em casa, ter horários flexíveis, acesso facilitado a berçários ou babás, as mulheres não vão conseguir “ter tudo”.

Para ela, os conselhos de Sandberg “têm um tom de reprovação” e “fazem milhões de mulheres se sentirem culpadas por não conseguirem ascender na hierarquia profissional tão rápido quanto os homens e terem também vida familiar ativa (e, para completar, serem bonitas e magras)”, escreve Slaughter.

“Questões mundanas como a necessidade constante de viajar, os conflitos de horário da escola dos filhos e do trabalho, a insistência em que o trabalho precisa ser realizado no escritório -nada disso vai ser resolvido com mais ambição por parte das mulheres”, escreve Slaughter.

O pressuposto de Sandberg está certo. A revolução feminina veio, mas não venceu. Homens ainda mandam no mundo. De 195 países independentes, apenas 17 são liderados por mulheres. Apenas 21 dos CEOs das 500 maiores empresas da lista da revista “Fortune” são mulheres. Em 1970, mulheres recebiam 59 centavos para cada dólar ganho por um homem em cargo semelhante. Em 2010, recebiam 77 centavos.

Mulheres volta e meia se subestimam, enquanto homens se superestimam. Sandberg cita uma pesquisa com estudantes de cirurgia mostrando que, quando instadas a se autoavaliar, mulheres sempre se davam notas menores do que os homens, mesmo quando seu desempenho era nitidamente superior. Quando estimuladas a explicar seu sucesso, mulheres frequentemente dizem: “trabalhei muito duro”, “tive sorte”, “tive ajuda”. Homens, em contrapartida, costumam creditar suas habilidades a si mesmos.

LUXO
O problema é que a tese das supermulheres como Sandberg só leva em conta metade da história. “O objetivo é nobre, ter mais mulheres em cargos de liderança; não critico, acho errado a mulher abrir mão do emprego para criar filhos, pesquisas mostram que as que fazem isso não são necessariamente melhores mães por causa disso”, disse à Folha Stephanie Coontz, diretora de pesquisas do Conselho das Famílias Contemporâneas. “Mas falta de ambição não explica os problemas enfrentados pela maioria das mulheres, que não podem se dar ao luxo de ter uma sala de amamentação no escritório.”

Para Madeleine Kunin, primeira mulher a governar o Estado americano de Vermont e autora do livro “The New Feminist Agenda”, o problema da tese de Sandberg é que ela acaba culpando as mulheres por sua baixa presença em cargos de chefia.

Os EUA estão ao lado de Libéria e Papua Nova Guiné como os únicos países do mundo que não preveem nem sequer um dia de licença-maternidade remunerada. Há apenas a obrigação de licença não remunerada de três meses para mulheres que trabalham em empresas com mais de 50 funcionários. Mas quantas pessoas podem se dar ao luxo de ficar três meses sem receber?

“Marissa Mayer e Sheryl Sandberg falam do ponto de vista de quem chegou ao topo, mas não reconhecem que é bem mais difícil para a maioria das pessoas, que não são privilegiadas como elas, não podem contar com várias babás, abrir mão de salário, negociar com o chefe para sair do escritório às 17h30”, disse Kunin à Folha. “As mulheres costumam se culpar por tudo, e o livro de Sandberg contribui para isso.”

“Parece um retrocesso que feministas como eu, que lutamos para nos libertar dos papéis limitados de esposa e mãe, tenhamos dado a volta para nos focarmos, novamente, na família”, afirma Kunin. “No início da revolução feminina, não nos ativemos à questão de quem iria cuidar dos filhos. Partimos do pressuposto de que as coisas iam se ajeitar. Surgiriam locais para cuidar de crianças e o ambiente de trabalho magicamente se transformaria para atender às nossas necessidades.”

E será que todas as mulheres querem ser líderes, trabalhar 60, 70 horas por semana, sacrificar finais de semana com os filhos?

Pesquisa de 2012 da McKinsey, com mais de 4 mil funcionários de grandes empresas, mostra que 36% dos homens gostariam de chegar à direção, diante de apenas 18% das mulheres.

Algumas talvez queiram apenas ter um emprego menos desafiador, que lhes permita passar mais tempo com os filhos e não perder reuniões de pais, apresentações de dança, campeonatos de natação. E isso não é necessariamente ruim.

Yuan acompanha queda do dólar e dá vantagem à China

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Autor: Alex Frangos, The Wall Street Journal, de Hong Kong

Como o dólar americano continua a se enfraquecer, crescem as preocupações em boa parte da Ásia em relação a outra moeda declinante: o yuan chinês.

Por mais de um ano, a China manteve o yuan basicamente inalterado em relação ao dólar. Por isso, assim como o dólar, o yuan tem caído de maneira constante ante as moeda dos vizinhos da China, como o ringgit da Malásia, a rupia da Indonésia e o won da Coreia do Sul. Isso torna os produtos fabricados nesses países mais caros em comparação com os da China.

“Quando se tem uma grande economia da Ásia atrelada ao dólar americano, todo mundo sente a pressão”, diz Frederic Neumann, economista para a Ásia do HSBC, em Hong Kong. “Até 5% são dolorosos neste contexto.”

Os países que competem com a China estão num ponto crucial. Para conter a alta de suas moedas em relação ao yuan (e ao dólar), os bancos centrais de vários países têm comprado montanhas de dólares nos últimos meses, aumentando suas reservas internacionais. E agora essas reservas estão de volta aos níveis de antes da crise.
Ao mesmo tempo, as economias asiáticas estão sob pressão para, em algum momento, permitir que suas moedas se valorizem e para reduzir sua dependência da exportação como motor do crescimento. Alguns economistas e autoridades temem que a contínua intervenção nos mercados de câmbio reflita uma falta de vontade desses países de romper com os velhos hábitos de estimular o crescimento com políticas que mantinham as moedas subvalorizadas. A intervenção também pode aumentar os riscos de inflação interna.

O presidente do Federal Reserve, o banco central americano, Ben Bernanke, reiterou preocupação com o papel da Ásia no reequilíbrio do comércio mundial, em palestra na semana passada. “Temos de evitar desequilíbrios cada vez maiores e insustentáveis nos fluxos comerciais e de capital”, afirmou.

Mas é difícil, para os países asiáticos que alimentam frágeis recuperações nas exportações, seguir o conselho e permitir que suas moedas subam quando o yuan chinês cai, acompanhando o dólar.

“A China tem uma taxa de câmbio fixa, que ajuda muito as empresas chinesas e nos prejudica”, diz Sung Jin Lee, presidente do braço de bens de consumo da Bukang Sems, fabricante de Incheon, na Coreia do Sul. A Bukang fabrica desde autopeças a limpadores antimicróbios de colchões. Lee apoia a intervenção coreana nos mercados cambiais, dizendo que seus lucros serão espremidos se o won se valorizar mais do que já subiu.

O won, o dólar cingapuriano, o baht e o ringgit subiram apesar dos bilhões que os países gastaram comprando dólares. Em setembro, a Coreia do Sul adicionou US$ 8,8 bilhões a suas reservas, que devem atingir um novo recorde em um ou dois meses. A Tailândia acrescentou US$ 5,3 bilhões em setembro, e Taiwan aumentou US$ 6,8 bilhões, com ambos os países acumulando reservas recordes. Juntos, os três têm US$ 720 bilhões em reservas. A China tem US$ 2,27 trilhões.

Thamrong Tritiprasert, presidente da seção de calçados da Federação das Indústrias da Tailândia, diz que, com a forte recuperação da China, “a moeda deles deveria estar forte. Mas eles deci-diram enfraquecer sua divisa, e isso faz com que nossos exportadores tenham de trabalhar ainda mais duro. Precisamos de ajuda do governo para enfraquecer o baht, ou não sobreviveremos”.

O movimento dos contratos futuros sem entrega atrelados ao valor do yuan indica que os investidores acreditam que a China permitirá que sua moeda se valorize 3% nos próximos 12 meses. A China permitiu a sua divisa se valorizar de 2005 a julho de 2008, período em que teve uma alta de 21% em relação ao dólar.

Como a moeda chinesa não tem flutuação livre, uma nova rodada de fortalecimento do yuan só pode decorrer de uma medida das autoridades chinesas, e isso parece improvável para alguns.
Qing Wang, economista para a China do Morgan Stanley em Hong Kong, acredita que, apesar das preocupações de exportadores de outras partes da Ásia, a pressão dos EUA e dos vizinhos asiáticos para que a China deixe o yuan se valorizar continua modesta.

A inflação chinesa não é ainda questão importante, e as exportações continuam relativamente fracas. O Grupo dos 20 países ricos e emergentes não mencionou o câmbio chinês este mês, e ele não se reúne novamente até abril.

“Por que a China [deixaria o yuan subir] sem ser pressionada, se fazer isso não ajuda a economia chinesa no atual estágio do ciclo econômico?”, diz Wang.

As memórias da crise financeira de 1997-1998 levaram bancos centrais asiáticos a acumular grandes reservas internacionais para o caso de necessidade, e por isso estancaram a alta de suas moedas. As grandes reservas em mãos durante a recente crise mundial de crédito deram um aval a essa estratégia e podem ter levado os países a querer ainda mais reservas do que antes.
“A crise fez as autoridades asiáticas acreditar que não há algo como reservas em excesso”, afirma Neumann, do HSBC.

Veja a experiência da Coreia do Sul, por exemplo. Suas reservas eram de US$ 264 bilhões no início da crise, mais de um quarto de seu PIB. Mas, ainda assim, seu sistema financeiro foi um dos mais atingidos na região.

O Banco da Coreia (banco central) gastou US$ 64 bilhões das reservas entre março e outubro de 2008 para proteger o won e dar liquidez em dólar ao sistema bancário coreano. A Coreia ainda tinha US$ 200 bilhões no tanque, mas as autoridades haviam se comprometido em manter as reservas acima daquele nível. Os mercados viram uma queda abaixo de US$ 200 bilhões como um sinal perigoso. O won perdeu um terço de seu valor naquele período, e o mercado coreano caiu 65% em dólares, segundo a MSCI Barra. O Federal Reserve interveio com swaps de câmbio que ajudaram a aliviar o aperto do won.

(Colaboraram Wilawan Watcharasakwet e Juliet Ye)

No comércio exterior, Brasil sai pior da crise, diz professor

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Autor: João Villaverde – Valor Econômico – 22/09/2009.

Pela ótica do comércio exterior o Brasil vai sair da crise econômica mundial pior do que entrou. Essa é a avaliação do economista Márcio Holland, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo cálculos do economista, as exportações mundiais totais vão cair 11,5% entre o ano passado e este ano. Em meio à queda das relações comerciais, o Brasil apresenta “perigosa” tendência de piora na pauta exportadora. “Estamos vendendo cada vez mais commodities, deixando os manufaturados para segundo plano”, afirmou o economista durante o 6º Fórum de Economia realizado pela FGV em São Paulo.

Quase 85% do que é exportado à China, o principal parceiro comercial brasileiro, são bens primários. Esse valor foi apurado após a eclosão da crise mundial, que abalou a demanda nos mercados desenvolvidos. Assim, raciocina Holland, restou ao Brasil apelar à China para suprir a entrada de dólares na balança comercial. A demanda chinesa se concentra em bens primários que são industrializados internamente e depois remetidos a outros países emergentes sob a forma de manufaturados. Aos chineses interessa, portanto, que os termos de troca, como a taxa de câmbio, favoreçam a importação de seus produtos.

Para o economista da FGV é preciso conferir estabilidade ao real para dar maior segurança aos empresários. A alta volatilidade e valorização da moeda brasileira – que de 2003 a 2008 se apreciou 27,3% – dificulta a tomada de posições no comércio exterior, além de baratear os importados.

Segundo Holland, porém, o governo ainda se preocupa demais com o nível da inflação. “Nos EUA, teremos inflação anual de 2% apenas em 2014. No Brasil, onde a dinâmica será semelhante, o Banco Central está preocupado com o aumento de preços. Temos de mudar o foco da política monetária.”

Para Luiz Fernando de Paula, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e presidente da Associação Keynesiana Brasileira, os países exportadores de recursos naturais e com menor carga tributária, como México e Equador, foram os mais atingidos pela turbulência econômica.

Roberto Lavagna, ex-ministro da Economia da Argentina (2002-2005), diz que a América Latina se saiu melhor que os países desenvolvidos – embora ainda seja preciso refletir sobre o comércio exterior. “A redução de dívidas e os superávits fiscais acumulados anteriormente foram cruciais para esse desempenho. Mas há muito mais otimismo quanto a mudanças que medidas práticas de fato”, critica.

Petrobras se torna 34a maior empresa do mundo, segundo Fortune

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A Petrobras subiu da 63a para a 34a posição entre as 500 empresas de maior faturamento do mundo, segundo o mais recente ranking global publicado pela revista norte-americana Fortune, com base nos dados de 2008.

A petroleira estatal foi a única companhia brasileira dentre as 100 maiores do mundo, segundo o levantamento, tendo registrado no ano passado um faturamento de 118,2 bilhões de dólares.

Do Brasil, o ranking inclui ainda Bradesco, na posição de número 148, seguido por Itaúsa, controladora do Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Vale e Gerdau, nos lugares de número 148, 149, 174, 205 e 400, respectivamente.

Pelo critério de lucratividade, a Petrobras apareceu na sexta posição, superando gigantes como a Microsoft (7a), General Electric (8a), Nestlé (9a) e Wal-Mart (14a). Nesse quesito, a mineradora brasileira Vale ficou na 16a posição.

O relatório apontou a gigante anglo-holandesa de petróleo Shell como a líder do ranking, tornando-se a primeira companhia não norte-americana a encabeçar a lista. Das dez primeiras empresas que formam o ranking, sete são do setor de petróleo.

Wall Mart, a líder do ano anterior, caiu para terceira posição, atrás da também petroleira Exxon Mobil, dos EUA. As também petroleiras BP (Grã-Bretanha), Chevron (EUA), Total (França) e ConocoPhilips (EUA) ocuparam as posições de 4 a 7, nesta ordem.

O grupo financeiro holandês ING Group ficou em oitavo, seguido pela petroleira chinesa Sinopec e pela montadora japonesa Toyota completando a lista das dez maiores.

Citi simbolizou capitalismo financeiro

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Maior banco do mundo em valor de mercado em 2007, o Citibank já foi visto como símbolo do capitalismo financeiro americano por sua presença em 109 países. O Citi foi o maior credor individual do Brasil até 1987, época da moratória do governo Sarney. Nos anos 90, o então presidente do banco William Rhodes comandou pessoalmente a renegociação da dívida dos países latino-americanos, incluindo a do Brasil. A renegociação da dívida brasileira durou três anos.

O Citibank iniciou suas atividades em Nova York em 1812 e está a 94 anos no Brasil. Desde o início partiu para sucessivas aquisições – Bank Handlowy, em 1870; Smith Barneys, em 1873; Banamex, em 1884; Salomon Brothers, em 1910 – até se fundir com o Travellers Group, em 1998. Na crise atual, para sobreviver, recebeu injeções de recursos de US$ 6,88 bilhões do Fundo Soberano de Cingapura e de US$ 7 bilhões do príncipe saudita Alwaleed Bin Talal.

China vai às compras

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Enquanto fundos ocidentais como o Schroders soltam avaliações de que a China “é o Bric mais bem situado para emergir da crise”, o Washington Post alerta, em longa reportagem publicada ontem, que “as empresas chinesas estão em uma farra de compras neste último mês, levando bens chaves no Irã, no Brasil, na Rússia, na Venezuela, na Austrália, no valor de bilhões de dólares”. Concentra-se em petróleo e minerais. Daqui, o destaque foi o acordo com a Petrobrás, em troca de petróleo de Tupi.

Crise Financeira e Remuneração

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama classificou de “uma vergonha” os bônus pagos para executivos em Wall Street em meio à crise financeira. Relatório aponta que executivos receberam US$ 18,4 bilhões em bônus no ano passado. Obama afirmou que ele e o secretário do Tesouro Timothy Geithner, vão mandar uma mensagem a Wall Street de que “haverá a hora de ter lucro e Bônus e que o momento para isso não é agora”. O novo governo mandou para o Congresso um projeto que limita o salário dos executivos dos bancos que receberam recursos do Tesouro norte-americano, a US$ 400 mil, o sálário do presidente dos Estados Unidos.

Crise pós-comunismo matou trabalhadores

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A “terapia (econômica) de choque”, com privatização em massa a toque de caixa no ex-bloco soviético, na primeira metade da década de 90, foi responsável pela morte prematura de 1 milhão de pessoas, segundo um estudo publicado na “Lancet”, um periódico médico. A análise das mortes de 3 milhöes de homens em idade economicamente ativa em todos os ex-países comunistas na Europa Oriental sugere que pelo menos um terço desse número foi vítima da privatização em massa, que produziu desemprego generalizado e ruptura do tecido social. O estudo vem se somar a crescente número de pesquisas comprovando em que grau a transição econômica produziu sofrimento generalizado devido a mortes e doenças físicas e mentais. A pesquisa, realizada por David Stuckler e Laurence King, da Universidade Cambridge, e Martin Mckee, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, ataca duramente o legado de Jeffrey Sachs, economista americano, que à época defendeu o choque. Mckee enfatizou que morte por alcoolismo foi a mais importante explicação imediata para o surto nas mortes, mas também contribuíram a dieta pobre e o desnível cada vez maior entre os sistemas de saúde ocidental e comunista a partir da década de 60. Entretanto ele disse que demissões de pessoal, especialmente entre as pessoas com menor escolaridade e sem assistência social foi um dos principais motivos. Um comentário escrito por Martin Bobak e Michael Marmot, do University College London, na própria “Lancet”, adverte que a pesquisa foi de defícil realização, pela heterogeneidade dos países.