O país das reformas…

0

O governo insiste nas chamadas reformas estruturais para reativar a economia brasileira, desde os anos 90 os mais sucessivos governos estão buscando implementar novas políticas e reformas econômicas, estimulando as Privatizações nos anos 90, as Reformas Previdenciárias, as Reformas Trabalhistas, as Reformas Tributárias, dentre outras. Todas estas medidas são necessárias e urgentes, mas os resultados são sempre tímidas e insignificativas, diante disso, passou da hora de termos uma discussão mais civilizada, revendo os impostos e canalizam mais tributação para os grupos que mais ganham, desonerando a produção e o consumo e canalizando esforços nos tributos nos rendimentos, nas heranças e nas rendas, desta forma se consegue melhorar o perfil dos contribuintes e criando novos espaços para uma diminuição das desigualdades, um dos países mais desiguais do mundo.

Nova cédula de Real

0

Em pleno decurso do século XXI onde surgem novas moedas virtuais, robôs e tecnologias no mercado financeiro e novos instrumentos de pagamentos, o Banco Central do Brasil está colocando em circulação uma nova cédula, está nascendo a nota de R$ 200,00, mas uma forma de entender a sociedade, sempre na liderança do atraso e no flerto com o saudosismo.

 Educação e Economia para o mundo contemporâneo

0

A economia mundial nos últimos anos está cada vez mais centrado nas questões utilitaristas, criando necessidades nos indivíduos diretamente ligadas ao consumo de bens, serviços e mercadorias, criando novos interesses cotidianos e desejos imediatos. Neste momento da contemporaneidade, deixamos de lado o planejamento da vida e da organização das relações sociais, somos cada vez mais direcionados e estruturados dentro das noções daquele que chamamos de mercado, agentes que dominam o mundo contemporâneo, controlando os recursos financeiros, materiais e monetários, o poder político, os gostos e comportamentos, transformando os indivíduos em marionetes de grandes econômicos e políticos, dotados de grande força de convencimento e de dominação.

Na sociedade mundial, todos os momentos ouvimos discursos bem estruturados e grande capacidade de emoção, estimulando o espírito empreendedor e a visão transformadora, agregadora e de grande potencial de liderança, um discurso imensamente bem sucedido e nos trará um sucesso no mercado, com produtos ou serviços diferenciados. Neste discurso, muitos absorvem este pensamento e conseguem angariar recursos e transformando suas vidas e de todos que convivem com estes, passando a ser exemplo vivo do potencial do empreendedorismo.

A visão dominante está centrada nos valores do utilitarismo e do imediatismo, estes valores estão transformando a educação da contemporaneidade, estamos vivendo um sistema educacional baseado nas apostilas, nos resumos e nas resenhas, como se vivêssemos em uma sociedade onde os especialistas estão estudando as orelhas dos livros, nada de conhecimentos mais elaborados e estruturados, encontramos uma visão mínima dos conhecimentos cotidianos, sem leituras consistentes e olhadas cotidianas nos materiais de autoajuda e romance água com açúcar, sem enredo e sem capacidade de reflexão.

Nesta chamada época do Conhecimento, as escolas estão se esforçando para oferecer mais cursos e mais variados, com valores monetários cada mais acessíveis para rechear os currículos dos profissionais, vários destes cursos devem ser vistos como obscuros e sem importância, vendem apenas diplomas e certificados para garantir alguns parcos salariais, sendo que, na maior parte das empresas estes cursos são desconsiderados como forma de evolução profissional. Nesta sociedade, a educação se torna cada vez mais um grande produto comercializável por empresas de diploma e certificações, sem entender nada de educação, liderados por empreendedores, gestores com visão de liderança e forte capacidade de agregação e ampla capacidade de comunicação, gerando este negócio em espaços altamente lucrativo e rendável, com ações nas Bolsas nacional e internacional, e recursos gigantescos, crescente rapidamente, comprando outras escolas e faculdades, no início nos centros das capitais e, na atualidade, crescem de forma acelerada das escolas e universidades nas cidades do interior, monopolizando e controlando os mercados do chamado conhecimento.

                A economia contemporânea está dominando todos os setores da vida, suas visões estão comandando as mentes e transformando os valores do capital em valores dominantes. A gestão, instrumento criado para organizar as atividades econômicas e sociais da sociedade, vem transformando a sociedade, seus valores estão centrados no imediatismo, no egoísmo e na ganância, estimulando os comportamentos e os sentimentos mais reacionários e negativos dos indivíduos, com isso, percebemos uma sociedade cada vez mais degradante economicamente e marcados pela desigualdade, pela exclusão e pelas violências que espalham para todos os países e nações do mundo, desde os países mais pobres até os países desenvolvidos e industrializados.

A mentalidade dominante da gestão está centrada no imediatismo, as técnicas visam sempre o incremento da rentabilidade, os ganhos materiais, os lucros estratosféricos, recursos que se concentram em uma pequena parte da sociedade, para absorver estas somas abundantes, os grupos mais abastados se utilizam nos grupos intermediários, trabalhadores que estão nas camadas médias da coletividade, pessoas treinadas e remuneradas para sentir e vivem como se fossem parte da elite, infelizmente são apenas capachos dos grupos dominantes, defendem ideias e valores que estão distante de suas vidas, recebem uma remuneração considerável e com estes recursos compram seus valores e seus pensamentos críticos, acabando com sua capacidade reflexiva, defendem uma ideia equivocada e se esquecem dos seus iguais, seus grupos sociais e suas identidades sociais, perpetuando a exploração da sociedade contemporânea.

Nestes grupos encontramos gestores, profissionais liberais, advogados, economistas, administradores, engenheiros, professores, dentre outros, são grupos mais capacitados intelectualmente, ou melhor, pessoas dotados de maiores conhecimentos na sociedade contemporânea, estudam mais que a população e, diante disso, acreditam ser diferentes, mais éticos, conscientes e se veem como pessoas de bem, cultivam um ignorância e hipocrisia inomináveis, com isso, contribuem para a perpetuação das desigualdades sociais e as exclusões e ausência das cidadanias.

As escolas, as universidades e as faculdades estão inseridas neste ambiente, a educação que para muito é um instrumento de ascensão e social e de transformação, perdeu a capacidade de renovação da sociedade, os professores perderam o brilho da reflexão, nestas andanças percebemos professores pouco capacitados, ausentes nas conversações cotidianas, as leituras inexistem, muitos deles nunca carregam um livro, não compram novos livros e correm para as bibliotecas antes dos alunos quando querem ler alguma obra, gastam muitos recursos em quinquilharias desnecessárias e deixam de lado uma aquisição, desconhecendo os autores mais renomados, se capacitando apenas em apostilas ou em resumos escolhidos num site de busca, estamos caminhando a passos largos para a catástrofe e para insignificância como civilização.

Desde os primórdios do capitalismo industrial, século XVIII, centrados na meritocracia e na ascensão social, sempre evocado pelos seus defensores, que viam a educação como o instrumento fundamental para angariar nosso crescimento social, seu incremento salarial e seus rendimentos monetários perdem espaço no mundo contemporâneo. Na sociedade, a ascensão social está sendo colocada em xeque, fragilizando o conceito de meritocracia, deixando uma parte dos grupos sociais mais fragilizados distante da ascensão social, como propagandeavam os defensores da meritocracia. Neste sociedade, percebemos que os setores dominantes da sociedade, dotados de recursos financeiros e influências políticas, perpetuam nos lugares de comando, comandando os grandes cargos da estrutura e das instituições governamentais, os cargos do judiciário, do legislativo e empresas estatais, com isso, percebemos um poder concentrado em poucas mãos, perpetuando as desigualdades e as explorações, incrementando o racismo estrutural, as pobrezas e as destruições sociais.

O discurso dominante sempre legitimou os defensores do sistema capitalista e da concorrência, onde os melhores conseguem os melhores postos na sociedade, são os ganhadores nas estruturas sociais, os esforços são recompensados pelos membros da classe média, investem seus rendimentos no estudo de seus filhos nas escolas privadas e, garantem vagas nas universidades de ponta, garantindo oportunidades num futuro vantajoso, formando uma classe média despolitizada, imediatista e fortemente reacionária, transformando-os em grupos radicais e agressivos, sem capacidade de discernir que a defesa destas gerará novos constrangimentos num futuro próximo.

De outro lado, percebemos uma massa crescentes de pessoas que percebem que os ensaios de ascensão social e a meritocracia estão cada vez mais distantes, sem saneamento básico, sem ruas asfaltadas, sem escolas, sem internet e sem professores pouco capacitados, sem perspectivas de um futuro melhor, sem oportunidades de sonhar e na perpetuação crescentes de um horizonte sombrio, sem brilho e sem dignidade.

A pandemia expõe as nossas misérias sociais mais íntimas, neste ambiente deveria ser construída uma união social em prol dos interesses coletivos, fortalecendo o significado do conceito de nação, percebemos grupos defendendo pensamentos individualistas, egoístas e imediatista, radicalizando uma ideologia degradante e ultrapassada, numa crítica constante da ciência e da defesa da radicalidade. Sem argumentos científicos e defensores de fake News, levando-nos a um ambiente de obscuridade, de mortes e de degradações. Neste ambiente, estamos caminhando para mais de 100 mil óbitos, num ambiente de medos constantes e de desesperanças que levam seus familiares a enterrar seus mortos, abrindo mão de momentos fundamentais de proximidade, sem memórias, sem lembranças e com fortes cargas de angústias crescentes.

Neste ambiente de caos generalizado, as instituição que regulam e fiscalizam as entidades educacionais estão sendo degradadas, os controles são emitidos por entidades privadas, ou melhor, controlados por grandes grupos educacionais, mais abastados e mais dotados de recursos monetários e financeiros, com isso, atuam de forma a consolidar o setor educacional como um dos mercados mais rentáveis e lucrativos, sem exigências de qualidade, sem professores qualificados e sem titulações, substituindo os professores experientes e capacitados por robôs e inteligência artificial. Neste ambiente, percebemos o aumento dos exércitos de professores desempregados ou subempregados, os poucos que conseguem manter seus empregos nas escolas e nas universidades devem ter seus rendimentos reduzidos imensamente, com cargas elevadas de trabalho, ambientes marcados pelo estresse, pelas cobranças crescentes, alunos desanimados, além de marcados pela depressão, pela ansiedade, pelos transtornos emocionais e psicológicos. Sem educação de qualidade, sem professores capacitados, sem condições de trabalho digno e decente e de remuneração condizente, nossa ferida educacional e nossa história de exploração e de exclusão social, se perpetuará para o século XXI.

No século XXI, num momento de grandes instabilidades e incertezas, a economia se torna um farol obscuro para conduzir os rumos da sociedade contemporânea, neste interesse percebemos o poder dos interesses dos donos do capital, comprando os ativos materiais, os valores das coletividades e as mentes dos formadores de opinião, embora percebemos que este poder está cada vez mais consolidado, com uma estrutura dominada por poucos grupos econômicos, que controlam os filmes, as notícias, os costumes e os comportamentos das pessoas de todas regiões do mundo. Neste momento de pandemia, os dados nos mostram que as fortunas dos grandes milionários brasileiros cresceram mais de US$ 34 bilhões neste período de isolamento e quarentena, diante disso, os dados nos mostram que nesta sociedade, os donos do dinheiro não mais precisam das outras pessoas da sociedade, seus rendimentos crescem de forma acelerada, seus ganhos são oriundos dos investimentos de títulos públicos e de aplicações nos produtos financeiros pagos pelo Tesouro Nacional, com isso, percebemos como suas agendas no pós-pandemia estava sempre centradas nas reformas tributárias, como forma de dividir os gastos para a recuperação da economia, as privatizações como forma de angariar patrimônios da sociedade em prol dos interesses destes afortunados, desta forma, percebemos que os rumos do século XXI para a sociedade brasileira são sombrias, uma sociedade onde as pessoas buscam seus interesses imediatos, seus valores individuais e seus sentimentos cada mais egoístas, uma sociedade que caminha a passos rápidos para a degradação enquanto civilização.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Elite da administração pública atua em causa própria, por Marcos Mendes.

0

Uma das várias dimensões do nosso atraso, ela faz do Estado um pagador de rendas

Folha de São Paulo, 01/08/2020.

Uma das várias dimensões do nosso atraso é a forma como a elite da administração pública atua em causa própria.

Os auxílios, adicionais e “pagamentos de atrasados” brotam ao sabor da criatividade, gerando rendas muito acima do padrão de vida nacional.

O artigo 168 da Constituição, que instituiu a autonomia orçamentária dos Poderes, foi regulamentado de modo a garantir orçamentos sempre crescentes, nos três níveis de governo, para o Judiciário, Ministério Público, defensorias públicas, tribunais de contas e legislativos.

Luciano da Ros mostra dados de 2013 que situam nosso Judiciário entre os que mais gastam no mundo: US$ 130 por habitante, contra US$ 35 no Chile, US$ 19 na Argentina e US$ 16 na Colômbia.

Na advocacia privada, a parte perdedora em um processo paga “honorários de sucumbência” à vencedora, a título de ressarcimento. Tal verba remunera os advogados dos vencedores. A Lei 13.327/2016 estendeu a prática aos advogados públicos em causas da União.

Advogados do setor público já têm salário garantido e estabilidade no emprego, não têm custos de instalação e manutenção de escritórios e não precisam disputar clientes no mercado: são monopolistas da representação judicial da União. Não faz sentido que recebam essa verba. Segundo um site jurídico, em 2019 foram pagos R$ 550 milhões.

O Ministério Público da União se colocou contra esse pagamento. Em ação no STF, a ex-procuradora-geral Raquel Dodge afirmou que a prática ofende os “princípios da isonomia, impessoalidade, moralidade, razoabilidade e da supremacia do interesse público”.

Mas o próprio MPU não se furta a batalhar por seus vencimentos, buscando brechas para furar o seu teto e construir “jurisprudência” para sucessivas ampliações.

A emenda constitucional do teto de gastos fixou um limite específico para cada poder e órgão autônomo. Desde então, acabou a facilidade de aumentar os próprios salários e jogar a conta para outros pagarem: para dar aumento de salários, tem que cortar outras despesas do próprio órgão.

Em 2018, o MPU chegou a convencer o TCU a isentar do teto despesas financiadas por suas receitas próprias. A área técnica se pronunciou contra a interpretação criativa, mas o plenário do TCU determinou o aumento do orçamento do MPU. O Congresso se recusou a votar a autorização.

O MPU retornou ao TCU, com nova tese: alegou que seu teto de gastos havia sido calculado erroneamente em 2016, com a exclusão de R$ 105 milhões, referentes a seu auxílio-moradia. O TCU, dessa vez com maior fundamentação legal, determinou a elevação do teto do MPU. O Executivo acatou e fez o ajuste a partir de 2019.

O MPU passou a demandar “ressarcimento dos atrasados” de 2017 e 2018. Ou seja, transformou um teto de gastos —limite máximo— em direito de gastar.

O TCU, por sua vez, ignorou que orçamento é uma peça de vigência anual e garantiu o “direito” ao auxílio-moradia retroativo.

Os militares seguem a cartilha: usam o seu maior protagonismo no atual governo para obter previdência benevolente, gratificações e vantagens exclusivas. Já propuseram fixar o orçamento da defesa em 2% do PIB. Serão autônomos, como os demais Poderes.

A perda para o país vai além do custo financeiro das prebendas. Está no exemplo vindo de cima. Os excessos da elite reforçam o discurso dos populistas: se há para os grandes, tem que gastar com todos. O Estado vira um grande distribuidor de benefícios e salários. As finanças quebram e não sobra dinheiro para prover serviços públicos. A economia não cresce. A desigualdade aumenta.

É possível mudar: construir consenso político em torno das prioridades nacionais, ter pesos e contrapesos para frear o uso abusivo de poder. O ponto de partida é um claro limite do que pode ser gasto. Sem isso, sempre haverá espaço para oportunismo.​

Marcos Mendes

Pesquisador associado do Insper, é autor de ‘Por que É Difícil Fazer Reformas Econômicas no Brasil?’

Tomarei todas! por Paola Minoprio.

0

Grupos contrários à vacina anticoronavírus ganham terreno em meio a falácias

Folha de São Paulo, 27/07/2020

Parece que o povo brasileiro está num mato sem cachorro. Sem estratégia e intervenção claras do Ministério da Saúde, informações errôneas sobre a transmissão do coronavírus e um presidente que não dá exemplo, ainda se ouve que os impactos da Covid-19 serão sentidos por até dois anos!

Não bastasse a chegada do vírus, a ideia de conspirações invade as redes sociais e um movimento perigoso ganha terreno—o dos anti-vaxxers, ou anti-vacinas. Uma relação parece existir entre acreditar em complôs e não querer se vacinar… Mas essa falácia não é uma característica nossa.

A revista Lancet, renomada no mundo científico, mostrou que 26% dos franceses eleitores da esquerda e da extrema direita, não tomariam vacina contra o vírus. Esse descalabro tem paralelo nas crenças ideológicas da Itália e da Polônia.

A Universidade de Oxford revelou numa recente publicação que as crenças conspiratórias com o vírus e a desconfiança com as diretrizes do governo levam 12% dos ingleses a recusar uma vacina e 18% a desaconselhar familiares a tomá-la.

Nos EUA, 30% dos americanos não veem utilidade na vacinação e 38% dos alemães se recusariam a tomar uma vacina que seja imposta pelo governo.

Nas manifestações verde-amarelas em prol do fim do isolamento, não se vê ninguém clamando por vacinas! Entretanto, só as vacinas levarão à imunidade coletiva e libertarão o país deste vírus infernal!

Há 15 dias havia no mundo pelo menos 147 candidatos vacinais. A GAVI, aliança pública-privada mundial para o desenvolvimento de vacinas, com apoio da Fundação Bill & Melinda Gates, OMS, Banco Mundial e Unicef, se comprometeu a comprar milhões de doses para países pobres garantindo que comunidades vulneráveis sejam salvas.

Um acordo foi assinado com a farmacêutica britânica AstraZeneca para fornecimento de 300 milhões de doses da vacina de Oxford que, com a maior chance de sucesso, tem previsão de disponibilidade dentro de um ano. Hoje, sete outras preparações vacinais da China, Suíça, Estados Unidos ou da França estão em testes clínicos e predizem uma produção comercial entre o 2° e o 4° bimestres de 2021.

Para que uma imunidade de rebanho seja atingida será necessário vacinar 60-90% da população mundial, ou seja, pelo menos de 4 a 7 bilhões de pessoas. Se todas essas vacinas funcionarem e forem produzidas a todo vapor, apenas 1,5 bilhão de doses seriam disponibilizadas e seis meses seriam necessários para uma campanha de vacinação.

É consenso mundial que a infecção pelo coronavírus provoca uma resposta imunológica que não é duradoura. Então, independente de quais vacinas serão bem sucedidas, o importante é que além de estimular a produção de anticorpos e células tóxicas ao vírus, elas induzam uma “memória” imunológica que seja desencadeada a cada nova infecção.

Desde a vacinação de Louis Pasteur, com o vírus da raiva atenuado, e a variolização de Edward Jener, com as pústulas de varíola bovina, as vacinas evoluíram muito.

Por exemplo, na vacina de Oxford, o gene do spike, aquele espinho que ajuda o coronavírus a entrar nas células humanas, foi inserido no material genético de um adenovírus de resfriado que leva a vacina para o trato respiratório.

A vacina alemã e a americana são baseadas no gene inteiro do spike ou em apenas seus fragmentos. A chinesa, por sua vez, usa o vírus inativado em cultura de células de rim de macaco. A novidade é que todas as vacinas em teste induzem respostas rápidas de anticorpos e de células que limpam o tecido infectado.

Assim, pessoal, com ou sem cachorro no mato, plagiando Erney Plessmann de Camargo, professor da Universidade de São Paulo, “respeitados os intervalos necessários, eu tomarei todas, chinesas, inglesas, americanas e alemãs.”

Paola Minoprio

Diretora de pesquisa do Instituto Pasteur de Paris, coordenadora da Plataforma Cientifica Pasteur – USP, conselheira de comércio exterior da França.​

 

As transformações na sociedade em decorrência da pandemia

0

A sociedade mundial passa por um momento de grandes incertezas geradas pela pandemia do coronavírus, deixando um rastro de mais de 15 milhões de infectados, com seus impactos imediatos sobre todas as regiões e países do globo, desde as economias mais pujantes e desenvolvidas até os países pobres e miseráveis, levando uma leva de mortes, desesperanças e instabilidades econômicas, desajustes políticos e sociais, além de um caos generalizado na questão sanitária e de saúde pública.

Neste ambiente de medos crescentes, encontramos visões das mais variadas sobre o flagelo da pandemia, uns acreditam que vivemos um momento de um castigo divino, nestes crises percebemos graves constrangimentos para as civilizações; enquanto outras pessoas, enxergam neste episódio, um instante sublime de renovação global, onde todos devem dar seus relatos como forma de viver uma renovação espiritual, a pós-pandemia abrirá espaço para uma nova sociedade, onde os indivíduos tendem a perceber que os valores devem ser reestruturados com coletividade universal.

As pandemias não devem ser vistas como um momento inédito na sociedade internacional, são inúmeras epidemias globais se espalharam para todos os rincões no mundo, levando a óbito uma parcela imensa de pessoas, gerando muitas dores, tristezas e desesperanças e, posteriormente, novas situações transformando a sociedade, renovando atitudes e comportamentos e abrindo caminho para novos sentimentos e valores mais consistentes. No começo do século XX, a gripe espanhola, que foi causada pelo vírus influenza, assolou a sociedade internacional entre janeiro de 1918 a dezembro de 1920, infectou mais de 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial, gerando tristezas e saudades crescentes em grande parte das famílias mundiais.

A Doutrina Espírita nos traz inúmeros instrumentos para refletir sobre este momento da contemporaneidade, ao analisar o livro A Gênese, no capítulo XVII, Allan Kardec nos mostra que a sociedade mundial passaria por um grande momento, marcados por mudanças de valores estruturais. Como somos um país de provas e expiações e estamos em constantes progressos espirituais, em prol de uma melhoria mais consistente e duradoura. Acreditar que estas mudanças são necessárias e impulsionariam o crescimento do mundo é fundamental e premente, mas todas estas transformações geram rastros de ranger de dentes, com dores generalizadas e deste momento surgirá uma nova comunidade internacional, em bases e valores mais sólidos e verdadeiros mais puros e espiritualizados.

Os espíritas acreditam que estamos passando por um momento de transição de mundos, de um mundo conhecido como o de expiação e de provas para um mundo marcado por um mundo de regeneração, neste último muitos vícios que trazemos nos nossos íntimos serão deixados para trás, a renovação nos levará a um novo ser humano, mais solidário, mais consciente, empático e mais harmonizado com valores mais evoluídos e desenvolvidos,  integrados com os espíritos superiores que vivem em ambientes mais sublimes.

Neste momento encontramos uma sociedade mais capacitada em termos científicos e tecnológicos, diante deste desafio a comunidade internacional deve se juntar, pesquisadores das mais diferentes regiões do mundo devem se unir, unindo esforços hercúleos em prol de uma solução emergencial. Laboratórios públicos e privados devem se unir na busca de uma vacina que resolva a cura dos infectados, pesquisadores e intelectuais devem ser estimulados a compreender a sociedade na pós-pandemia, os ajustes que devem ser construídos para que os indivíduos possam crescer e se desenvolver com os medos gerados pela pós-pandemia, seus novos comportamentos e valores, visando a construção de uma sociedade mais integrada no ser, nos sentimentos e nos valores mais consistentes, deixando de lado este mundo centrado pelos valores do ter, da posse, das imagens e da acumulação dos recursos materiais e do consumo. Se a pós-pandemia trouxer novas valores para os indivíduos e para a coletividade global, este momento terá trazido um grande progresso para toda a comunidade internacional.

A chegada desta pandemia na sociedade internacional deve transformar os indivíduos a momentos de reflexão, a sociedade global deve parar para repensar valores consolidados, comportamentos cotidianos e relacionamentos degradantes. O momento de renovação espiritual, as pessoas devem compreender que o Planeta Terra é uma grande escola, um momento de vivências constantes em prol de um crescimento espiritual, levando-nos a mundos mais evoluídos, convivendo com espíritos mais elevados, sublimes e mais generosos e desenvolvidos, absorvendo sentimentos maiores e valores mais conscientes de nosso papel social na vida.

Ao observar as dificuldades dos países nas mais variadas regiões do mundo, percebemos como a pandemia está levando indivíduos ao óbito em condições que poderiam ser evitadas, pessoas morrem sem água encanada, sem alimentos e sem condições de dignidade, gerando pessoas infelizes, criando ambientes marcados por energias negativas, com isso, a atmosfera se mostra marcada por escuridão, medos e desesperanças, eternizando a pobreza espiritual e material. No continente africano, mais de 700 milhões de irmãos vivem em condições de indignidade, sem água e sem sabão, em condições degradantes de saúde e de higiene pessoal, cultivando doenças primárias que levam a morte que seriam evitadas facilmente.

A Doutrina Espírita nos mostra uma visão social muito mais ampla do que outras visões religiosas, o espiritismo nos mostra que o mundo está caminhando para um momento de grandes renovações e este crescimento é imposto e inexorável, todos devem aceitar e trabalhar em prol da coletividade, abraçar nossas responsabilidades e criam ambiente mais salutares, criando sentimentos mais sublimes e nos conscientizarmos de que a evolução está sendo conduzida pelo governador do Planeta Terra, Jesus Cristo, condutor e timoreiro destes momentos da sociedade internacional.

A pandemia deve mostrar a todos os indivíduos a importância da natureza, o respeito aos valores dos animais, das florestas, das matas e dos vegetais, de todos os povos, dos indígenas, dos negros e dos asiáticos. Neste momento de instabilidades e incertezas, cabe aos países mais desenvolvidos, coletividades mais abastadas de recursos monetários e mais capacidades tecnológicas e científicas, usando-as em prol da sociedade internacional, desde seus povos até seus irmãos de outras regiões do mundo. Neste momento devemos ser mais solidários e empáticos, renovando comportamentos marcados por valores materiais e construindo valores mais espirituais.

Segundo Chico Xavier a sociedade mundial está caminhando para o mundo de regeneração, deixando para trás o mundo de provas e expiações, que acontecerá depois de 200 anos da codificação de O Livro dos Espíritos, algo em torno de 2057. Neste momento, a sociedade internacional tem que ter consciência deste momento que passamos no Planeta Terra, um momento de mudanças, que exigem dos cidadãos valores mais amplos e consistentes, enxergando o mundo contemporâneo como uma grande escola, uma universidade de vivências, de experiências e de evoluções.

Nas questões econômicas percebemos inúmeros conflitos em curso na sociedade, de um lado percebemos uma discussão entre economia e saúde, um conflito equivocado, afinal o que vai acontecer para a economia se as pessoas não tiver saúde? Como será o consumo se as pessoas não existirem mais? A economia é fundamental na sociedade, o emprego, a renda e o consumo são cruciais para o sistema econômico, mas antes de tudo, os seres humanos precisam preservar a sua saúde e suas condições de vida para poder trabalhar e auxiliar no progresso social, sem saúde a economia entra em colapso.

A pandemia pode estimular uma mudança na mentalidade de empresários e pessoas que possuem mais recursos, mas para isso, faz-se necessário que as pessoas busquem informações sobre as necessidades das pessoas, contribuindo para os donativos, deixando recursos monetários para aqueles que possuem nada, doando alimentos, roupas e produtos de consumo pessoal, desta forma, as pessoas começam a desenvolver a empatia, a solidariedade e sentimentos para com os outros. Estas mudanças não acontecem de uma noite para o dia, algumas demoram uma vida, estão sempre presas em comportamentos egoísticos, em seus interesses e seus valores, mesmo assim, numa outra vida os cidadãos vão perceber valores que estão atualmente esquecidos.

A pandemia deveria levar a sociedade internacional a refletir sobre o mundo do trabalho, levando a sociedade a repensar sobre a importância e a centralidade do trabalho na civilização, deixando de lado este ambiente de competição e de concorrência acelerados, voltando a centralidade do mundo do trabalho não como acúmulo de recursos e entesouramento, mas uma instrumento de desenvolvimento social e econômico, como agente de sobrevivência, de incremento de direitos políticos, cidadania e respeitabilidade, estimulando valores de coletividade e de solidariedade, valores diferentes dos que encontramos na sociedade contemporânea, sempre centrado na concorrência desigual e a preservação de ganhos dos mais abastados.

A Educação deve ser vista não apenas como uma forma de agregar as pessoas para o mercado de consumo, mas deve ter um caráter mais amplo, a educação deve ser vista como uma forma de renovar seus valores do mundo, conhecendo várias áreas, estimulando a formação da cidadania, seus direitos e seus deveres, conhecendo as ciências, a literatura, a filosofia, as artes, a sociologia, a história, as religiões, o direito, a antropologia e os comportamentos humanos. Infelizmente, na sociedade contemporânea, a educação está fortemente centrada nas leituras superficiais, sem aprofundamentos maiores, com leituras de orelhas de livros e leituras de resenhas superficiais, formando pessoas pobres intelectualmente, com leituras reduzidas e, mesmo assim, com opiniões constantes nas redes sociais, para que sejamos vistos como especialistas em assuntos variados, opinando sobre todos os temas, entrando na conversas, gerando fakes News, gerando ignorância e espalhando constrangimentos. .

O mundo da matéria é fundamental, todas as experiências são valorosas para a busca do progresso espiritual, as vivências servem para entender as necessidades mais íntimas do progresso do ser humano, nesta pandemia devemos entender que aqueles que possuem mais devem auxiliar aqueles que tem menos. Neste momento de incertezas na sociedade internacional, todos seremos chamados para dar sua parte do auxílio deste momento de dificuldade, todos seremos responsabilizados por aquilo que deixamos de fazer em prol da coletividade. A conscientização das pessoas é fundamental para seu progresso espiritual, neste instante estamos num momento de renovação e de esperanças, esses sentimentos devem animar os corações de todos os indivíduos, levando conforte e serenidade para todos que mais necessitam, transformando esta pandemia em um momento de novos horizontes e crescimentos espirituais.

 

 

 

 

 

 

Depressão, Pandemia e desequilíbrio emocional

0

Os intelectuais e estudiosos da sociedade contemporânea tem grandes dificuldades de compreender como se caracterizar um mundo depois da pandemia que assola a comunidade internacional, uns acreditam que a nova sociedade se mostrará mais solidária e responsável socialmente, de outro lado, encontramos mais céticos para o pós-pandemia, mesmo passando por um momento de grandes instabilidades e medos crescentes, os seres humanos não estão preparados para mudanças sociais, ainda reina nos corações a concorrência e a competição, onde os interesses materiais e financeiros ainda estão centrados nos indivíduos, mesmo sabendo que não podemos precisar como será o novo mundo, haverá grandes renovações e instabilidades crescentes.

Sabemos que vivemos num mundo dominado pelos interesses da matéria, estamos centrados nos valores subjetivos do capital, a ética se concentra no imediatismo, nas riquezas e do consumo, neste ambiente, percebemos os impactos do meio ambiente, o degelo está em expansão, os mares, os rios e os lagos estão sentindo o peso agressivo dos homens, as florestas e as vegetações percebem as degradações, no Brasil percebemos as terras indígenas estão sendo atacadas por grileiros, garimpeiros e madeireiros, cujos impactos estão se mostrando cada vez mais acelerados, gerando movimentos nacionais e internacionais em defesa este matrimônio global, cuja destruição estenderá para todas as regiões do mundo, levando países a submergir dos oceanos, destruindo países, localidades e a migração de populações destas nações.

Ao mesmo tempo, percebemos movimentos de defesa do Planeta Terra, campanhas que levam a junção de empresas das mais variadas regiões e comunidades, governos nas mais diferentes matizes ideológicas, etnias e coletividades se unem em prol das necessidades de todos os povos, a pressão pode trazer beneficiar e podem criam novos movimentos de defesa da natureza e do Meio Ambiente e outras campanhas e bandeiras que devem ser abraçadas pela comunidade internacional, como o trabalho escravo, os tráficos de drogas e de pessoas, das guerras religiosas, dentre outros temas que impactam em todos os povos e nacionalidades.

Destacamos ainda o incremento da depressão, do suicídio, da ansiedade e dos transtornos crescentes em todos os países e coletividades, diante disso, percebemos que os desequilíbrios que assolam a sociedade global devem ser vistos como um tema de saúde pública. As raízes para estes desajustes são inúmeras, de um lado percebemos questões econômicas, como o rápido do crescimento da concorrência, das exigências do mercado de trabalho e as grandes mudanças no mundo do trabalho, levando as pessoas a sentir na pele as novas exigências do mercado. Neste ambiente de crescimento da competição, percebemos uma nova sociedade, com alterações estruturais, de um mercado centrado em produtos tangíveis para a uma nova sociedade centrada em bens intangíveis, onde o conhecimento e a tecnologia são os maiores criadores de riquezas e de acumulação, deixando de lado os grupos menos capacitados, menos escolaridades, com isso, aumentando o exército de marginalizados, de esfomeados e de excluídos em todos os países, antes eram apenas encontrados em países pobres e miseráveis, atualmente, os encontramos em todos as regiões do globo, até mesmos as nações desenvolvidas e industrializadas.

A depressão é vista como o mal do século XXI, vitimando uma leva gigantesca de mais de 400 milhões de pessoas ao redor do mundo, se somarmos os vitimados pelas ansiedades e  pessoas que sofrem de transtornos variados, que a ciência psicológica não sabem identificar, chegamos facilmente em mais de 2 bilhões de pessoas da sociedade mundial, cujas pessoas acometidos destes moléstias crescem de forma acelerada, gerando impactos econômicos em todos os países, vitimizando famílias e criando embaraços em todas as coletividades.

Nestas crescentes instabilidades emocionais e psicológicas que crescem em todos os países, estamos percebendo as grandes mudanças na coletividade internacional, o incremento das tecnologias traz novas melhoras econômicas, aumentando a produtividade e reduzindo os custos produtivos e elevando os lucros monetários, força no mercado e dominação política, mas ao mesmo tempo, percebemos uma absorção menor da mão de obra, gerando um aumento no desemprego, não apenas conjuntural mas o desemprego estrutural, onde inúmeros trabalhadores estão sendo substituídos por máquinas e equipamentos, além de novos modelos de gestão, marcada por tecnologias da informação e técnicas modernas de gerenciamento de cadeias produtivas, os impactos são cada vez maiores, gerando levas de ganhadores e, uma quantidade gigante de desafortunados, excluídos, desassistidos e descartáveis.

As novas tecnologias exigem estudos constantes, as atualizações são cotidianas, levando os indivíduos a entender as novas tecnologias, as redes sociais e as novas plataformas, novos aplicativos, tudo exige dos trabalhadores estudos crescentes e ininterruptos, neste ambiente, percebemos o surgimento de novos cursos de graduação, novos cursos técnicos, novas realidades produtivas e de interconectividades, com isso, estamos cada vez mais dependentes das novas tecnologias, novos produtos, novos empresas, tais como as startup cujos valores de mercados passam conglomerados antigos e arraigados na sociedade internacional. Um exemplo de empresas novas e revolucionária é a Tesla, montadora norte-americana que se transformou na maior montadora do mundo, deixando para trás empresas transnacionais que possuem mais de 50 anos de experiência do mercado global. Empresas como Volkswagen, Toyota e General Motors produziram mais de 10 milhões de automóveis no ano passado e seus valores de mercado ultrapassaram mais de 200 bilhões de dólares, valores menores do valor de mercado da Tesla, que gira em torno de US$ 280 bilhões, mesmo sabendo que, no ano passado, a empresa líder produziu “apenas” trezentos mil automóveis no mercado mundial, apenas 3% da capacidade produtiva das suas concorrentes.

Neste ambiente, caracterizado por uma sociedade internacional devemos destacada a alta desigualdade e da exclusão social, onde 1% da população mundial, um contingente em torno de 70 milhões de afortunados internacionais, absorveram mais de 82% da riqueza de 2018, enquanto os outros 99% da população global, algo em torno de 6,9 bilhões de pessoas amealharam mais de 18% da riqueza global, aumentando a concentração da renda e o incrementando os estoques destas famílias. Estas pessoas são os grandes donos da sociedade internacional, concentram em suas mãos as maiores empresas, os grandes bancos, as emissoras e os fluxos de informações, os provedores de internet, os grandes laboratórios mundiais, agentes responsáveis pelos recursos das campanhas, os financiadores dos deputados, dos senadores e dos presidentes da repúblicas, com isso, os donos do poder concentra todos os valores da sociedade, impondo seus valores, seu imediatismo e suas ambições, suas taras e seus desejos mais íntimos e pessoais.

Nesta pandemia, percebemos grandes transformações, dentre elas, destacamos os impactos sobre as finanças públicas, os recursos orçamentários e os gastos públicos, sua análise nos leva a compreender, de forma detalhada, como se dá o poder dos grandes grupos privados, sua força econômica e a adoção de seus interesses imediatos. De um lado, percebemos como os agentes governamentais se esforçam para levar recursos públicos para os setores privados, fazendo que os fundos públicos cheguem rapidamente para os grandes bancos e setores financeiros, recursos monetários com taxas de juros reduzidos e prazos cada vez mais dilatados, com isso, seus balanços financeiros e patrimoniais crescem de forma acelerada. De outro lado, percebemos como as micros, médias e pequenas empresas, responsáveis por mais de 98% do mercado nacional, grande agente gerador de emprego e renda para a coletividade, são incapazes de acesso aos fundos públicos, os recursos existem e foram canalizados para os bancos mas, estes recursos não chegam aos setores mais carentes, o resultado imediato é mais de 700 mil empresas em falências e um números assustador do desemprego, que devem chegar a mais de 20 milhões de pessoas, além de subempregos e informais, uma verdadeira selva marcada por degradação econômica, falências e desequilíbrios variados, cujos resultados imediatos devem levar o país a um colapso generalizado.

O horror gerado pela pandemia do coronavírus na sociedade internacional está deixando a sociedade num ambiente de depressão crescente, os valores imediatistas do capital estão absorvendo os corações e as mentes dos indivíduos, as éticas foram deixadas de lado, os recursos materiais estão se sobrepondo nas famílias contemporâneas, os prazeres e os gozos do consumo estão alterando as convivências das pessoas, as conversas familiares, as amizades e os relacionamentos, todos estão se transformando num ambiente de relações imediatas, marcadas por prazeres sexuais, sem conquistas, conversas estruturadas e sentimentos apaixonados. Vivemos uma sociedade que beira ao caos, os novos fluxos de informações e as novas plataformas aproximam as pessoas e ao mesmo tempo os distanciam as pessoas, vivemos um mundo estranho, estamos pertos e ao mesmo tempo, os prazeres são limitados e os prazeres são imediatos e os encontramos numa loja, num shopping e num café, mesmo sabendo que estes locais, tão prazerosos, estão fechados ou abertos parcialmente em decorrência da crise gerada pela crise sanitária que nos assola e nos amedronta, gerando ranger de dentes e medos crescentes.

Vivemos um mundo marcado por grandes depressões, depois de crescentes depressões econômicas, com estamos nos aproximando, as crises geradas pelas depressões emocionais, neste ambiente nos comportamos como verdadeiros zumbis, robôs ou autômatos, num ambiente marcado pela inteligência emocional, onde conhecemos nossas inteligências como a Aura, a Alexia, a Bia, entre outras, são os verdadeiros “indivíduos” que pululam os cotidianos dos indivíduos, trocando as pessoas físicas por e substituindo as inteligências do ambiente virtual, muitos se casam com estas inteligências, amam as tecnologias modernas e deixam de refletir sobre os valores da sociedade contemporaneidade. São robôs que levam os cidadãos se entregam em vidas medíocres, fútil e sem sentido, sem importância aparente, deixando de viver e se aventurar sobre o significado da imensidade da vida, das relações sociais, dos amores e da solidariedade. Torcemos para que a pandemia e este momento de isolamento e reflexão, sirvam para acordar valores fundamentais e sentimentos que se encontram escondidos nos seres humanos.

 

 

 

 

 

 

 

Classe média contribui para relações bárbaras de trabalho, diz sociólogo

0

Pesquisador sobre classe média brasileira, Jessé Souza diz que trabalhador no Brasil passa por desconstrução institucional

Paula Soprana – Folha de São Paulo, 24/07/2020 

Pesquisador sobre a classe média brasileira, o sociólogo Jessé Souza, doutor pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha, considera a emergente mobilização de entregadores consequência de uma política ampla de desconstrução institucional do trabalhador.

Para ele, o pano de fundo da popularização do modelo de negócio dos aplicativos, que não pressupõe vínculo empregatício, é uma classe média que autoriza que relações trabalhistas sejam fragilizadas.

“A precarização do trabalho foi montada a partir de programas políticos”, diz ele, referindo-se aos governos de Michel Temer (MDB), que aprovou a reforma trabalhista, que ele se opõe, e do presidente Jair Bolsonaro.

“Setenta por cento da classe média votou em uma pessoa com esse perfil, você celebra a desconstrução institucional do trabalhador e aí, obviamente, ele perde vínculos, emprego e aparece na vida dessas pessoas como se elas não tivessem nenhuma relação com isso”, diz.

Para Souza, a classe média contribui para uma relação “bárbara” de consumo.

Como o sr. avalia a relação entre a classe média consumidora e os entregadores de apps, que estão no centro de uma discussão sobre trabalho na pandemia?

Da forma 
que se dá no Brasil, perpetua 
uma relação de exploração próxima à escravidão. A questão é a desigualdade montada pela herança da escravidão. Não é só dizer formalmente que escravidão acabou quando você pode produzir escravos, entre aspas, num contrato de fome, com preço vil. O trabalho é reduzido a um esforço corporal —o trabalho da faxineira, da doméstica, do entregador que roda 13 horas de bicicleta para entregar a pizza quentinha. É uma relação de exploração econômica da classe média, e o fato de as pessoas serem destituídas de direito faz com que a classe média possa abusar disso.

Muitos alegam que esses aplicativos são uma forma de sustento para desempregados. 

Não acho. O que se cria é uma sociedade, primeiro, que desorganiza as relações de trabalho. Setenta por cento da classe média votou em uma pessoa com esse perfil, você celebra a desconstrução institucional do trabalhador e aí, obviamente, ele perde vínculos, emprego e aparece na vida dessas pessoas como se elas não tivessem nenhuma relação com isso. Basta fazer uma cadeia causal para saber que a classe média compra isso, apoia esse tipo de modelo. Você tem uma relação de classe média bárbara e selvagem.

A popularização desses apps é global. Alguns países regulam de forma diferente, mas ela também é anterior ao governo Bolsonaro…

Cada país 
lida de forma distinta. Na Alemanha, não vejo pessoas correndo de bicicleta para entregar rápido, não é assim que funciona. Tem maquininha que carrega produtos no supermercado, o trabalho muscular é diferente. Entre nós existe uma naturalização que é exploradora e espoliativa.

Qual seria a alternativa para a classe média que evita sair de casa? Que modelo seria justo ao trabalhador?

Garantindo direitos a esse trabalhador, 
que foram retirados 2016. A precarização de relação de trabalho tem relação com isso e 
isso foi montada a partir de programas políticos, tanto com 
Temer como com Bolsonaro. O que está por trás é uma 
concepção de sociedade. Setores da classe média querem que essas relações sejam fragilizadas. Esse é o ponto fundamental. De resto, vamos acabar discutindo aspectos pitorescos e fragmentados.

Alguns entregadores defendem CLT, mas a maioria quer maiores taxas e tem reivindicações pontuais. Essa mobilização pode influenciar novas manifestações?

Espero que isso aconteça porque as pessoas foram jogadas nesse mercado. Não podemos colocar isso como uma escolha, há uma precarização geral que é maior que uma decisão individual. Você ainda dificulta que elas possam se organizar politicamente. Não existe debate midiático plural que pode informar essas pessoas —acho incrível que tenham conseguido se organizar coletivamente. Proteção legal é desejável, mas a classe média não se preocupa muito com o pobre.

RAIO-X

Jessé Souza, 60, foi presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2015 e 2016, durante o governo de Dilma Rousseff. É autor de uma série de livros, como “A Ralé Brasileira” (2009), “Batalhadores Brasileiros (2010) e “A Guerra contra o Brasil” (2020). ​

 

Bolsonaro com Covid pode até causar ganho político a ele, mas efeito seria limitado, diz cientista político.

0

Professor da UFMG Leonardo Avritzer lança livro Política e Antipolítica: a Crise do Governo Bolsonaro

Naief Haddad – Folha de São Paulo, 18/07/2020.

Há uma chance de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenha benefícios políticos depois de ser infectado com Covid-19. Mas esse eventual ganho de popularidade teria efeito bastante limitado.

Essa é a avaliação do professor titular de ciência política da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Leonardo Avritzer, que está lançando o livro “Política e Antipolítica: a Crise do Governo Bolsonaro” (editora Todavia).

“A população, em geral, está muito mais arisca, confia muito menos nele do que antes”, afirma Avritzer.

Com base em pesquisas realizadas nos últimos anos pelo Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação, do qual faz parte, o cientista político acredita que em 2020, “pela primeira vez desde 2014, temos elementos de recuperação de práticas democráticas”.

O pesquisador dá como exemplo dessa mudança de patamar o aumento da confiança da população no Congresso Nacional e no STF (Supremo Tribunal Federal). “Nossos levantamentos têm fortes convergências com pesquisas que o Datafolha realizou durante a pandemia.”

À Folha Avritzer explica por que a “fase cordata” do presidente tende a durar pouco e comenta os fatores que impulsionaram Bolsonaro ao centro do poder, um dos temas do seu novo livro.

Do ponto de vista político, como avalia o fato de o presidente ter sido diagnosticado com o novo coronavírus?

É mais um momento lamentável nessa sequência de episódios do presidente ligados à Covid-19. Mesmo que o diagnóstico signifique uma alteração radical da postura dele em relação ao enfrentamento da pandemia, o que parece duvidoso, seria uma mudança que vem demasiadamente tarde e vem de uma pessoa que mostrou pouquíssima sensibilidade e capacidade de gerar empatia com a população.

Pode haver algum benefício político?

É difícil pensar em algum ganho nesse sentido, mas não impossível. Basta lembrar que Bolsonaro se beneficiou demais do atentado [a facada em setembro de 2018], embora ele tenha sido um dos políticos que mais incentivaram a violência durante a campanha eleitoral.

Pode haver, sim, um efeito [de maior adesão] entre os grupos bolsonaristas e entre aqueles que abandonaram recentemente o apoio ao presidente. Mas a população, em geral, está muito mais arisca, confia muito menos nele do que antes.

No início do seu novo livro, o senhor fala que “Bolsonaro passou de um político marginal ao centro da política”. Quais os fatores principais para levá-lo a esse novo patamar? 

São três. O primeiro é o colapso do governo de esquerda, com o qual ele adquire protagonismo. Todos devem se lembrar do voto de Bolsonaro durante a sessão da Câmara dos Deputados que autorizou o processo de impeachment de Dilma Rousseff, em 2016.

Em segundo lugar, o fracasso do governo Michel Temer. Houve uma operação desastrada das forças de centro ao retirar uma presidente de esquerda para botar o governo nas mãos de Temer, que articulava todo o sistema de desvios de recursos públicos.

Um terceiro ponto é a Lava Jato, que talvez opere numa raia própria na crise brasileira. De um lado, defendeu o que os brasileiros querem, a punição da corrupção no sistema político. Por outro, destruiu quase a totalidade do centro político.

O senhor também escreve que “o colapso do bolsonarismo não ocorre subitamente, mas pela primeira vez desde 2014 temos elementos de recuperação de práticas democráticas”. O que o leva a acreditar nessa recuperação? 

Em março de 2018, nós, na UFMG, participamos da realização de uma pesquisa nacional, e os resultados foram catastróficos. O apoio às instituições políticas era baixíssimo, apenas cerca de 10% confiavam no Congresso Nacional. O apoio à democracia tem que ser, evidentemente, um apoio às instituições democráticas.

Naquela pesquisa, os brasileiros confiavam principalmente nos militares e nas igrejas.

Tivemos recentemente [pesquisa em junho deste ano] certa recuperação da confiança nessas instituições. A confiança no Congresso não é enorme, mas melhorou. Houve aumento ainda no caso do STF.

Também é importante que os brasileiros tenham se manifestado a favor do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. A democracia precisa de políticas públicas, de objetivos claros, e era isso que Mandetta apresentava nas entrevistas que concedia no ministério. E o bolsonarismo faz o quê? Desorganiza a política e surge com uma solução mágica.

De acordo com a pesquisa mais recente do Datafolha, 75% expressam apoio à democracia, o maior índice da série histórica. Como avalia esse resultado?

É uma boa notícia, claro, mas isso, por si só, não resolve o problema do apoio à democracia.

Seria preciso também perguntar às pessoas se elas concordariam em romper com a democracia em certas situações. Uma coisa é dizer “eu acho a democracia um bom sistema de governo”, outra é “em todas as situações, eu vou ser democrata e me comportar democraticamente”.

Na verdade, esse resultado de 75% é mais significativo pelo que revela de contraste com a posição do presidente, que participou de uma série de manifestações em que ideias de golpe ou intervenção militar foram levantadas.

O governo tem se aproximado nos últimos meses dos partidos do centrão. Isso será suficiente para sustentá-lo no poder?

Há dois problemas. Um é que a base bolsonarista é altamente anticentrão. O movimento que o presidente faz nessa direção o torna vulnerável diante do bolsonarismo como movimento.

E existe um segundo problema: os políticos que apoiam Bolsonaro agora, como Ciro Nogueira (PP), Valdemar Costa Neto (PL) e Gilberto Kassab (PSD), são aqueles que estiveram ao lado da ex-presidente Dilma no segundo mandato dela. Eles não foram capazes de segurar a Dilma, não é?

O centrão pode oferecer uma estabilidade mínima no Congresso, mas não te ancora completamente. O que segura mesmo um governo é a opinião pública, são as ruas, os níveis de aprovação e o Poder Judiciário, na medida em que tem a capacidade de colocar o Executivo em xeque.

O senhor diz que a gente vive um equilíbrio precário.

Vivemos numa conjuntura de equilíbrio catastrófico, eu diria, com um presidente que não é democrata e que tem um apoio significativo da população. Quando se pergunta aos brasileiros se querem a renúncia ou o impeachment, a sociedade aparece bastante dividida.

Aparecem menções ao cesarismo ao longo do livro. Do que se trata?

É um termo que a ciência política usou muito no século 19 e no começo do século 20. Está associado a líderes que acumularam apoio militar (o termo vem de César, em Roma) e foram progressivamente assumindo controle completo da política. Conseguem transferir esse carisma militar para o sistema político.

Entre os líderes cesaristas importantes, estão Napoleão 3º, na França, e Bismarck, na Alemanha.

Bolsonaro pode se tornar um deles?

Acho que não. Não acredito que tenha carisma no Exército como um todo, ele tem entre aqueles de baixa patente. Não é um líder inconteste do Exército brasileiro. Pelo contrário, aliás.

Quando pôde, o Exército o reformou. Há uma série de características prezadas pelas Forças Armadas, como hierarquia e disciplina, que Bolsonaro não segue.

O senhor escreve que “Bolsonaro em versão cordial é uma ficção que não atrai os apoiadores que ele quer mobilizar contra as principais forças políticas do país”. Isso quer dizer que essa fase aparentemente mais moderada, que acompanhamos nas últimas semanas, terá vida curta?

Tendo a achar que sim. Qual é o problema desse Bolsonaro cordato, que fala da importância do STF e que passa dias sem agredir jornalistas? Ele não faz sucesso na sua base, não faz sucesso nem mesmo entre os próprios filhos.

Existe uma contradição do bolsonarismo como movimento e o bolsonarismo como governo. O bolsonarismo como movimento precisa desse Bolsonaro que chuta tudo, que compartilha fake News. Mas ele tem problemas para governar. Ao se comportar dessa maneira, sofre derrotas no Congresso e no STF.

Já o Bolsonaro cordato pode completar o seu mandato, mas dificilmente vai se reeleger ou vai continuar sendo líder de um movimento.

Tenho a impressão de que ele é muito mais feliz à frente de um movimento antidemocrático, falando as coisas que costuma falar na cerquinha do Alvorada do que indo ao Congresso conversar sobre políticas públicas.

Pode haver uma conciliação entre o Bolsonaro líder de um movimento e o Bolsonaro da governabilidade?

São coisas muito diferentes. Grande parte das pessoas que o apoiam nas redes sociais não estão interessadas na governabilidade. Acreditam numa luta ideológica, que é preciso tirar a educação brasileira das mãos dos comunistas, que é preciso combater o globalismo no plano internacional.

O bolsonarismo é um movimento muito forte porque é radical, não busca um meio termo, especialmente nas redes sociais.

LEONARDO AVRITZER, 61

 

Economia Brasileira: desafio, reestruturação e reconstrução nacional

0

A sociedade brasileira está passando por grandes desafios em período de pandemia, crescimento no desemprego, redução dos salários e queda na renda, levando os trabalhadores a momento de forte desesperança, medos generalizados e grandes incertezas e instabilidades, enfrentando o maior desafio para a sociedade brasileira, com mortes crescentes, falências de empresas e uma bancarrota de fábricas, lojas e bares e restaurantes, o futuro comum é sombrio.

A economia está passando por um momento de grande desagregação, os indicadores econômicos são assustadores, o fechamento das empresas é elevado, os pequenos, médios e grandes empreendimentos estão caminhando rapidamente para a bancarrota, os recursos estão abarrotados no sistema financeiro, as demandas dos empresários são elevados, mas o dinheiro não está sendo irrigado para o sistema econômico, com isso, as perspectivas na economia nacional são sombrias são crescentes. Os investidores fogem da economia brasileira, com receio das políticas ambientais, os investimentos se assustam como os comportamentos e as atitudes hipócritas e a desonestidade crescem de forma acelerada, colocando-nos como um país pária, onde muitos países e regiões da sociedade global não mais adquirem produtos brasileiros,  somos vistos como um país vitimado, com isso, os reflexos sobre o comércio exterior tende a perder espaços consideráveis.

A educação brasileira, descrita como um dos mais caóticos setores da sociedade, percebemos a inexistência de um verdadeiro projeto nacional, neste ambiente, percebemos a inabilidade política dos titulares ministros, mais interessados em discussões menores, como a chamada escola sem partidos, dentre outras pautas ideológicas e conservadoras, deixando questões muito mais prementes, tais como o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEP), que tende a terminar no final deste ano e, sem ele, aumentará os problemas educacionais com impactos degradantes para a sociedade, principalmente nas cidades menores e menos providas de recursos para os investimentos na área da educação, deixando rastros de perdas salariais e degradantes das instituições nacionais.

Ainda falando sobre a questão educacional, percebemos que os desafios na arena educacional são imensos, desde os ensinos públicos até as escolas privadas. Sem linha de crédito e lentidão dos socorros financeiros, muitas empresas tendem a bancarrota, desde escolas pequenas de até 300 alunos até escolar maiores, que carecem de recursos para os dispêndios cotidianos e para os investimentos em infraestrutura. Com estas escolas desassistidas, muitos contingentes de escolares serão retirados das entidades privadas e deslocadas para as instituições públicas, pressionando o aumento das salas de aulas, materiais e uniformes escolares, exigindo novos gastos em manutenção, além de novos investimentos de infraestrutura, contratações emergenciais, tudo isso tende a impactar sobre os gastos públicos e as pressões sobre os tetos dos gastos, medida adotada pelo governo Temer que congela os gastos durante algumas décadas, estas medidas estão degradando de forma acelerada a educação nacional, com isso, degradam fortemente as esperanças sociais, levando a um cenário mais sombrio, elevando os péssimos indicadores sociais, econômicos e políticos.

Neste ambiente de grandes incertezas e instabilidades crescentes, percebemos uma enxurrada de lives em canais de internet e redes sociais, todos estão encontrando uma solução mais consistente para a superação, visando auxiliar este ambiente de forte degradação da educação nacional. Dados mostram o crescimento do abandono das crianças, jovens e adolescentes das escolas estaduais, nestes indicadores percebemos que grande parte daqueles cidadãos que abandonam a escola, algo em torno de 79% dos estudantes, são negros e brancos pobres, com isso, a pandemia nos mostra mais claramente os indicadores de degradação social de uma parte da sociedade brasileira, levando o país a um futuro degradante e suprimindo as oportunidades de uma parte crescente da sociedade brasileira.

Nesta semana que estamos terminando, a sociedade global se viu assustada com as políticas degradantes no meio ambiente pelo governo brasileiro, redução crescente nos investimentos na preservação da Amazônia, diminuição das multas e de queda dos funcionários de instituições como IBAMA, FUNAI e INPE, que atuam diretamente na preservação, no controle e na vigilância, além de dados negativos disponíveis destacando uma maior devastação das florestas, levando fundos financeiros internacionais, detentores de mais de 17 trilhões de dólares em administração. A redução dos investimentos estrangeiros no Brasil são muito negativos para a imagem internacional, ainda mais num momento de grandes instabilidades e crescentes incertezas nacionais, cujos recursos seriam bastante bem alocados para a economia nacional, num momento de grande devastação gerada pelo coronavírus, cujos rastros foram muitos negativos nas cidades, no interior e nas comunidades indígenas e das comunidades urbanas mais pobres, degradados e miseráveis.

Os dados referentes a economia brasileira são assustadores, o crescimento no desemprego é gritante, no começo de junho percebemos, segundos os dados do IBGE, mais de 1,3 milhão de empresas estavam fechadas ou temporariamente encerradas, deste número, quase 40% estão fechando definitivamente, mais de 522,7 mil empresas foram a bancarrota em decorrência da pandemia. Nestes números, 99,2%, eram de empresas de pequeno porte, até 49 funcionários.  Outros números mostram que 4,1 mil empresas de porte intermediário, de 50 a 499 empregados e 110 empresas de grande porte, acima de 500 funcionários. Destes números assustadores, mais de 258 mil empresas eram de setores de serviços, 192 mil empresas de setor comercial e 38 mil empresas do setor de construção e 33 mil para o setor industrial, mostrando que a pandemia está gerando uma verdadeira destruição no sistema econômico e produtivo, gerando um incremento do desemprego, da informalidade e do subemprego, com isso, os efeitos generalizados se disseminam para todos os trabalhadores, aumentando as, já péssimas, situações sociais e econômicas.

Neste ambiente de crise econômico, a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) nos traz números negativos e preocupantes. Segundo o estudo, a população ocupada somava 83,4 milhões em maio, ante 93,5 milhões no mesmo mês de 2019 – queda de 10,7%, recorde na série histórica iniciada em 2012. Entre os trabalhadores informais, a redução da ocupação foi de 15,1%, contra recuo de 6,7% dos formais. Nesta pesquisa percebemos uma situação de forte degradação no emprego da sociedade brasileira, muitas pessoas tendem a piorar rapidamente com a volta do isolamento social e também à garantia de uma renda mínima pelo auxílio emergencial concedido pelo governo federal, a volta desses trabalhadores à procura por uma ocupação deve pressionar a taxa de desemprego nos próximos meses, transformando o emprego na sociedade brasileira se tornar mais precário no curto prazo, pressionando o governo a adoção de políticas públicas mais efetivas para o combate desta situação, nestas medidas, a piora da condição social e econômico tendem a se degradar mais rapidamente.

Os resultados econômicos do combate a pandemia, por parte do governo federal, foram desanimadores e preocupantes, as autoridades econômicas estão conseguindo colocar na economia recursos para os agentes produtivos, principalmente para as micro e médias empresas, os recursos existem e foram distribuídos para os setores bancários mas, ao mesmo tempo, foram incapazes de garantir que estes recursos chegassem aos setores mais necessitados, com isso, o desemprego cresceu de forma acelerada, inúmeras empresas foram à bancarrota e os contingentes de desassistidos cresceu de forma assustadora, da recessão estamos caminhando para uma depressão de impactos econômicos pouco sentido internamente e a recuperação deverá ser por muitos anos.

Neste momento de pandemia, as atuações do Estado Nacional são fundamentais para a reconstrução nacional, investimentos governamentais são imprescindíveis para evitar o colapso da sociedade, os recursos emergenciais são cruciais, mas é preciso pensar em novas estratégias de emprego e de renda, com contratações de trabalhadores para dinamizar a economia e abrir oportunidades de sobrevivência das famílias. Os gastos devem ser liderados e planejados pelos agentes públicos, novos fontes de dispêndios devem ser utilizados para gerar empregos mais consistentes, ao mesmo tempo, cabe aos agentes públicos a repensarem as políticas públicas no setor industrial, somando aos esforços das universidades e centros de pesquisas, espaços centrais para o desenvolvimento de ciências e tecnologias, sem estas, o Brasil continuará mais de cócoras aos grandes centros internacionais de conhecimento. A pandemia deixa claro como a pesquisa é fundamental para a construção da soberania de um país, temos mais de sessenta universidades federais de excelência, mais uma grande quantidades de universidades e centros de pesquisas estaduais, além dos institutos federais e faculdades tecnológicas e escolas técnicas, estes ativos devem ser valorizados e estimulados para que seu objetivos sejam efetivados para a reconstrução de uma economia que, nos últimos anos, perderam o espaço global e de respeitabilidade dos centros de conhecimento universal.

A redução de Estado deve ser pensada como uma política maior, como a construção de um projeto nacional mais amplo e consistente, vender patrimônio nacional deve ser uma política marcada por ampla discussão que envolve todos os agentes públicos, onde todos os canais da sociedade podem participar destas discussões, deixando de lado as políticas autoritárias, limitadas e parciais, de grupos que degradam as empresas nacionais e degradem estas instituições e seus profissionais e, posteriormente, são os primeiros agentes que fazem lances reduzidos para o controle acionários, transformando em empresas monopolistas com lucros elevados e forte poder política e capacidade de articulação.

A discussão referente a privatização deve ser feita de forma transparente por todos os setores interessados, mas devemos tomar cuidado com o momento apropriado desta discussão, como sabemos, estamos em meio de uma pandemia assustadora, os valores arrecadados nesta desestatização será muito reduzido e seus retornos são pouco significativos, o grande problema desta alienação do patrimônio estatal podemos perceber que a privatização pode levar a construção de mercados cada vez maiores monopolistas ou oligopolistas, cujos prejuízos serão mais negativos para a população nacional, cabe ao governo perceber o momento exato destas vendas e estamos percebendo que o governo está antecipando uma discussão muito parcial e desequilibrada, os resultados desta política de desestatização são ruins e seus efeitos não devem demorar, gerando maior mal-estar para toda a coletividade.