A menina da montanha

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O livro conta a história de Tara Westover que saiu das montanhas de Idaho  para se tornar doutora em História pela Universidade de Cambridge, uma obra de superação e força de vontade, que destaca uma família Mórmon que não levava seus filhos para a escola com receio de os verem envolvidos com as supostas “ideias comunistas” do governo norte-americano, uma leitura fascinante e fundamental.

 

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Alberto Acosta: “Governos progressistas apostaram na expansão do extrativismo”

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Nessa entrevista, Acosta fala sobre os temas de seu último livro e como os governos da América do Sul, progressistas ou não, têm se utilizado das práticas extrativistas para criar um desenvolvimento econômico predatório.

*Raul Galhardi é jornalista – Le Monde Diplomatique.

Político, economista, ex-ministro, ex-presidente da Assembleia Constituinte do Equador, candidato à Presidência e autor de obras como “Pós-extrativismo e Decrescimento — saídas do labirinto capitalista” (Autonomia Literária e Elefante), seu livro mais recente. Pode-se dizer que Alberto Acosta se encaixa na definição de Gramsci de “intelectual orgânico”, para quem o trabalho intelectual deve estar diretamente ligado ao papel de organização e de condução do movimento político transformador.

Nessa entrevista, Acosta fala sobre os temas de seu último livro e como os governos da América do Sul, progressistas ou não, têm se utilizado das práticas extrativistas para criar um desenvolvimento econômico predatório. Ele também aborda o processo que elaborou a Constituição de Montecristi em 2008 e o que restou dela nos sucessivos governos equatorianos, atacando principalmente seu antigo aliado, o ex-presidente Rafael Correa, a quem denomina como “caudilho do século XXI”.

Por fim, faz comentários sobre as eleições brasileiras, que elegeram o representante da extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL), e diz o que esperar dessa conjuntura política mundial de radicalização do conservadorismo.

Como você explicaria, resumidamente, os conceitos de pós-extrativismo e decrescimento? Eles podem ser aplicados na vida cotidiana dos indivíduos sem a necessidade de políticas públicas governamentais?

O decrescimento e o pós-extrativismo poderiam ser vistos, em uma aproximação bastante simples, como dois lados da mesma moeda. São dois processos em andamento e que começam a convergir.

Especialmente no Norte global, há uma consciência crescente da necessidade de superar o vício do crescimento econômico, que está causando cada vez mais danos ambientais e sociais. No Sul global, a resistência contra o extrativismo aumenta à medida que as sociedades entendem que uma forma de acumulação baseada na exportação de produtos primários as mantém amarradas de maneira submissa ao mercado mundial, em estado de permanente prostração.

O decrescimento, entretanto, não pode ser confundido com uma crise econômica vulgar. Ele convida a construir economias e, sobretudo, sociedades que garantam uma vida digna a todos os seres, humanos ou não. Já o pós-extrativismo nos confronta com a necessidade de superar a dependência das exportações de bens primários, com todas as suas consequências de subdesenvolvimento, marginalização e das múltiplas violências.

Esses processos, para se transformarem em poderosas forças transformadoras, requerem políticas nacionais. No entanto, à medida que essas ideias ganham força, tanto no Norte como no Sul, multiplicam-se alternativas concretas que começam a caminhar nas direções propostas por esses horizontes transformadores.

Após um ciclo de direita neoliberal, na década de 90, e um ciclo de esquerda progressista nos anos 2000, a América do Sul está entrando num novo ciclo de direita liberal. Porém, todos esses ciclos, segundo seu livro, se baseiam nos ideais extrativistas. Como discutir ideias como decrescimento e pós-extrativismo em países que ainda não podem ser considerados desenvolvidos, como os países latino americanos?

O ponto de partida é reconhecer que os governos neoliberais e os governos progressistas colocaram suas expectativas de desenvolvimento em uma expansão acelerada do extrativismo. Em nenhum caso ocorreu a transformação da matriz produtiva. O Brasil é o melhor exemplo: o país se “reprimarizou” e se desindustrializou de maneira notável.

Países com governos progressistas sequer tentaram afetar a lógica de acumulação de capital. Trataram apenas de modernizar o capitalismo. É por isso que, embora tenham reduzido a pobreza, graças ao enorme rendimento das exportações de matérias-primas, os ricos enriqueceram ainda mais. Em suma, é preciso diferenciar governos progressistas do que poderiam ter sido governos de esquerda.

Para responder a pergunta, é preciso entender que o desenvolvimento é um fantasma. A questão de quantos países conseguiram se desenvolver nos últimos 70 anos (período decorrido desde o apelo global para superar o subdesenvolvimento, do discurso do presidente americano Harry Truman) se complica ao se descobrir que os chamados países desenvolvidos não o são. Na realidade, estes são países mal desenvolvidos.

Portanto, a discussão do pós-extrativismo e do decrescimento é importante para o Sul global a fim de encontrarmos nossas próprias alternativas que nos permitam simultaneamente reconciliar a justiça social com a justiça ecológica. Uma não é possível sem a outra, superando a armadilha do desenvolvimento e sua referência ideológica dominante: o progresso.

Você vê espaço para a difusão das ideias pós-extrativistas e de decrescimento no mundo diante da conjuntura política atual? Como você enxerga medidas adotadas por diversos governos no mundo que tem como objetivo aumentar os índices de felicidade das suas populações, como reduzir jornadas de trabalho e aumentar salários?

Se analisarmos o mundo a partir das grandes manchetes, das notícias da grande mídia, uma profunda depressão pode chegar até nós. Parece que marchamos no sentido contrário a uma história de emancipação humana, de construção de relações harmônicas com a natureza. Mas se prestamos atenção e silenciamos em termos metafóricos, podemos ouvir a respiração de um futuro de profundas e múltiplas transformações… em diferentes cantos do planeta, no Sul e no Norte, emergem alternativas muito concretas de todos os tipos e que vão muito além da redução da jornada de trabalho e do aumento de salários.

Deve-se notar que a redução das jornadas de trabalho deve vir de mãos dadas com outros padrões de consumo e outras maneiras de organizar a vida longe do individualismo, consumismo e produtivismo. É hora de ficar claro que precisamos recuperar e assumir o controle de nossas próprias vidas, do nosso trabalho e do nosso lazer.

Não se trata apenas de defender a força de trabalho e recuperar o tempo de trabalho excedente para os trabalhadores, mas opor-se à exploração da força de trabalho, recuperando o direito ao ócio como um direito humano. Em jogo está, além disso, a defesa da vida contra esquemas antropocêntricos de organização socioeconômica que destroem o planeta via degradação e depredação ambiental.

Você foi aliado de Rafael Correa e presidiu a Assembleia Constituinte do Equador, que incluiu conceitos inovadores como ter a Pacha Mama (“Mãe Terra”) como sujeito de direitos. No entanto, durante este processo da Constituinte, o senhor tornou-se crítico do governo Correa. O que motivou esta mudança de postura?

Quem mudou de postura foi Correa. Ao se tornar o caudilho do século XXI, ele enterrou as propostas iniciais de ceder a processos apoiados por uma democracia radical. Ao expandir o extrativismo, consolidou a economia primária de exportação, essencialmente subdesenvolvida e dependente. Ele fechou a porta para mudanças civilizacionais como a proposta pelo “Bem Viver” ou “sumak kawsay”. O fato de não dar lugar a uma mudança na matriz de acumulação de capital deu apenas alguns passos para modernizar o capitalismo.

Portanto, considerando todos os elementos — econômicos, políticos, constitucionais, internacionais — que ele tinha a seu favor, podemos dizer que sua gestão se tornou uma década desperdiçada. E o que é mais grave, ao enfraquecer sistematicamente os movimentos sociais e ao ter dado passos concretos para voltar ao neoliberalismo desde 2014, Correa deixou a mesa para o retorno da direita neoliberal e oligárquica.

Os ideais presentes na Constituição chegaram a serem implementados de fato? O que mudou nas políticas públicas do Equador após a homologação da Constituição?

A Constituição de Montecristi foi retardada em sua cristalização especialmente pela ação de Correa. Para o caudilho Correa, a Constituição tornou-se uma camisa de força e por isso foi o primeiro e principal violador da Constituição ao atropelar direitos e garantias. Por exemplo: ele impediu o Equador de ter uma justiça autônoma e independente pela primeira vez. Ele “meteu a mão na justiça”.

Correa, como modernizador do capitalismo, não entendeu a Constituição e, portanto, não fez nada para cristalizá-la. O caso dos Direitos da Natureza, entre muitos outros, é um forte exemplo.

A própria sociedade, especialmente os movimentos sociais que encorajaram as grandes mudanças constitucionais, não se empoderou da Carta Magna e não a transformou em uma ferramenta revolucionária. Essa é uma tarefa ainda pendente.

Em 2013, você candidatou-se à Presidência da República por uma coalizão de movimentos políticos, sociais e indígenas (Unidade Plurinacional das Esquerdas), mas obteve pouco apoio popular, acabando em sexto lugar nas eleições. A que atribui este resultado?


Isso é explicado por vários fatores. Além de saber se o candidato era adequado, não tínhamos a capacidade de nos sintonizar com as exigências de uma sociedade que vivia uma euforia consumista em meio a um regime cada vez mais autoritário. “A cenoura na vara” sustentava o poder do caudilho do século XXI (Rafael Correa).

Nosso esforço visava resgatar os elementos-chave da Constituição; incorporar novos tópicos na vida nacional, tais como os plenos direitos das mulheres e a liberdade das opções sexuais; e consolidar uma grande frente: a Unidade Plurinacional de Esquerda. Para além do fracasso eleitoral, a grande derrota política que encontro neste último ponto foi uma tentativa orientada para consolidar a unidade de uma nova esquerda que tem que ser simultaneamente socialista, feminista, ambientalista e anticolonial, como também portadora de transformações democráticas radical.

Como você enxerga o atual governo de Lenín Moreno? Pode-se afirmar que ele segue os princípios presentes na Constituição?

O governo de Moreno, que surgiu por desígnio de Correa, acelerou os passos neoliberais e extrativistas de seu antecessor e mentor. Enfatizo, porém, que com Moreno se recuperaram espaços de liberdade e tranquilidade política. Mas ele, como Correa, é outro tijolo na parede da dominação burguesa e transnacional no Equador.

Você assinou um manifesto internacional de intelectuais contra o agora presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Qual a sua opinião sobre a vitória e um futuro governo dele?

As ameaças que este político, de passado obscuro, representa para o Brasil e toda a região são enormes. Ele tem o apoio de enormes poderes, além de um segmento majoritário da sociedade brasileira. Porém, no Brasil, existe um arcabouço legal e institucional que estabelece alguns limites que podem impedir arroubos excessivos. Também entendo que nesse grande país existem setores da sociedade que estarão dispostos a defender a democracia. Tenho muita fé na força democrática do povo brasileiro.

Eu entendo de alguma forma as razões para o fracasso do PT e o triunfo de Bolsonaro. Sem ser a única explicação, fica claro que o fracasso dos progressistas, caracterizado por seu extrativismo exacerbado, cria as condições para o surgimento de governos ultraconservadores com traços fascistas. A esquerda é obrigada a aprender com o que aconteceu no Brasil. Ela tem que assumir um enorme desafio, porque para uma grande parte da sociedade o fracasso do progressismo — que sintetiza até mesmo uma derrota cultural e simbólica de muitas ilusões e promessas de mudança — é também uma frustração atribuível à esquerda.

Em toda a América Latina, os vários grupos políticos conservadores realizam uma interação ativa de eventos para desacreditar qualquer opção à esquerda, insistindo que elas são impossíveis, fatalmente tingidas de corrupção e até mesmo de sangue, e assim por diante. As graves crises democráticas — não apenas econômicas — da Venezuela e da Nicarágua se misturam com a crise do PT no Brasil.

Entretanto, a crise brasileira mostra a urgência de insistir nas diferenças entre progressistas e esquerdas. É que muitos dos problemas do Brasil — não todos — resultam da gestão confusa e contraditória do governo do PT e seus aliados que, pouco a pouco, se esqueceram de seus objetivos esquerdistas iniciais para se transformarem em progressistas. Eles nunca esconderam isso e fizeram disso um dos seus atributos. Portanto, uma primeira lição crucial é que esquerdas e progressistas não são a mesma coisa.

Você considera viável a eleição de mais representantes da extrema-direita em países da América do Sul ou considera que este é um fenômeno que ficará restrito ao Brasil?

O ambiente na América Latina e em outros lugares, como vemos na Europa, está repleto de elementos propícios ao surgimento e consolidação de governos de ultradireita. O mau exemplo que o Brasil dá nesse sentido alimenta ainda mais essas tendências. Porém, também confio no povo que, mais cedo ou mais tarde, encontrarão novos rumos de dignidade e democracia.

 

Luiz Gonzaga Pinheiro

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Escrito por Editora Eme 18/01/2019

LUIZ GONZAGA PINHEIRO é natural de Fortaleza (CE), onde é professor de Ciências e de Matemática na rede pública. Palestrante e doutrinador, conheceu o espiritismo na adolescência por pura curiosidade. Após avisos de seus amigos espirituais, escreveu seu primeiro livro. Hoje, possui mais de 20 obras publicadas.

Agora, o autor do best-seller O perispírito e suas modelações nos apresenta André Luiz e suas novas revelações, lançamento da Editora EME sobre o qual ele nos fala na entrevista abaixo:

 

O que o estimulou a escrever André Luiz e suas novas revelações?

A grande quantidade de informações valiosas e complementares à obra de Kardec, que ainda se encontra inacabada e em crescente evolução. Como os ensinamentos da codificação, notadamente os de cunho científico, necessitam de detalhamento, tarefa que tomou para si André Luiz, alguns temas expostos em sua obra, igualmente carecem de desdobramento para que cheguem ao entendimento do leitor sem muito tempo para pesquisa ou sem afinidade com a ciência. Essa tarefa me foi solicitada por meus instrutores espirituais para que fosse exercitada em nossos grupos de estudos, não apenas para este autor, mas para outros como Emmanuel, Yvonne Pereira e Philomeno de Miranda.

Qual seu objetivo com esta obra?

Em consonância com um dos lemas do espiritismo, talvez o mais belo, “amai-vos e instrui-vos”, o objetivo da obra é levar o conhecimento espírita aos grupos de estudos, pesquisadores, amantes de uma boa leitura, simpatizantes do Espiritismo, palestrantes e leigos, pois os ensinamentos primam pela simplicidade em sua linguagem e pela fidelidade doutrinária, mostrando os encaixes, a sintonia e a concordância do espiritismo com a ciência, sobretudo, em suas últimas descobertas.

O que os leitores encontrarão neste livro? Faça-nos uma resenha

Os leitores poderão encontrar uma variedade muito grande de temas abordados por André Luiz em todas as áreas do conhecimento humano. Assim, assuntos como o princípio inteligente, o perispírito, a volitação, a mediunidade, o corpo mental, a doutrinação, os desencarnes coletivos, os anticoncepcionais, a obsessão, a poligamia e outros que desfilam através da bibliografia do autor constam nesse volume, pois não me fixei em apenas um livro, mas em toda a obra.

Qual a importância das obras de André Luiz para o conhecimento de assuntos cotidianos importantes?

O conhecimento, ao ser adquirido, experiência realizada nos Estados Unidos e comprovada através de testes elaborados em pleno funcionamento do cérebro que o recebe, é motivo de alegria e contentamento para o espírito. Em verdade a causa da maior alegria que o espírito pode sentir é a sua aquisição. Só por esta importância já valeria a pena instruir-se. Mas visamos, também, ao editar o livro, a comprovação de teorias citadas antes das descobertas científicas, a beleza da obra divina que tudo encaminha para o bem e para o belo, a intimidade com a ciência espírita e o entendimento e a interpretação dos planos de Deus sempre misericordiosos e sábios em cada detalhe de nossa existência.

Você considera que os espíritas já aproveitaram todo o conhecimento das obras de André Luiz ou ele ainda é um grande desconhecido?

Estamos distantes do entendimento e da grandeza dessa obra. Geralmente limitamo-nos a ler quando estudar seria o verbo a ser utilizado. O estudo é metódico, perseverante, cheio de debates e descobertas emocionantes. O estudo é verticalizado, a leitura é superficial. Por trás da obra de André Luiz deve existir uma plêiade de sábios auxiliando-o na complementação da obra de Kardec, que continua inacabada. Ainda passará muito tempo para que esta obra seja convenientemente apreendida.

Na sua opinião, qual a maior contribuição de André Luiz ao espiritismo?

André trouxe uma riqueza enorme com suas obras subsidiárias à doutrina espírita. Kardec, devido ao tempo e as limitações da época, não conseguiu detalhar algumas sutilezas do Espiritismo limitando-se ao essencial, à base sólida onde outros poriam os andaimes. André avançou no estudo do perispírito revelando que este é presidido pelo corpo mental; enquanto Kardec optou por uma tríade para representar o ser (corpo físico, perispírito e espírito) André desdobrou o perispírito afastando a ideia de um cartucho fluídico único para apresenta-lo como uma cebola, com camadas que se descartam à proporção que o Espírito avança; nos livros “Evolução em dois mundos” e “Mecanismos da mediunidade”, ambos pouco lidos e entendidos, este autor traz à superfície explicações científicas e exemplos brilhantes na parte científica da doutrina, que enriquecem, facilitam e fortalecem o entendimento da codificação espírita.

Como você analisa a evolução do conhecimento espírita atualmente?

Estive recentemente (setembro de 2018) em um Fórum de debates espíritas em Blumenau e constatei com certa tristeza, que os pesquisadores espíritas estão voltando para casa. Meu velho amigo Saulo Gomes não compareceu, pois havia sido acometido por um acidente vascular cerebral. Voltaram para casa, Hermínio Miranda, Hernani Guimarães Andrade, Professor Herculano Pires, Chico Xavier, dentre outros cuja alegria, a razão maior de suas existências era a pesquisa e a divulgação. Acredito que surgirão outros, mas no momento, pela enxurrada de obras sem muita substância doutrinária, julgo que necessitamos de mais empenho na pesquisa e na divulgação do consolador prometido.

O livro espírita ainda é um fator relevante na divulgação doutrinária?

Sim, um dos maiores. O livro jamais perderá seu espaço para outros implementos tecnológicos. O livro tem um charme, um cheiro gostoso, espaço para anotações, é fácil de transportar, independe de fonte de energia para ser manuseado. Pode, a qualquer instante e facilmente transportar o leitor para revisão do que foi lido e permanece quietinho na cabeceira da mesa à espera de ser abraçado novamente. Dizem que o melhor amigo do homem é o cão, mas tenho minhas dúvidas, pois julgo que é o livro.

Por que o meio espírita tem tanta dificuldade para lidar com temas que não foram abordados diretamente por Allan Kardec, mas que são tratados por André Luiz?

Para muitos religiosos cristãos a Bíblia é a palavra de Deus e por isso não pode ser mudada, contestada, atualizada.  Para alguns espíritas O livro dos espíritos, por exemplo, é a bíblia do espiritismo, portanto tudo ali deve permanecer intocado. Este não é o pensamento de Kardec, que queria a doutrina atualizada e caminhando ao lado da ciência. Alguns espíritas se limitam ao que Kardec disse ou não disse. Se Kardec não citou, não é espiritismo. Daí a não importância dada às obras subsidiárias como se elas não fizessem parte de um plano superior de atualização doutrinária.

Lembro aqui meu velho amigo Hernani Guimarães Andrade que ao ler em primeira mão o livro de um neófito na literatura espírita intitulado O Perispírito e suas modelações disse: está maravilhoso! Mas mude o capítulo sobre o universo. Refaça-o baseado no Big Bang, pois esta é a teoria correta e ao tempo de Kardec ela ainda não tinha sido descoberta. A teoria do Big Bang foi anunciada em 1948 pelo cientista russo naturalizado estadunidense, George Gamow (1904-1968) e o padre e astrônomo belga Georges Lemaître (1894-1966). Segundo eles, o universo teria surgido após uma grande explosão cósmica, entre 10 e 20 bilhões de anos atrás. Esse é o trabalho de André: atualizar, detalhar, aprofundar, complementar e em alguns casos, corrigir.

André Luiz trouxe ao espiritismo o conceito de cidade/colônia espiritual, através da série Nosso Lar.Por que nas Obras Básicas espíritas não existem referências a estas cidades/colônias?

As obras básicas se limitam a descrever o essencial e o suportável pelo pensamento da época ditos com a ciência existente naquele contexto. Jesus, também omitiu muita coisa e de outras falou através de parábolas devido ao pensamento da época não comportar a grandeza dos ensinamentos. É necessário um amadurecimento para determinados conceitos. Todavia está implícito na obra de Kardec que os espíritos vivem em sociedade, com um sistema organizado e divisão de trabalho. Isso remete à uma colônia ou cidade, sem falar que Jesus deixou bem claro que existem muitas moradas na casa do Pai.

Ao final de André Luiz e suas novas revelaçõesvocê afirma que “devemos usar o conhecimento para mudar a nós mesmos”. Porém, apesar de sabermos como devemos agir, por que ainda assim permanecemos com um sentimento interior de sofrimento intenso?

Conhecemos o Evangelho há mais de dois mil anos, mas nossas conquistas nesse campo são milimétricas. A evolução moral é muita mais lenta que a intelectual. Há de se fazer um esforço, estabelecer prioridades, conscientizar-se de que somos espíritos momentaneamente em experiência carnal. Nosso lar não é aqui, nossos bens não são materiais, nossa felicidade não é construída de maneira isolada, mas em projetos coletivos. Enquanto não aprendermos a amar, estilo de vida dos espíritos mais conscientes, permaneceremos com este sentimento de vazio e de solidão.

Que mensagem deixaria aos nossos leitores?

Que estudem e se esforcem na aquisição de algumas virtudes, notadamente a paciência, para planejar e efetuar seus projetos de vida incluindo um pouco de amor, de poesia e de bom humor. Que trabalhem, pois o lugar mais apropriado para um encontro com os bons espíritos é no trabalho. Que amem, amem, devagar e urgentemente, pois sem amor continuaremos pobres em plena riqueza material.

 

Brasil nunca teve social-democracia que Paulo Guedes combate, diz autor

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 Economista retraça políticas desde governo FHC para mostrar que país passou longe da centro-esquerda

Benedito Rodrigues de Moraes Neto

[RESUMO] Economista retraça políticas aplicadas desde o governo FHC  para demonstrar que, ao contrário do que afirmou o ministro da Economia, Paulo Guedes, o país esteve longe de ser aprisionado pela ideologia de centro-esquerda.

Em mais de uma ocasião, o ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou que, no período recente, o Brasil foi aprisionado pela social-democracia e que sua proposta objetivava libertar o país dessa prisão. Tentaremos verificar em que medida a avaliação de um excesso de social-democracia corresponderia à realidade histórica de nosso país.

Evidentemente, o ministro se referia ao período que vem desde o governo FHC, pois não haveria qualquer sentido em incluir as presidências de José Sarney e Fernando Collor, por motivos bastante claros: o primeiro esteve inteiramente às voltas com sucessivos fracassos na luta contra a inflação; o segundo levou essa luta ao paroxismo do voluntarismo inconsequente, além de pôr em prática, ainda que de forma incipiente, algumas das propostas mais caras à economia liberal.

Também o período do presidente de um partido que tem em seu nome a social-democracia, o PSDB, não se ajusta bem às críticas de Guedes. Isto porque a luta contra o monstro da inflação continuou dominando a cena, com o bem-sucedido Plano Real, que começou no governo Itamar Franco e se consolidou no governo FHC. Sem dúvida brilhante em sua concepção e implantação, o plano sofreu forte crítica dos partidos mais à esquerda.

Depois desse momento, houve a continuidade da preocupação com a gestão macroeconômica, com a criação do chamado tripé, constituído por meta de inflação, equilíbrio fiscal e flexibilidade cambial. Se juntarmos tudo isso ao grande esforço pelas privatizações, com destaque para a área das comunicações, fica a pergunta: onde está aí a “prisão social-democrata”?

Pode ser que o envolvimento com a questão macroeconômica tenha tolhido esse lado do PSDB, que talvez pudesse desabrochar em outro contexto. De qualquer forma, fica claro que a crítica de Guedes se refere mesmo aos quase 14 anos do PT na Presidência. Nossa questão se coloca, então, de modo mais específico: em que medida a crítica ao excesso de social-democracia se ajustaria às gestões petistas?

Comecemos com um aspecto absolutamente crucial para caracterizar uma gestão social-democrata, em contraposição a uma de matiz liberal: a política tributária. Talvez a mais característica propositura social-democrata seja a implementação de uma tributação bastante progressiva, ou seja, que cobre impostos proporcionalmente maiores dos que auferem renda maior.

Sabe-se que as alíquotas de imposto sobre a renda são extremamente elevadas para níveis elevados de rendimento nos países de presença mais forte da social-democracia, como os da península escandinava. Mesmo no caso dos Estados Unidos, país que apresenta distância bem grande em relação à social-democracia, essa questão da progressividade da tributação diferencia fortemente as gestões dos partidos Democrata e Republicano, algo reforçado nos anos recentes.

Uma gestão democrata se aproxima, nesse caso, respeitando os limites americanos, de uma proposta social-democrata, com elevação da progressividade dos impostos. Uma gestão republicana, inteiramente impregnada da concepção liberal, rapidamente trata de aumentar a regressividade tributária, sob o argumento de que a ideia social-democrata inibe o ímpeto das pessoas para o esforço produtivo.

Pois bem, isso tudo é bem conhecido. O interessante é observar o rebatimento por aqui dessa questão tributária. Ao ler a observação de Guedes, pode-se imaginar que a implantação de uma estrutura tributária extremamente progressiva pelos “social-democratas de centro-esquerda” no poder por 14 anos precisaria ser revertida com força pelos ultraliberais de direita.

Mas esse não é um tema por aqui, pois o PT não mexeu uma vírgula em nossa estrutura tributária regressiva, muito dependente dos socialmente injustos impostos indiretos e, no caso dos impostos diretos, muito branda com os que auferem rendimentos de propriedade e muito dura com os que obtêm rendimentos do trabalho.

Cada vez mais dura, aliás, na medida em que se deixou de corrigir as tabelas do Imposto de Renda de acordo com o ritmo de inflação. Os assalariados de todos os níveis de renda tiveram que pagar cada vez mais nesse período.

Considero que não seria fácil para um estrangeiro entender uma coisa dessas: como é possível que um dos países de maior desigualdade social do planeta, que possui uma tributação de rendimentos extremamente regressiva, não tenha apresentado uma vírgula de alteração em sua política tributária durante 14 anos de um partido “de centro-esquerda” (para muitos, “de esquerda”) no poder?

Mas nós, brasileiros, teríamos que nos associar à questão: como é possível? De qualquer forma, o que nos interessa aqui é marcar que, no item fundamental da política tributária, a social-democracia nem passou perto daqui.

Continuemos a perscrutar nossa “prisão à social-democracia”, agora caminhando em direção à política social. Nesse caso, ganha grande destaque o Bolsa Família, programa tornado bastante extenso pelo PT.
Não é nosso objetivo aqui discutir o programa, mas verificar seu ajuste à crítica de Guedes.

Sabe-se que esse tipo de política social, de focalização, foi gerado no interior do Banco Mundial por economistas de extração liberal. Contrapunha-se, enquanto proposta de ação pública, à proposta social-democrata de universalização da intervenção do Estado através da política educacional, de saúde etc.

Foi justamente na gestão do partido que tem a social-democracia no nome que a política de focalização teve seu início, ainda tímido, com a criação, por FHC, das Bolsas Escola e Alimentação e do auxílio-gás.

Inteiramente imbuído da crítica social-democrata, de centro-esquerda, a essa política de focalização, Lula chamou-as de “Bolsa Esmola”. Posteriormente, já na Presidência, depois do fracasso do seu primeiro programa, o Fome Zero, Lula fez a unificação das bolsas num programa único, batizou-o de Bolsa Família, e o incrementou de forma extremamente significativa.

Para nosso propósito aqui, cabe uma única pergunta: onde temos aqui a “prisão social-democrata”? Guedes terá que propor ao presidente Jair Bolsonaro que elimine imediatamente o Bolsa Família, por ser uma das faces dessa prisão? Pelo contrário, o presidente já propôs implementar o 13º salário para os que recebem esse tipo de rendimento.

Continuemos com a política social. Se não encontramos social-democracia no Bolsa Família, talvez a encontremos na política habitacional, com o Minha Casa Minha Vida. De novo, temos a crítica de Lula em sua fase pré-presidencial, quando afirmou, com acuidade, que o pobre, quando comprava casa própria, não podia beber uns goles a mais, pois havia o forte risco de entrar na casa do vizinho.

Pois bem, o Minha Casa Minha Vida levou essa triste característica arquitetônica de nossos programas de moradia popular ao paroxismo, adicionando uma outra triste característica, urbanística, sobretudo nas grandes cidades, ao situar os conjuntos habitacionais a grande distância dos locais de emprego de seus habitantes.

Se a proposta social-democrata implica generalizar qualidade de vida, não vejo como o Minha Casa Minha Vida possa se ajustar a isso. Aliás, nesse caso, é particularmente desanimador verificar como tantos anos de um governo “de centro-esquerda” (para muitos, “de esquerda”) foram inteiramente incapazes de utilizar a reconhecida competência e criatividade de nossa arquitetura.

Seguindo adiante, um dos traços mais fortes da social-democracia é resguardar para o Estado, protegendo-as da interferência mercantil, as esferas da educação e da saúde. É inclusive a generalização da qualidade da educação pública que tem dado grande destaque a alguns dos países mais fortemente social-democratas, com ênfase recente para a Finlândia.

Basta um olhar muito rápido ao que acontece no Brasil nessas duas áreas para constatar que estamos muito longe dessa matriz. Realmente, em saúde e educação, não há que se criticar excesso de social-democracia após 14 anos de PT —muito pelo contrário.

Finalizemos com uma estatística significativa, que recolhemos no jornal O Estado de São Paulo de 9 de dezembro de 2018. Segundo pesquisa realizada pela consultoria Mercer em 601 empresas de 130 países, a diferença de rendimento entre executivos e operários é, em média, de 34 vezes no Brasil. Na Alemanha, país com relevante presença social-democrata, essa diferença é de cinco vezes.

Depois desse dado, somos forçados a concluir que o problema do Brasil não é, como afirma Paulo Guedes, de excesso de social-democracia, mas sim de excesso de falta de social-democracia. Conforme afirmou a escritora argentina Beatriz Sarlo, o que a América Latina necessita é de uma social-democracia séria.

Benedito Rodrigues de Moraes Neto é professor aposentado do Departamento de Economia da Unesp.

 

Não será em 2012 Chico Xavier revela a data-limite do velho mundo

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O livro, escrito por Marlene Nobre e Geraldo Lemos Neto, conta as profecias do médium Francisco Cândido Xavier sobre as transformações em curso no Planeta Terra que, segundo o médium ocorrerá em 2019 e não em 2012 como muitos acreditam.

 

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Um crime de solidão: reflexões sobre o suicídio

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Uma obra interessante que reflete sobre questões referentes ao suicídio e a depressão, um depoimento vivo e intenso de um autor de grande destaque da literatura contemporânea.

 

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Anotações sobre a Reencarnação de Segismundo

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A obra de André Luiz, designada a vida no mundo espiritual, é um grande bálsamo para estudarmos e refletirmos sobre como se dá a vida depois da morte do corpo físico, os livros nos auxiliam na compreensão de onde vamos quando morrermos, quem encontraremos e o que faremos neste novo mundo, indagações que o ser humano sempre se fez e muito poucas respostas sensatas e coerentes conseguiu encontrar. A obra do médico carioca retrata as suas experiências individuais depois que partiu para o mundo espiritual, seus dramas, traumas, medos, constrangimentos, surpresas e as muitas alegrias, uma obra de fôlego que desnuda com detalhes como se dá a vida depois da morte física, a vida no mundo espiritual.

Os relatos contidos nas experiências do espírito André Luiz foram estruturados em treze livros, sendo que nestas obras o autor disseca questões de grande relevância para que os indivíduos possam entender que a morte é, na verdade, algo normal e corriqueiro na vida de cada pessoa, somos espíritos em evolução, para o autor a razão existe no mundo a mais ou menos 40 mil anos, diante disso, podemos imaginar que cada pessoa encarnada ou desencarnada, já encarnou e depois desencarnou mais de mil vezes, ou seja, estamos em uma viagem de muitas paradas rumando a um progresso inexorável.

A morte sempre foi um dos maiores medos dos seres humanos, todos sabemos que um dia vamos morrer, mas ninguém gosta de conversar sobre este tema tão indigesto, o Espiritismo trouxe importantes informações referentes a este momento tão relevante e difícil para o indivíduo, mostrou-nos que a morte não existe, o que morre é o corpo físico, a matéria, o espírito se liberta e vai, paulatinamente, se lembrando da existência, a vida verdadeira se dá no mundo imaterial ou, se preferirem, no mundo espiritual.

Somos fruto de inúmeras encarnações, vivemos muitas vidas em corpos diferentes e por períodos diferentes, nascemos como homens e como mulheres e, em muitas vidas, passamos pela prova da homossexualidade, ou seja, vivemos variadas experiências com o intuito de compreender as dificuldades de todos os indivíduos, julgar menos, auxiliar mais e desenvolvermos a chamada empatia, desta forma teremos certeza de que estamos na marcha do progresso e do crescimento do nosso espírito.

As reencarnações se sucedem várias vezes, este processo difere de pessoa para pessoa, as encarnações são diferentes pois estão atreladas a momentos diferentes de cada indivíduo e, principalmente, estão relacionadas ao merecimento de cada pessoa, alguns reencarnes são amplamente planejados e estruturados pelo mundo maior, nestes casos percebemos o engajamento de espíritos de alto valor moral, agora, nem todos os reencarnes ocorrem desta forma, uma parcela grande das pessoas que chegam no mundo material são indivíduos cujo reencarne se deu de forma desorganizada e desestruturada, muitas vezes em decorrência do desequilíbrio e do baixo merecimento do indivíduo que reencarna, com isso, percebemos que o merecimento das pessoas é fundamental para que nosso retorno ao mundo físico seja planejado.

Na Doutrina Espírita encontramos inúmeros exemplos de reencarnações, dentre elas, destacamos a reencarnação de Segismundo, descrita no livro Missionários da Luz, uma das obras ditadas pelo espírito André Luiz na coleção A vida no mundo espiritual. No livro, o escritor destaca um modelo de reencarnação planejada, onde o merecimento de Segismundo fez com que inúmeros espíritos dotados de grande bagagem espiritual auxiliasse, unindo desafetos, estimulando uniões e contribuindo para que os irmãos em desajuste conseguissem construir uma nova história de vida e de progresso.

Na obra percebemos que Segismundo assassinou Adelino com o intuito de se casar com Raquel, a quem se interessou mesmo sabendo que ela era esposa de Adelino, o crime gerou graves desequilíbrios em todos os envolvidos no caso, a morte do marido levou Raquel ao desequilíbrio e este para as drogas e para a prostituição, levando-a ao suicídio, o mesmo aconteceu que Segismundo que ao ver seus planos dando errado acabou dando cabo para sua vida, retornando ao mundo espiritual em situação abjeta, marcados por grandes desequilíbrios, desajustes e intensa degradação.

Depois de se conscientizar de todos os crimes cometidos nesta encarnação, Segismundo sente seu coração em grave desequilíbrio, suas dores são intensas, a conscientização de todos o seu drama particular o fere intensamente, gerando dores e desgastes intensos, o momento da tomada de consciência do espírito é sempre doloroso e marcada por lágrimas e tristezas generalizadas mas, mesmo sendo algo tão assustador, este momento é fundamental e de grande importância para o espírito, é como se ele estivesse se dando conta de todas as atrocidades cometidas e se preparando para iniciar um novo período em sua existência, um recomeço de sua história.

No mundo espiritual, depois de sua conscientização, Segismundo começa a reconstrução de sua história, inicia uma grande transformação em suas atitudes, se abre frontalmente para o trabalho assistencial, despende suas mais intensas energias com os semelhantes, atende carentes de todas as naturezas, ampara os caídos e os sofredores, pouco descansa, pois sabe que esta oportunidade é fundamental para que se reconcilie com as leis de Deus e, principalmente, com a sua consciência e com o seu íntimo.

Nestas andanças de dedicação e constantes trabalhos e missões, Segismundo passa a ser adorado pelas pessoas, os caídos e degradados veem nele um santo ou um enviado de Deus, todos passam a orar e a pedir auxilio para este espírito, mal sabiam que, por trás deste grande missionário, responsável por grandes auxílios e intensa dedicação, estava um irmão que na encarnação anterior cometeu um dos mais perversos crimes, assassinou um pai de família ambicionando se unir com sua esposa, gerando dores físicas, emocionais, morais e espirituais.

Graças ao merecimento acumulado por anos de dedicação aos amigos sofredores do mundo espiritual, Segismundo acumulou muitos méritos e agradecimentos daqueles que foram por ele auxiliados, diante destes méritos, espíritos de alto escalão moral e, principalmente, espiritual, vieram em seu auxílio e proteção, anunciando que sua próxima encarnação estava se materializando proximamente, onde viria em um lar estruturado e teria como pais, justamente Raquel e Adelino, tendo a oportunidade de se reconciliar com aqueles que, em vidas anteriores, contribuiu decisivamente para seu desequilíbrio e desestruturação.

A missão dos espíritos de luz era convencer o casal a receber Segismundo como seu filho proximamente, para Raquel o aceite foi imediato e mais rápido enquanto Adelino relutava em tê-lo como filho, vendo nele o algoz responsável por seus graves desequilíbrios de vidas anteriores, aceitar como filho aquele que o assassinou em sua vida anterior era uma das maiores dificuldades de Adelino que, embora estivesse chateado com Segismundo era uma pessoa de bem, honesto, trabalhador e dotado de valores nobres.

Depois de várias excursões ao mundo físico e encontro com a família de Raquel e Adelino, os espíritos conseguiram mostrar ao casal de como seria importante para todos os envolvidos um aceite verdadeiro e sem mágoas, tudo isto contribuiria para o crescimento de todos, o reequilíbrio individual e a construção de um forte vínculo entre estes irmãos que, em vidas anteriores, se entregaram a desequilíbrios dos mais perversos possíveis.

O livro nos mostra que, mesmo ao cometermos as maiores atrocidades, se tivermos interesse em se melhorar e se transformar, seremos fortemente auxiliados pelo mundo espiritual, nossos desajustes não serão esquecidos, mas teremos auxílio para recomeçar e reconstruir nossas experiências, assim aconteceu com Segismundo, ao tomar consciência de todas as atrocidades cometidas, ao se deparar com seu lado sombra e perceber a importância do trabalho como forma de reequilíbrio, se entregou intensamente ao próximo, muitas vezes se esquecendo dele mesmo, auxiliou, confortou, amparou e, principalmente, se renovou intimamente para conseguir uma nova experiência no corpo físico, veio a reencarnação e com ela uma nova oportunidade de progresso.

O exemplo acima é de uma reencarnação planejada, Segismundo, Raquel e Adelino, os envolvidos nesta experiência de reencarnação foram arregimentados e estavam conscientes de que estariam próximos na nova encarnação, o envolvimento foi costurado pelos espíritos do bem que trabalham intensamente para a promoção das leis de Deus no mundo material, tudo só foi possível devido ao merecimento de cada um dos envolvidos, sem merecimento é impossível o planejamento dos espíritos da luz.

A reencarnação nos auxilia a compreender a justiça divina, sem ela dificilmente conseguiríamos compreender como funciona os mecanismos de Deus, como compreender que em um mundo tão maravilhoso, rico e abundante, dotado de inúmeros recursos naturais,  tenhamos pessoas passando por privações das mais primárias e severas, pessoas sem alimentos de um lado e fartura e desperdício de outro, como entender a justiça sem colocarmos nesta equação os conceitos de reencarnação.

Muitos não acreditam e não querem acreditar na existência da reencarnação, este é um direito de cada indivíduo, o espiritismo nos mostra que muitas pessoas mesmo estando no mundo espiritual ainda não acreditam na vida pós morte, acham que estão vivos no mundo material, estas pessoas serão atendidas e são amadas, são irmãos e merecem o respeito eterno, um dia conseguirão enxergar as bases que sustentam a vida, um dia perceberão a grandeza dos ensinamentos divinos e se empolgarão com os conceitos que nos foram trazidos pela doutrina dos espíritos, todos nós um dia acordaremos para esta realidade do mundo, pois como nos disse Jesus, nenhuma das ovelhas que me foram confiadas por meu pai, se perderá.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Antes consideradas inviáveis, ideias liberais agora são aceitas, diz presidente do Instituto Mises

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Investidor Helio Beltrão avalia que vitória de Jair Bolsonaro sinaliza uma mudança de rumo no país.

FSP, 31 de dezembro de 2018 – Marco Rodrigo Almeida

Antes consideradas inviáveis no país, as ideias liberais são agora tidas como aceitáveis, diz o investidor Helio Beltrão. “Já é um avanço. Daqui a pouco serão vistas como bastante razoáveis”, comenta ele, aos risos.

Presidente do Instituto Mises Brasil, Beltrão avalia que a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) sinaliza o início de um processo de mudança de rumo no país. Bolsonaro, afirma, foi genial ao identificar, de forma mais acurada que os demais candidatos, o sentimento de revolta da população e o desejo de retorno aos valores conservadores.

Definindo-se como um ultraliberal, Beltrão fundou há 11 anos seu instituto, dedicado à produção e à disseminação de estudos que promovam princípios básicos do liberalismo, como livre sociedade e economia de mercado.

A inspiração teórica veio de Ludwig von Mises (1881-1973), um dos principais economistas do século 20, expoente da Escola Austríaca, conjunto de pensadores que possui como fundamentos o individualismo metodológico, a propriedade privada e o livre mercado.

Antes do Mises, Beltrão participou da fundação do Instituto Millenium, também de perfil liberal, ao lado de, entre outros, Paulo Guedes, futuro ministro da Economia. Também é próximo de nomes que comporão a equipe de Guedes, como Salim Mattar e o colunista da Folha Marcos Troyjo. “Estou muito otimista. Desde que me entendo por gente, é a melhor equipe que o Brasil já teve”, afirma.

Que papel tiveram as ideias liberais na vitória de Bolsonaro? 
Foram um fator importante. Talvez seja exagero dizer que foram preponderantes. Houve também a questão da segurança pública, do saneamento, da saúde. De toda forma, tiveram um papel substancial. Bolsonaro capturou e representou bem a revolta do brasileiro. Ele percebeu melhor que ninguém essa demanda popular. Todo político genial vê antes dos outros.

Bolsonaro foi genial nesse sentido? 
Julgo que ele foi genial ao perceber e unir em sua campanha esses dois pontos: a revolta em relação ao legado de Dilma Rousseff (PT) e o desejo de resgatar os valores conservadores. Ele percebeu que essa demanda vinha muito forte. Embora não seja um liberal de carteirinha ou de estudo, teve uma intuição de que o liberalismo é positivo e abraçou essa causa.

Que Bolsonaro veremos na Presidência: o parlamentar que quase sempre esteve associado a pautas protecionistas e corporativistas ou o candidato que se apresentou como defensor do livre mercado? 
Acho que ele assumirá o papel que apresentou durante a campanha. Será julgado por isso. Antes vinha como um deputado defendendo alguns setores. Uma vez presidente, tenho a impressão de que governará para todos os brasileiros. Não acho que colocará seu peso político para defender um segmento específico em detrimento de outro.

Que avaliação faz da equipe econômica do futuro governo? 
Pessoalmente, estou muito otimista. São pessoas de peso, como Paulo Guedes, com um histórico de execução muito bom. Eles conhecem as ideias corretas. Pelo menos na parte econômica, creio que o novo governo estará na direção correta. Desde que me entendo por gente, será a melhor equipe que o Brasil já teve. Precisamos reduzir a intrusão do governo na sociedade e no mercado.

Acha que grande parte da população também defende uma menor intervenção do Estado?

Um velho ditado diz que o brasileiro odeia os políticos, mas adora o Estado. Esse, inclusive, é o título do livro do Bruno Garschagen, autor dos podcasts do site do Mises [“Pare de Acreditar no Governo: Por que os Brasileiros não Confiam nos Políticos e Amam o Estado”].

O Estado como solução dos problemas está se demonstrando, na verdade, um grande problema. O governo não entrega o que promete. Nossa responsabilidade cidadã é agir diretamente, não esperar o governo. A população está se dando conta disso.

Paulo Guedes defende um programa radical de privatização. O governo não enfrentaria muita resistência para isso?

Acho que essa deve ser a meta, uma privatização radical na medida do possível. O governo não deve gerir nada. Gestão pelo governo não funciona. O papel do Estado, se há algum, não é gerir. O que o governo faz é socializar prejuízos. A empresa dá prejuízo e todos nós pagamos por isso.

Para gerir uma empresa, é preciso ter responsabilidade. E para uma empresa ter responsabilidade, não pode estar na mão do governo, pois não é ele que paga a conta no final.

Mas acha que haveria apoio popular para privatizar Petrobras e Banco do Brasil, por exemplo? Infelizmente, parte da população ainda acredita que é um bom negócio o governo gerir a Petrobras. Isso é um erro de julgamento. De toda forma, nunca houve um momento tão bom para discutir isso no país.

Muitos dizem que a intervenção do Estado é fundamental em países desiguais como o Brasil.
Discordo totalmente. O Estado não cria dinheiro, tira da população. Vai tirar também do pobre. É uma falácia achar que o governo é a solução. Ele é o problema. Isso ocorre por conta da própria estrutura do Estado. Ele não precisa prestar contas de suas atividades.

Eu vejo muito brasileiro pobre com celular, TV, geladeira. Ele só não tem o que o governo promete: saneamento, saúde, educação de qualidade, segurança. Fica condenado a uma vida de desigualdade de oportunidades.

Como resolver esses problemas sociais, por exemplo, sem a participação do Estado? 
Eu acho, por exemplo, que o governo não deveria gerir as escolas. Poderia alocar as crianças da rede municipal que não podem pagar mensalidade em escolas comunitárias geridas por ONGs. As escolas que prestarem um bom serviço receberiam esses alunos e seriam pagas pelo Estado.

Já no caso de um diretor de uma escola pública, quanto pior for o trabalho dele, mais verba receberá do governo. Vão achar que ele precisa de mais verba para melhorar. É o contrário do que ocorre no setor privado.

Parte da população teme que o governo Bolsonaro tenha um tom autoritário e represente um risco para as instituições. O que o senhor acha? 
Não vejo qualquer possibilidade de uma guinada autoritária no governo dele. Uma coisa é retórica de campanha, outra é o governo. O vejo falar sempre em respeito às regras, em seguir a Constituição. Não vejo risco nenhum à democracia.

Risco, sim, haveria na vitória de Fernando Haddad (PT), que falava em controlar a mídia e outras coisas do tipo.

As declarações de Bolsonaro de que não houve ditadura no país não causam apreensão sobre a real adesão dele aos valores democráticos? 
Teria que ver as declarações dele em detalhe. Acho que ele muitas vezes se refere ao que aconteceu em 1964, e menos ao que aconteceu depois. Esses períodos devem ser analisados separadamente.

Em 1964 havia uma confusão dos diabos. O nome mais certo do que ocorreu ali é contragolpe. Havia uma disputa de golpes, e os militares fizeram um golpe antes que a esquerda o fizesse. Mas depois houve uma série de problemas, coisas que qualquer liberal abomina.

Acha que Bolsonaro também abomina? 
Não sei a opinião de Bolsonaro, mas a doutrina liberal é muita clara nesse sentido. Somos contra o autoritarismo, defendemos o devido processo legal. Nunca pode haver tortura, agressão do Estado.

Somos contra esses excessos, contra qualquer arbitrariedade. Mas não vejo nenhum risco de Bolsonaro implementar qualquer coisa nesta direção.

Tive uma discussão recente nas redes sociais sobre essa questão de que uma pessoa portando um fuzil, uma arma de fogo, poderia ser morta pela polícia mesmo que não haja situação de confronto. É a proposta do governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC). Eu sou contra, como qualquer liberal deveria ser contra. Se não há ameaça, passa a ser um assassinato.

Teremos um governo de direita no próximo ano. Mas temos um partido de direita no país? 
Não está muito claro ainda isso. O processo está em curso. Temos o Novo, um partido liberal, que vem crescendo. O PSL fez grande bancada no Congresso Nacional, mas mal começou de verdade. A força dele veio toda de Bolsonaro.

Este é o melhor momento para a propagação das ideias liberais no país? 
Em termos de vontade de fazer, não há dúvida. A segunda variável é a vontade política de isso ser efetivado. Não depende só da equipe econômica.

Em termos sociais, de fato o marxismo cultural venceu, está na mente das pessoas. Mas estamos avançando porque fazemos uma batalha de ideias que nunca houve no país. Olavo de Carvalho e o Instituto Mises foram os primeiros a confrontar o marxismo cultural aqui.

Nossas ideias antes eram consideradas inviáveis. Agora passaram a ser até aceitáveis para a população. Daqui a pouco vão ficar bastante razoáveis [risos]. Fico feliz. São mais de dez anos de batalha. O resultado começa a emergir —e o que vemos é apenas a ponta do iceberg.

O que o pensamento de Ludwig von Mises, homenageado por seu instituto, tem a contribuir para o Brasil?

Estudá-lo é importante para entender o governo, a ação humana. Entender que apenas a livre associação das pessoas funciona. Não há nada mais eficiente do que a livre iniciativa das pessoas em busca de seus ideais de autorrealização. Isso gera prosperidade, emprego, felicidade. Essa é a lição fundamental para o Brasil de hoje.

 

RAIO-X
Helio Beltrão, 51, é graduado em finanças com MBA pela  Universidade de Columbia, em Nova York. É fundador-presidente do Instituto Mises Brasil, voltado aos princípios de  livre mercado e de uma sociedade livre. Seu pai, Hélio Marcos Penna Beltrão, foi ministro do Planejamento (governo Costa e Silva) e da Desburocratização (João Figueiredo)

ESCOLA AUSTRÍACA

O economista Ludwig von Mises, homenageado pelo instituto criado por Helio Beltrão, foi o principal expoente da Escola Austríaca. Confira os fundamentos dessa escola de pensamento econômico:

Individualismo metodológico 
Cada pessoa tem sua ação pessoal, sua mentalidade. Devemos olhar as partes constituintes do todo e a partir delas chegar a conclusões

Propriedade privada
Condição necessária para o pensamento econômico racional

Livre Mercado
O mercado é um processo de descoberta empreendedora e de avanço social

Ordem espontânea
Instituições sociais relevantes muitas vezes resultam de ações humanas, não do planejamento humano. A ordem espontânea é o melhor arranjo para a liberdade, a prosperidade e a coesão social

 

 

Perspectivas para a sociedade Brasileira em 2019

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Depois de um ano de grandes dificuldades econômicas, sociais e políticas, marcados por baixo crescimento econômico, dificuldades políticas generalizadas, piora dos indicadores sociais, eleições conturbadas, desemprego e renda cadentes e violências crescentes, com aumento da instabilidade e das incertezas, além de uma grande dose de desesperança, medo e depressão, os auspícios de um novo ano nos trazem perspectivas positivas, embora moderadas, perigosas e cheias de incertezas.

Depois das eleições presidenciais e da eleição de Jair Bolsonaro, um capitão reformado do Exército para a Presidência da República, todos esperamos que o país possa se voltar para o crescimento econômico e para as questões sociais, neste período de forte recessão, alto desemprego e uma piora considerável da renda e dos salários agregados, grande parte dos ganhos acumulados no começo do século foram perdidos, gerando impactos negativos sobre toda comunidade.

Os desafios para o próximo governo são imensos, o déficit público cresceu de forma acelerada, a situação fiscal se deteriorou e as incertezas quanto a solvência do setor público aumentaram, recuperar as condições fiscais e financeiras do Estado e garantir um incremento das expectativas são medidas fundamentais para que o país se volte para o crescimento econômico.

A sociedade está confiante e cheia de esperanças com o novo governo, legitimado nas urnas com mais de 56% dos votos válidos, o presidente eleito se encontra em uma situação bastante interessante, onde percebemos um conjunto de propostas vagas e confusas sobre variados temas, desde as questões econômicas até as ligadas ao tema da segurança pública, uma das grandes temáticas da campanha presidencial.

Os dias que antecedem a posse do novo governo estão sendo marcados por grandes expectativas positivas por parte da população, o presidente eleito destaca nas redes sociais que em seu governo não serão mais aceitos os velhos conchavos políticos e o modelo descrito como presidencialismo de coalizão, onde os grupos políticos vendiam apoio aos interesses do governo e apoiavam medidas através de acertos de cargos e benesses generalizadas, uma prática antiga e consolidada na política brasileira. Se o novo governo conseguir um apoio consistente no campo do legislativo e, com isso, conseguir aprovar medidas importantes para a sociedade, sem o uso destas práticas nefastas e negativas, grandes avanços institucionais serão inaugurados para o país.

Se o governo conseguir aprovar as medidas econômicas liberalizantes nos primeiros meses do governo, principalmente a Reforma da Previdência, a tendência é de um forte crescimento econômico nos anos posteriores, para a comunidade financeira internacional o ajuste das contas da previdência nos abrirá novas oportunidades de crescimento econômico, com atração de novos investimentos e, com isso, geração futura de novos empregos, novas tecnologias  e melhorias substanciais na renda da população, garantindo ao país a entrada em um novo ciclo de crescimento econômico, mais consistente e de melhorias sociais intensas e necessárias. Agora, se não conseguirmos a aprovação destas medidas, provavelmente permaneceremos na lanterna dos investimentos e da atração de recursos internacionais com piora nos, já negativos, indicadores sociais.  Diante disso, as medidas não são mais propostas de governo, mas propostas e políticas de Estado, a não aprovação nos condenará a uma insignificante condição de subalternidade e irrelevância na comunidade internacional.

No campo econômico percebemos um discurso que nos agrada, pelos diagnósticos dos integrantes do  novo governo, as propostas são liberalizantes, privatização, desburocratização abertura econômica e redução do papel do Estado são medidas urgentes e necessárias, pesquisas recentes destacam que existem mais de quatrocentos empresas estatais, desde empresas do governo federal, quanto empresas dos governos estaduais e dos municípios, onde o Estado é proprietário direto ou indireto de inúmeras empresas, o mais assustador disso tudo é que empregamos mais de 12,5 milhões de funcionários públicos, um contingente elevado e dispendioso para os cofres públicos com resultados bastante contestados para sociedade e pelo contribuinte de uma forma geral.

Reduzir o papel do Estado é condição fundamental para reencontrarmos o caminho para o crescimento econômico, neste ambiente externo de maior concorrência e competitividade, cabe ao Estado um papel mais ativo na construção de vantagens competitivas, com investimentos maiores na capacitação e na qualificação da população, além de contribuir com investimentos em pesquisa, ciência e tecnologia, estes são os insumos da economia do século XXI, a economia da Quarta Revolução Industrial ou a Economia do Conhecimento.

Adotar medidas de desburocratização são centrais, em uma sociedade onde os contribuintes pagam mais de 34% do produto interno bruto de carga tributária, uma reforma tributária se faz necessária e urgente, aumentar o contingente de brasileiros que pagam seus impostos, simplificar os tributos, reduzir alíquotas, diminuir as isenções, tributar os ganhos financeiros e investir fortemente na redução da sonegação, podem auxiliar o país em duas frentes fundamentais: de um lado aumentar a arrecadação de impostos e de outro dar um caráter mais equilibrado para o sistema tributário, reduzindo os tributos do consumo e tributando mais a renda da população, com isso, aqueles que ganham mais devem pagar mais enquanto os que ganham menos devem recolher menos tributos.

Todas estas medidas liberalizantes são importantes e urgentes, o mundo globalizado prescinde de uma sociedade mais ágil e flexível, o Estado precisa acompanhar estas modificações, se modernizar e se capacitar para as mudanças da sociedade global, no caso brasileiro percebemos um Estado muito grande para a resolução dos pequenos problemas e muito pequeno para a resolução dos grandes problemas, neste cenário percebemos um Estado obeso, lento e dominado por interesses corporativos.

Outro ponto importante, os integrantes do novo governo estão destacando a necessidade de rever antigos benefícios de grupos organizados da sociedade, onde destacamos os funcionários públicos, na sua grande maioria federais, cujos recebimentos são elevados e muito dos benefícios acumulados são isentos de tributação, garantindo vantagens excessivas, cabe ao novo governo uma revisão generalizada dos recursos humanos do Estado, garantindo condições estruturais para que os agentes públicos possam cumprir com suas responsabilidades perante a sociedade, da forma atual, percebemos que, grande parte dos recursos públicos estão comprometidos antecipadamente, impossibilitando o remanejamento para outras áreas e setores, desta forma os gestores públicos acabam atuando como administradores de uma grande massa falida.

Devemos destacar as questões referentes ao Sistema S, cujos benefícios custam valores próximos de R$ 16 bilhões e são financiados pela sociedade, estes recursos são utilizados para a construção e manutenção de inúmeras empresas que prestam serviços importantes para a sociedade, mas são dispendiosos e pouco transparentes, desde Sesi, Senai, Sesc, Senac… são financiados por estes recursos, faz-se fundamental que este montante seja fiscalizado e auditado por agentes governamentais, além disso, faz-se fundamental que estas empresas atuem com transparência e exerçam seu papel social de forma límpida e eficiente, garantindo ao cidadão serviços de qualidade e a preços condizentes.

Outro ponto importante que deve ser destacados, muitos setores conseguiram isenções fiscais e tributárias que não se sustentam, segundo dados da Receita Federal, os entes federativos concedem mais de R$ 400 bilhões de isenções, muitas delas sem critérios econômicos e são garantidas por interesses políticos e eleitoreiros, estas isenções devem ser repensadas e inseridas em uma estratégia política baseada em critérios de desempenho e eficiência, cujos custos devem ser transparentes e abertos a toda comunidade.

A medida mais importante no campo econômico, sem sombra de dúvidas é a Reforma da Previdência, desde 1991, os gastos com aposentadoria crescem de forma acelerada, obrigando os Estados, municípios e o governo federal a manobras fiscais como forma de cumprir com seus compromissos previdenciários, estas manobras e instrumentos financeiros chegaram ao fim, a recessão dos últimos anos com impactos generalizados no mundo do trabalho, o incremento do desemprego e da informalidade reduziram os repasses para a Previdência Social, obrigando os entes federativos a retirar recursos de outras áreas para cumprir com os pagamentos das aposentadorias, diante do exposto acima, percebemos que a Previdência é, na atualidade, o mais importante gargalo econômico mundial, não apenas brasileiro, muitos países fizeram reforma no seu setor de previdência neste ano, alguns deles por não fazer a reforma e postergar os ajustes, as mudanças tiveram que ser feitas de forma mais emergencial, com significativa redução nos pagamentos de aposentados, alguns aposentados tiveram seus rendimentos reduzidos em mais de 50%, vide o caso da Grécia.

Negociar com os entes federativos a reforma previdenciária é fundamental, o problema não se restringe apenas ao governo federal, mas é um problema dos governos estaduais e municipais, a união de todos os representantes eleitos e a divisão de responsabilidade em prol desta reforma é crucial, os ganhos não serão imediatos mas trará benefícios para todos no médio e no longo prazo, postergar a reforma não é um bom negócio, como no caso grego.

Na segurança pública o presidente eleito foi bastante ousado, a nomeação do ex-juiz federal Sérgio Moro como Ministro da Justiça e da Segurança Pública trouxe ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, um rubrica de credibilidade e firmeza no combate a corrupção, depois de uma campanha marcada por poucos debates, percebemos que nesta área serão muitos os desafios, desde o combate a corrupção e da evasão de recursos, até as reformas dos órgãos de repressão e prevenção da criminalidade, onde destacamos o combate aos milicianos, as facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), e da criminalidade rasteira, cujos impactos no cotidiano dos cidadãos são cada vez maiores e geram constrangimentos generalizados para todos.

Com a crise econômica, percebemos um incremento na violência urbana, somente em 2017 foram assassinados mais de 63 mil pessoas, o sucateamento das polícias e dos presídios exigem respostas rápidas e eficientes do governo federal, o aumento da violência contra as mulheres e o crescimento do crime organizado exigem medidas que perpassam os entes de repressão, exigem uma forte estruturação de setores, como o Ministério Público, a Polícia Federal, a Receita Federal, o COAF, as polícias estaduais (Civil e Militar), dentre outros agentes cuja atuação são imprescindíveis para que a segurança, tão apregoada em períodos eleitorais, seja realmente uma prioridade dos governos.

Numa sociedade que está, literalmente, cansada dos avanços da criminalidade, se o novo governo conseguir sucesso nesta agenda, grandes benefícios trará para a população e para o governo, mas para que este sucesso seja efetivo, é fundamental que o novo governo invista efetivamente em novas tecnologias, o foco na repressão será insuficiente para melhorar a segurança pública, investimentos em treinamento, em tecnologias modernas, em inteligência e em lavagem de dinheiro são os caminhos mais consistentes para garantir melhorias em um setor que sempre se mostrou frágil e cercado de interesses políticos e medidas eleitorais.

No campo externo, percebemos uma maior proximidade com os Estados Unidos, este alinhamento excessivo com o presidente Donald Trump pode nos trazer variados problemas num futuro muito próximo, embora saibamos da importância do comércio com os norte-americanos, faz-se fundamental construirmos um ambiente multilateral de cooperação e comércio com as várias regiões do globo, deixando de lado conflitos com outras nações e nos integrando mais ao comércio internacional, diversificando nossa pauta de comércio e abrindo nossa economia para nos tornarmos uma nação mais aberta e competitiva, sem isso, nos afastaremos dos grandes eixos da economia internacional.

A nossa relação com a China deve ser calcada no fortalecimento dos laços comerciais e estratégicos, o país asiático é, na atualidade, a segunda maior economia do mundo e o maior exportador, nossos laços comerciais vem crescendo de forma acelerada desde o início do século e deve ser consolidado, o conflito entre China e Estados Unidos deve ser visto como uma oportunidade de novos negócios e empreendimentos, para isso, devemos cultivar com os dois gigantes comerciais uma excelente relação de cooperação e de comércio, garantindo ao país um mercado diversificado e consolidado para nossos produtos, principalmente os ligados ao agronegócio.

Nos preocupa as falas excessivas de alinhamento automático com o governo norte-americano e, principalmente com seu presidente, Donald Trump, a escolha do novo chanceler, Ernesto Araújo, um aficionado do presidente norte-americano, as críticas constantes aos governos de Cuba e da Venezuela e, muitas vezes, da China, tudo isto pode nos trazer consequências negativas num futuro próximo. Outra questão que deve ser revista e repensada é a retirada do Brasil dos acordos referentes ao clima e às propostas multilateral de regulamentação de imigração, além disso, destacamos como perigosa a alteração da embaixada do Brasil em Israel para a cidade de Jerusalém, o que pode criar graves constrangimentos com a comunidade palestina, responsável por parte considerável de nossas vendas externas.

Quando analisamos outras áreas e setores da sociedade brasileira, percebemos um vazio de propostas consideráveis, setores como saúde e educação, devem ser vistos como setores estratégicos e suas propostas ainda não foram colocadas pelo novo governo, encontramos apenas críticas a propostas anteriores e uma discussão muito ideologizada, principalmente com relação aos médicos cubanos, ou quando percebemos as referências aos projetos de Escola Sem Partido ou a crítica a ideologia de gênero, medidas que nos parecem muito mais cosméticas e feitas muito mais para agradar seu próprio público do que medidas consistentes de um programa de governo estruturado para um país marcado por dramas imediatos, crises constantes e que prescinde de pessoas competentes e projetos sólidos e consistentes afinal, depois de um período de forte recessão e piora dos indicadores sociais, ninguém mais aguenta uma nova experiência marcada por incompetência, arrogância e retrocessos.

Acredito que, diante do exposto acima, a melhor forma de encarar o Brasil em 2019 é com um otimismo moderado, acreditamos no poder da democracia e não a vemos em perigo ou próxima de retrocessos como nos diz os partidos e os intelectuais de esquerda, mas não posso deixar de dizer que o ambiente para o ano vindouro ainda é pouco visível e marcado, ainda, por muitas dúvidas e incertezas, queremos acreditar na mudança e sonhamos com ela,  mas quando olhamos para as forças contrárias a muitas destas medidas revolucionárias, somos inundamos por preocupações e medos, isto para não dizer por uma forte desesperança, reduzir o tamanho do Estado é algo fundamental, reduzir a burocracia e os encargos que carregamos com dificuldades no cotidiano nos auxiliaria em novos projetos de vida e de sobrevivência, quem sabe tiramos dos escaninhos da mente aquela ideia de empreendedorismo que tanto nos encanta.

Os novos rumos da sociedade brasileira vão depender de cada um de nós, ficar esperando dos governos medidas consistentes, serenas, estratégicas e que nos tragam ganhos imediatos é algo muito parecido com a ideia de acreditar em papai Noel, cujos presentes nos são trazidos no período de Natal, somos crescidinhos para acreditar nestes sonhos mas, devemos agir da melhor maneira possível para que, se cada um fizer a sua parte, o resultado será algo grandioso e positivo para toda a sociedade, que comecemos esta nova jornada acreditando que a verdadeira mudança está dentro de cada um de nós, que sejamos o agente da mudança que queremos do mundo.

A recuperação da economia já começou, depois de três anos de recessão e baixo crescimento, as perspectivas para o ano de 2019 são positivas, se as mudanças econômicas forem implementadas os resultados podem surpreender e um novo ciclo de crescimento pode ser inaugurado, os desafios são grandes, privatizar é algo positivo e deve ser estimulado, os grupos contrários que, até aqui, conseguiram inviabilizar as privatizações, devem se unir e podem ter sucesso, o que inviabilizaria os esforços do governo para a modernização da economia. Outro ponto que deve ser visto com precaução, a força de um novo governo foi legitimada pelas urnas e este poder deve ser utilizado rapidamente, todos somos a favor de medidas que endurecem contra os corruptos e os delinquentes que inviabilizam e inviabilizaram o país a muitos anos, para não dizer décadas, mas quando as mudanças envolverem esforços pessoais e intransferíveis, a conversa pode ser diferente, muitos que apoiam as medidas anticorrupção podem não apoiar as medidas de Reforma da Previdência, cabe ao governo a flexibilidade de negociar com a classe política e com a população, de uma forma geral, não utilizando-se da força e da repressão, mas do diálogo e do convencimento sinceros, só assim este governo terá o êxito necessário para inaugurar momentos mais saudáveis para a economia e para a sociedade.

As promessas foram muitas, as críticas aos governos anteriores foram frequentes, a péssima situação econômica, o desemprego elevado e um forte descontentamento com a classe política contribuíram para a ascensão do novo governo, as promessas podem ser cumpridas, as expectativas positivas podem ser alcançadas, a grande pergunta é se a sociedade, que depositou tanta confiança neste grupo político, terá condições de esperar que as melhoras se tornem efetivas e que as condições de vida da população inicie um circulo de melhorias e de bem-estar, se esta paciência existir as chances de sucesso e de esperança serão renovadas e aumentadas, garantindo apoio e representatividade social.

Os desafios para o país neste momento histórico são hercúleos, embora acredite que o presidente eleito não esteja a altura da missão que as urnas lhe concederam, acredito também  e quero acreditar, que este governo possa nos surpreender positivamente, afinal, depois de sobrevivermos a uma longa recessão, onde a economia regrediu mais de 9%, precisamos mostrar para nós mesmos e para a comunidade internacional, que o Cristo Redentor pode, novamente, decolar para a construção de um novo país, centrado no progresso econômico e na justiça social, onde todos estejamos orgulhosos e em condições de nos definirmos como brasileiros.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Reencarnação e inimigos desencarnados: uma visão espírita

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A reencarnação é um dos mais importantes passaportes para a compreensão da existência e da justiça de Deus, sem conhecer, estudar e compreender a amplitude do conceito da reencarnação, o homem vai continuar batendo cabeça e acreditando existir seres inocentes nos momentos de dificuldades e de desesperanças, momentos estes cada vez maiores na vida de todas as pessoas, períodos de medos e desesperanças que as aflições nos maltratam intimamente e nos levam, muitas vezes, a atitudes equivocadas cujos transtornos nos perseguem por muitos anos.

O conceito de reencarnação não foi trazido para a sociedade internacional pelo Espiritismo, muito antes da doutrina codificada por Allan Kardec, no século XIX, outras doutrinas orientais já destacavam as existências sucessivas, onde os indivíduos viviam várias vidas, o Espiritismo trouxe uma roupagem mais rebuscada, mostrou que o mundo se subdivide, vivemos na matéria mas somos na realidade espíritos, a verdadeira pátria da vida acontece no mundo espiritual, na matéria estagiamos em busca de uma perfeição relativa, somos espíritos milenares e alternamos o mundo físico e, posteriormente, o imaterial, buscando um progresso que nos auxiliará na melhoria de nossos sentimentos e de nossas atitudes.

A doutrina dos espíritos descortinou um mundo novo para a sociedade mundial, com ela, todos passamos a compreender que a vida não se encerra no túmulo, este último pode ser descrito como o suspiro final do espírito em uma vida material mas, a vida do espírito, a vida imaterial pode estar apenas começando, com isso, transformar a nossa existência na carne no momento único de nossas existências pode nos trazer amargas experiências e nos condenar a dores acerbas, quantos irmãos acordam no mundo dos espíritos e se sentem órfãos de compreensão espiritual, eram religiosos, estudavam doutrinas estanques, acreditavam que ao morrer esperariam pelo final dos tempos e o juízo final, aí sim seriam admitidos nas fileiras do Cristo, afinal eram pessoas boas, honradas e caridosas, ledo engano, a vida é muito mais complexa e dinâmica do que estas religiões ensinam, no mundo o sono é um momento importante de refazimento para trabalhar mais e sempre mais, visando sempre o crescimento e o aperfeiçoamento do espírito.

Quantas pessoas acreditam, a vida física inteira, que a morte é o fim da existência humana, diante desta tese, passa a agir como se o momento atual é o derradeiro e transformam suas vidas em uma busca constante por prazer, sexo, gozos, hedonismo e experiências transcendentais e quando caem em si, choram como crianças que perderam o brinquedo, quantos espíritos se manifestam em reuniões mediúnicas chorando e decepcionados com tudo que aprenderam, lágrimas e lamentos escorrem de seus rostos em desespero pela descoberta de que, a realidade da vida que os apresentaram, estava equivocada.

Muitas pessoas passam a vida toda buscando saber o que foram em existências anteriores, gastam fortunas com médiuns e consultas em espaços pouco respeitosos para saberem quem foram em outras vidas, muitos ficam felizes e cheios de orgulho quando descobrem que, na vida passada, foram reis ou rainhas, dotados de grande poder e riquezas imensuráveis, tudo isso é uma grande ilusão afinal, a grande maioria foi, em existências pregressas, camponeses e servos honrados e respeitados, mas estes não possuem o glamour e o brilho dos indivíduos de sangue azul mas, na maioria das vezes, são mais iluminados do que os membros da realeza. Para sabermos o que fomos em vidas anteriores, o melhor é olhar para dentro de nós mesmos e auscultar nossas tendências, quando percebemos neste ato sentimentos bons e fraternos conseguimos compreender que, em outras existências, fomos seres humanos bons e promissores agora, se ao olharmos para dentro de nossos sentimentos encontrarmos mágoas, rancores e ressentimentos, é hora de buscarmos auxílio para que nesta nova existência consigamos crescer e nos fortalecer como seres humanos, nos livrando destes sentimentos menores que tanto nos incomodam e nos levam a uma estagnação em nossas existências.

A morte não é o fim como muitos acreditam, muitos se deparam com perseguidores ou inimigos espirituais durante toda vida, são pessoas que se julgam inocentes, pessoas que agora são boas de coração e dotadas de sentimentos nobres que, por um motivo desconhecido, estão passando por obsessão e perseguição espiritual, diante disso, nos momentos de dores e desesperanças, buscam ajuda espiritual e se apresentam como seres que passam por perseguições de espíritos malignos, acreditam que seus perseguidores são espíritos inferiores e cruéis, quanto engano cometem pensando desta forma, como Deus admitiria que fossemos perseguidos e mal tratados por espíritos inferiores se nada tivéssemos feito para este irmão espiritual? Onde estaria a justiça divina em permitir esta perseguição? Se existem irmãos desencarnados que nos perseguem é porque, em algum momento de nossas existências cometemos erros ou equívocos contra estes irmãos, como não nos perdoaram estão a nos perseguir, para que não soframos tanto é imprescindível que entendamos que não existem inocentes.

A Doutrina nos mostra, que todos os débitos que possuímos com nossos semelhantes é fundamental que reparemos em vida, muitos se dizem vítimas de conchavos e se refugiam nos rancores e nos ressentimentos e mais, acreditam que agem corretamente e não querem nem ouvir falar no companheiro que julga ser seu algoz. Muitos esquecem que se não nos reajustarmos com nosso semelhante enquanto estamos encarnados e vivendo ao seu lado, em um outro momento seremos escalados para este reajuste e este, nem sempre ocorre de forma amistosa, muitos irmãos que carregam rancores e ressentimentos são escalados a reencarnar ao lado de nosso algoz de vidas anteriores, muito de nós nascemos em lares onde o irmão ou um parente próximo fez parte de nossas desditas em momentos anteriores, diante desta situação, faz-se necessário recolher nossos orgulhos e nos entregarmos a um reequilíbrio espiritual nesta vida, não devemos ser chamados para a prestação de contas mas sim nos anteciparmos com os corações conscientes e serenos.

Destacamos ainda, que ninguém consegue crescer espiritualmente carregando mágoas, rancores ou ressentimentos no coração, a melhoria do espírito prescinde perdoar os erros cometidos e uma reconciliação com todos aqueles que nos causaram constrangimentos, muitas vezes esquecemos quando ofendemos alguém, muitas vezes agimos de forma equivocada com nossos semelhantes e não nos importamos com palavras ou atitudes agressivas ou exageradas mas, aqueles que foram ofendidos ou se sentiram maltratados não se esquecem, muitos deles podem acumular mágoas que se não forem bem tratadas podem se transformar em ressentimentos futuros, é importante para alcançarmos nosso progresso que deixemos de lado estas picuinhas e nos melhoremos como seres humanos, somente neste momento nos sentiremos melhores e mais preparados para as benesses da vida.

Outros descobrem a existência de inimigos desencarnados e atribuem a estes os males que assolam as suas vidas, suas dificuldades e desequilíbrios são fruto de ressentimentos de irmãos que, em vidas anteriores, acumularam dissabores e voltam, neste momento, para cobrar a fatura, esta situação existe e pode ser descrita como algo natural, existem muitos espíritos que nos são trazidos nas sessões mediúnicas que se dizem perseguidores de irmãos encarnados, contam suas histórias e relatam que só terão paz e tranquilidade, quando conseguirem se vingar daqueles que os prejudicaram em momentos anteriores, sua descrição é tão sincera e seus argumentos são tão fortes, que passamos a acreditar que se trata de um irmão vítima de uma situação desconfortável, gerando solidariedade e empatia. O grande equívoco desta análise é que, muitos perseguidores espirituais se aproveitam de sua situação de invisibilidade para maltratar e levar irmãos encarnados ao desajuste ou ao desequilíbrio, estas atitudes os levam a momentos de prazer, mal sabem eles é que, num outro momento quem estará encarnado será ele mesmo e seu algoz estará no mundo espiritual, a situação se inverterá e agora o perseguido será o perseguidor atual. Somente o perdão e a solidariedade conseguirão acabar com este circulo vicioso entre estes espíritos e contribuir para a construção de um verdadeiro e natural circulo virtuoso, onde os equívocos serão superados e os laços de ódios, rancores e ressentimentos serão substituídos por laços de amor e de solidariedade.

A existência de inimigos desencarnados é uma constante na vida da grande maioria dos seres encarnados, todos nós em algum momento de nossa caminhada já nos indispomos com algum amigo ou conhecido, muitos nos perdoaram enquanto outros nunca o fizeram, deixaram que as mágoas fossem cultivadas e os ressentimentos foram transformados em ódios, estes irmãos precisam de ajuda, precisam de oração e de compreensão, são irmãos nossos que necessitam de nosso apoio e de nosso auxílio, é claro que quando percebemos a presença de entidades que querem o nosso mal, nosso comportamento é agredir ou maltratar este irmão, este sentimento instantâneo que nos invade não é o nosso melhor conselheiro e deve ser, rapidamente, substituído por outro, mais humano e fraterno, onde devemos compreender, que este espírito precisa de nossa ajuda, neste momento devemos orar e lutar para que as energias que enviamos a este amigo sejam energias de paz e de solidariedade, sempre visando o bem, a libertação e o crescimento desta entidade, a melhora de nosso “inimigo” é, na verdade, uma melhora nossa como ser humano.

Ao analisar a situação de uma forma mais fria e pormenorizada, percebemos que este irmão, em vidas anteriores, prejudicou e gerou graves constrangimentos ao irmão ora encarnado, esta situação não nos é contada pelo atual algoz mas está presença em seu perispírito e ao analisarmos conseguimos perceber claramente que ambas se atraem mutuamente, ambos vivem uma obsessão conjunta, ambos mantem fortes vínculos emocionais e espirituais entre si, com isso, a atração os aproxima e ao mesmo tempo os repele, uma situação mais comum do que imaginamos e está presente na vida de muitas irmãos encarnados e desencarnados, desfazer estes laços de ressentimentos e transformá-los em laços de amor e de solidariedade nos auxilia claramente em nosso progresso e crescimento espiritual e moral.

A Doutrina Espírita nos mostra a importância da oração, muitos acreditam que não existe a necessidade de orar e advogam que, se Deus sabe de nossas dificuldades, qual a necessidade de orar e solicitar amparo e proteção? A oração nos liga a Deus e aos amigos espirituais, acalentam nossos corações e nos fortalecem para os embates da existência, orar é uma forma clara de admitir que somos necessitados do auxílio divino e um instrumento de equilíbrio, ainda mais quando nos encontramos em uma sociedade marcada por tantos desequilíbrios físicos e morais, além de desajustes, psicológicos e espirituais.

O espiritismo nos leva a refletir sobre estes irmãos que se tornaram inimigos desencarnados, muitos de nós repelimos estes irmãos e os queremos longe e bem distantes, mas sabemos que, durante muitos anos de nossa existência, nós fomos os inimigos desencarnados de outros irmãos, fomos nós que, em momentos anteriores, deixamos nos inundar de mágoas, ódios e ressentimentos e fomos cegamente buscar satisfazer nossos sentimentos mais inferiores e mesquinhos, fomos nós os perseguidores que buscamos a vingança e a maldade daqueles que julgávamos nossos algozes, hoje sabemos quanto estávamos errados e o quanto Deus foi misericordioso conosco, erramos e hoje estamos construindo a nossa redenção.

Os inimigos desencarnados podem nos gerar graves constrangimentos, como vivem em esferas espirituais diferentes, podem nos induzir a atitudes constrangedoras e equivocadas, inúmeras pessoas cometem os maiores desatinos quando se encontram em momentos de influência espiritual mas, é importante destacar, que toda esta influência só é possível e permitida, quando deixamos brechas em nossos comportamentos, quando deixamos de nos manter equilibrados espiritualmente, quando nos distanciamos de Deus e dos compromissos morais mais saudáveis e quando nos deixamos ser levado pelos prazeres hedonistas irresponsáveis, somente assim abriremos espaços em nossas vidas para a influência negativa que cultivamos.

A Doutrina Espírita nos mostra que somos seres em constante evolução, o trabalho reto, marcado pelo equilíbrio e pelos sentimentos morais mais sólidos nos auxilia no crescimento e no progresso espiritual, este nos fortalece e nos protege de irmãos que, momentaneamente, se comprazem no mal e nos sentimentos de inveja, rancores e ressentimentos. O melhor antídoto para nos livrarmos destes irmãos indesejados é construir em volta de cada um de nós uma fortaleza de equilíbrio e trabalho no bem, frequentar um trabalho espiritual, ler livros edificantes que nos auxiliam na compreensão das dificuldades da vida, auxiliar nossos irmão necessitados, dispender um tempo para ouvir as dores de outros seres humanos e cultivar o hábito da oração, estas são algumas das receitas que nos levam a afastar irmãos sofredores mas, ao mesmo tempo um instrumento de elevação que nos levará a compreender, que estes irmãos são, na verdade, instrumentos que Deus nos envia para que possamos nos melhorar e nos construir espiritualmente.

A vida física é tão rápida e passageira que, na maioria das vezes imploramos o retorno a este mundo material, estar aqui é algo complexo e difícil, nos deparamos com nossas imperfeições é sempre penoso e dolorido, a vergonha é uma companheira constante e as cobranças nos perseguem cotidianamente, estar aqui é nos abrir para uma nova oportunidade de soerguimento espiritual, reconstruir nossas famílias e construir vínculos sólidos de amor e de solidariedade, é sempre fundamental deixar para trás todos os desajustes e desequilíbrios que fizemos e ainda fazemos em nossas existências enquanto espíritos, somos seres imperfeitos e buscamos a perfeição, a oração e o trabalho no bem nos ajudam em nossa trajetória mas, a verdadeira transformação começa na alma e se espalha para todo corpo físico afinal, somos Deuses e como tais podemos muito mais do que imaginamos, basta ter fé e se entregar aos desígnios do verdadeiro amor e da verdadeira caridade, a Doutrina Espírita pode nos auxiliar nesta transformação, desde que estejamos preparados para encarar de frente nossas limitações, desde que estejamos dispostos a nos perdoar de nossos erros e equívocos, desde que nós abracemos a Deus e nos comportemos como bons cristãos, a religião espírita pode nos auxiliar nesta caminhada mas somente nós, seres humanos, poderemos dar os primeiros passos desta transformação.